Tamirez | @resenhandosonhos 06/09/2018O Diário de Anne FrankQuando eu era bem nova lembro de este livro ter caído nas minhas mãos e eu não ter dado muita bola. A ideia de um diário, na época, não parecia atrativa pra mim, porém, esse período da história me fascina bastante, por mais que isso possa soar errado, e em função disso, resolvi ler uma série de livros dentro desse contexto histórico, e um deles é O Diário de Anne Frank.
Talvez o que tenha mais me chamado atenção ao longo da leitura desse livro foram todos os conflitos que ele me gerou. Vou explicar em breve.
O livro é bem como o nome disse, um diário. Anne foi uma menina que viveu na época da Segunda Guerra Mundial, e sendo de uma família de judeus teve que enfrentar todos os terrores da época. Ela ganhou um diário quando fez 13 anos e passou a escrever nele tudo de importante que lhe aconteceu, desde a vida que vivia na Holanda, indo a escola e com os amigos, ao momento de que tiveram que se esconder por dois anos inteiros na parte de trás de um prédio, o chamado “Anexo Secreto”, dividindo-o com outras pessoas.
Anne e sua família, o pai, a mãe e a irmã mais velha, são obrigados a se esconder, antes que os militares os prendam. No seu esconderijo também recebem a família van Daan, e o senhor Dussel, um dentista. Os conflitos entre eles, assim como os poucos momentos de alegria são todos retratados no diário do ponto de vista dela, bem como todas as descobertas que ela faz sobre seus sentimentos pela mãe e o pai, Peter, filho dos van Daan, e seu corpo e desejos, que aos poucos começam a florescer.
O relato começa bastante infantil, pois ela tem apenas 13 anos, porém, quando eles são obrigados a se esconder, ela reage de forma muito madura, encarando o “cativeiro” como uma aventura. Para mim, o mais conflitante e surpreendente do livro é que ela encara coisas adultas com muita maturidade, mas também tem momentos de infantilidade, principalmente com relação a mãe. Basicamente, conforme ela vai contando o que acontece, em situações mais sérias esperamos que ela aja de forma mais infantil, porém, ela age como se fosse mais velha. Em contra partida, nas situações de discussões sobre coisas bobas, como comportamento, por exemplo, ela age como uma criança, tendo crises de choro e brigas sérias com a mãe.
Ela é muito sonhadora, e sempre pensa em como quer que seu futuro seja, após o fim da guerra, quase nunca demonstra que tem medo de que sejam capturados ou que morram em algum bombardeio. A descrição da vivência dentro do Anexo é bem detalhada e não parece nem de longe com a calamidade que ouvimos em outros relatos de judeus escondidos. Com excessão da comida, que as vezes é bastante escassa, eles tem acesso a água, higiene, energia elétrica e lugares individuais para dormir.
Eles gastam seu tempo, durante quase dois anos, com leituras, estudos de outras línguas e matérias escolares, e cursos por correspondência. Anne tem como robe montar árvores genealógicas de personalidades famosas e gosta bastante de mitologia. Ela também escreve contos infantis e sonha algum dia poder vê-los publicados.
Dentro do Anexo ela arranha um romance com Peter e retrata bem a confusão adolescente. Anna não descansa até vê-lo dependente e apaixonado por ela, e até ai ela também conta que tem sentimentos por ele e que quer se sentir segura e amada, porém quando isso finalmente acontece e os dois se aproximam o suficiente para até trocarem beijos ingênuos, seus sentimentos recuam e ela já não o considera mais como opção.
Os atos de guerra e o que está acontecendo do lado de fora são contados em momentos isolados, somente quando algo realmente significativo acontece, então não temos uma visão completa sobre os eventos militares que acorreram simultaneamente.
Quando enfim a guerra parece estar chegando ao fim, o Anexo Secreto é denunciado e eles são presos. As pessoas do Anexo ficaram presos até setembro de 1944, quando foram deportados para o campo de concentração de Auschwitz. Anne tinha 15 anos na época. Ela era alemã, mas viveu a maior parte da vida em Amsterdã, e morreu de tifo em um campo de concentração em março de 1945.
Seu pai, Otto Frank, foi o único sobrevivente da família e quando pode regressar a Amsterdã teve acesso aos diários da filha. Em 1947, após muitos esforços, a primeira edição do Diário de Anne Frank foi publicado na Holanda, e somente em 1950 na Alemanha. De lá até hoje o mesmo passou por muitas edições, tendo trechos adicionados e removidos, de acordo com a revisão.O pai de Anne morreu aos 91 anos, em 1980, na Suíça.
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