Val 22/07/2024
A INOCENTE SENDO JULGADA
Para falar desse livro, preciso separar duas questões.
A primeira é o autor Machado de Assis que nos deixou uma bela obra. Um livro que mexe com as emoções, faz o leitor se sentir parte de cada página.
Machado de Assis nos deixou uma das maiores obras abertas, com a visão de um único personagem, e até hoje gera uma das maiores discussões literária.
Ao ler esse livro pela terceira vez, eu entendi que, além da maior questão mundialmente discutida, tem muitas outras que não passam despercebidas ao leitor atento.
A segunda é a história em si, e o narrador, Bento Santiago, o Bentinho. Quando o livro começa ela já sugere que o leitor não pesquise o que significa casmurro, e dá parte da definição da palavra, que vai além do que ele diz, inclusive, sugiro que pesquisem. Se o leitor pesquisar, já sabe desde o início do livro quem ele é de fato.
Bentinho já começa o livro tentando manipular o leitor, como se estivesse falando à um jure.
Na minha visão esse livro foi escrito por Bentinho para condenar Capitu. Ele usa as qualidades que ela tem e ele não, como se fosse algo ruim.
Mas vai além de Capitu, Bentinho é extremamente inseguro, fraco, egoísta, orgulhoso, mimado, abusador, medíocre, covarde e manipulador. Desde sua adolescência, todas as decisões importantes eram tomadas por sua mãe, Capitu, José Dias ou Escobar.
Capitu, na visão de Bentinho adolescente, era minuciosa e atenta. "Capitu era Capitu, isto é, uma criatura muito particular, mais mulher do que eu era homem." Mas quando era para aliviar seu ego e validar suas inseguranças, ele usava a definição de José Dias para o olhar de Capitu, "olhar oblíquo e dissimulado".
Quando Bentinho começou o livro, Capitu já estava condenada e culpada por ele.
Ele tentou me convencer, mas li esse livro também sob a minha perspectiva de vida, e eu não a condenei, Capitu é inocente!