Ladyce 03/01/2010
A mágica de Luanda pelos olhos de Ondjaki
Agora que as férias de julho estão aí e que talvez haja um ou dois fins de semana de inverno, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, com um pouquinho de frio pedindo para uma tarde dentro de casa, nada melhor do que um livro que pode e deve ser lido por toda família, dos avós, aos pais, aos adolescentes. Recomendo para isto, o maravilhoso Os da minha rua, do autor angolano Ondjaki, publicado no Brasil pela editora Língua Geral. Eu já estava familiarizada com a sua escrita, através do seu livro Bom dia, camaradas, que também é um livro para ser lido por todos da casa. Para esta tarefa de alegrar a todos, recomendo, no entanto, o volume Os da minha rua, porque é composto de pequenas e deliciosas histórias que podem ser lidas rapidamente e que trazem um prazer instantâneo, um sentimento de leveza e a esperança de que as coisas podem melhorar, qualquer que seja o futuro.
Foi gratificante ver que gostei tanto deste livro quanto do anterior. Ás vezes é difícil lermos a segunda obra de um escritor de que gostamos muito. Sempre corremos o risco de ficarmos um pouquinho desapontados. Mas este volume de vinte e duas historietas está carregado da mesma linguagem encantadora que havia me seduzido no primeiro trabalho de Ondjaki que li. Como no livro anterior, vemos a realidade de Luanda, pós-guerra, através dos olhos de uma criança. Suas observações são simultaneamente líricas, engraçadas, inteligentes e surpresas. Há uma grande inocência no questionamento do narrador que nos remonta à nossa própria infância ou à infância que gostaríamos de ter tido. Suas observações sobre o mundo à sua volta fazem com que tenhamos sempre um sorriso nos lábios, e enquanto acompanhamos as peripécias dos vizinhos do nosso pequeno herói, assim como reações de alguns dos integrantes de sua família, compartilhamos com ele o prazer das descobertas. Voltamos por momentos a relembrar, a redescobrir a mágica da vida a nosso redor. Este livro faz a gente sorrir e sonhar enquanto conhece um pouco da vida e da cultura de Angola. Os da minha rua tem a dose certa de encantamento e esperança que todos nós podemos usar de vez em quando.
09/07/2008