Edmar Lima (@literalgia) 26/03/2021
O Diário de Anne Frank
Acho que não preciso fazer uma sinopse desse livro, pois todos já o conhecem ou pelo menos ouviram o nome em algum momento. Então, vamos direto para as impressões. Desde que era adolescente, eu evitava ler o diário da Anne Frank, pois sabia que era uma história triste e que não me faria bem, não gosto nem de pensar no terror que foi a Segunda Guerra. Mas por causa de uma disciplina da faculdade, me vi obrigado a ler a adaptação em HQ da obra fonte. E me surpreendi bastante com a leitura!
Eu li com rapidez e me vi estava envolvido com todos os personagens. Cada um deles tem uma personalidade forte e são essenciais para compor a história. Anne Frank, é claro, é a que mais me chama a atenção. Não consigo imaginar que a pessoa que escreveu aquele relato era uma adolescente. Anne mostra uma maturidade e uma sensibilidade tão grande para falar sobre a Guerra e suas consequências que tenho quase certeza que eu mesmo não conseguiria com a idade que ela tinha quando os eventos aconteceram. Anne Frank era muito inteligente e boa observadora. Ela descreve os cenários, as personagens, as ações com tanta maestria que nos carrega imediatamente para aquele lugar. E com o auxílio das imagens, por se tratar de uma HQ, fica ainda mais fácil nos deixar levar pela imaginação.
A HQ é bem bonita. Os desenhos são bem fiéis aos personagens e além disso, o ilustrador consegui captar detalhes e nuances na narrativa de Anne que talvez não conseguíssemos numa leitura rápida. Há muitas citações visuais na HQ, o que completa o sentido da história e essas citações não são escolhidas aleatoriamente, elas condizem com a história e a enriquecem! Temos estátuas, livros, pinturas conhecidas, entre outros.
Como eu disse anteriormente, tinha certo receio em ler a obra por causa dos sentimentos que iria me despertar. E realmente não me senti muito bem após a leitura. Quem conhece a história de Anne Frank sabe que ela tinha o desejo de se tornar escritora e pensava muito no pós guerra. Ler sobre isso me deixou triste, embora ela tenha conseguido lançar uma obra que marcou o mundo e as pessoas e que é trabalhada em todos os ambientes, da escola à faculdade. Fico imaginando o que ela teria feito se tivesse sobrevivido, aonde teria chegado, pois se com 14 anos ela conseguia escrever desse jeito, imagina após completar os estudos e poder se dedicar ao que gostava? Além disso, essa obra trouxe novos fatos sobre Anne, até mesmo sobre as descobertas da sexualidade e de seu corpo e isso foi incrível. Pelo que li, os editores preferiam esconder essa parte nas outras edições do Diário, mas nessa HQ ela é exibida com muita sensibilidade e muitas metáforas! Muito bonito! Outra fator que causou esse mal estar geral após a leitura, foi pensar em como aquelas pessoas foram cruéis com os judeus. Como os alemães se deixaram levar por um líder político louco e sua ideologia preconceituosa e mataram e torturaram seus semelhantes. Fiz um paralelo imediatamente com o Brasil e a situação do atual governo. Tenho medo que o nosso país vire uma ditadura novamente e eu veja meus irmãos sendo presos por "serem diferentes". Ver pessoas que eu gosto me virando as costas por causa de uma ideologia totalmente errada e que aliena. Isso me causa terror!
Enfim, recomendo a leitura, pois a HQ é uma bela e enriquecedora adaptação. Saio muito reflexivo após essa obra. Acredito, inclusive, que ela seja excelente para se trabalhar em sala de aula ou para incentivar os leitores mais jovem a conhecer a história de Anne Frank!