Lauana.Figueiredo 04/07/2023
Outra vez, angústia
Angústia é escrito na década de 30 em meio à ditadura varguista do Estado Novo. A partir disso, graciliano constrói um romance que brinca com o meio objetivo e o consciente subjetivo. Nisso, existe o fluxo de consciência ( narrativa marcada pela não linearidade); a esfericidade dos personagens ( tipico de realismo) e a relação circular entre começo- fim, na qual o início só se inicia pelo que ocorreu no final.
Daí Luiz trás o passado( marcado pelo engenho estruturado no patriarcalismo) em que passa sua infância, e o presente ( na metrópole de Maceió, feita sob a estrutura da urbanização e divisora de classes).
Com isso tem se os personagens do passado ( seu avô, pai, a avó e a escrava Quitéria). A decadência dos nomes na família representa a decadência do engenho; a escrava é uma negra retinta que teve filhos "ilegítimos" com o avô através do estupro ( Gilberto freyre, vc nunca foi tão massacrado). E os do presente: Moisés ( o judeu comunista) seu ivo ( o mendigo que dá a corda) vitória ( a emprega que é submissa e sofre de transtornos de toque, semianalfabeta) marina e JULIAO TAVARES.
Luiz da Silva ( narrador- personagem) se apresenta por meio da inconstância!!! ele não tem um psicológico definido, não se encaixa no mundo, não tem uma definida posição política... recorte pra necessidade dele ( obsessão) pelo Julião justamente por ser tudo o que ele queria ser. LUIZ QUERIA SER UM RATO CAPITALISTA.
o relacionamento com mulheres é baseado na misoginia ( já que sua visão de esposa é a da avó, do século Xix) e isso se mostra legítimo, uma vez que ele não gosta de mulheres que não sejam submissas e representem um ideário " Eva". Marina( aqui não acho que ela seja a vítima, na verdade era uma interesseira) mas Luiz também não bancou o feministo de época.
A verdade é que a questão entre Luiz e Julião não se faz por meio de Marina, necessariamente, visto que o protagonista já se ressentia do "capitalista meritocrático" mesmo antes da ruiva aparecer. Ela foi na verdade o estopim pra gerar o problema ( não que ela seja o problema).
A construção é psicológica, um tanto regionalista, contém os polos políticos de época, bem como as mazelas que a compunham, reforçando uma forte crítica ao fascismo brasileiro.
graciliano consegue transpor da realidade pra ficção muitas denúncias necessárias pra epoca e tão presentes ainda hoje, no país que colhe as mazelas do fascismo bolsonarista( outra vez?)