Coruja 10/04/2011Cartas a um jovem poeta cabe à perfeição na descrição “livro bem fino”. Sendo bastante sincera, costumo ter um pé atrás com livros muito finos como esse, mas a verdade é que ele te prende desde a primeira linha e no final das contas você quase deixa o médico te esperando até que você termine a próxima página.
Já conhecia Rilke de outras primaveras, mas procurei por esse específico livro após ler a resenha da Mi Müller no Bibliophile.
Apesar de ser um livro maravilhoso, no final das contas, não o recomendo para viagens e salas de espera do dentista em geral. Isso porque Rilke não é uma leitura supérflua. Apesar das poucas páginas, essa é uma obra que pede por um pouco de reflexão e um tanto de seriedade. É um livro que você leva para a vida.
Sabe aqueles livros que parecem que falam diretamente contigo? Que você diz “ei, esse sou eu!”? Que você lê uma vez, depois relê, daí um tempo lembra de uma passagem e lê de novo e a cada leitura ganha uma nova base de interpretação?
Esse é Cartas a um jovem poeta.
O que realmente me espantou ao ler esse volume, contudo, não foi todos os tópicos acima mencionados, mas... a simpatia, a familiaridade e a educação com que Rilke – que já era conhecido à época – rata seu correspondente. Faz você se perguntar que tipo de resposta receberia se escrevesse para escritores badalados de hoje em dia. Claro, se eles se dignassem a mandar resposta.
Bem, as coisas eram diferentes à época, Rilke provavelmente tinha mais tempo que até uma criança de terceira série hoje em dia. Ainda assim, desconfio que independentemente da época e das constrições de tempo, ele seria um daqueles raros casos que unem genialidade e humildade: um exemplo a ser seguido.
(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)