Angústia

Angústia Graciliano Ramos




Resenhas - Angústia


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Anna.Julia 20/10/2020

Pode ser um pouco difícil de engatar a leitura ou de entender o personagem às vezes, mas é uma leitura que compensa cada segundo
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Sally.Rosalin 14/10/2020

Angustiante
Luís da Silva, 35 anos, neto de Trajano Pereira de Aquino Cavalcante e Silva, funcionário público em um jornal, residente de um subúrbio em Maceió na década de 30. Dos vários personagens, que valem várias resenhas, a ênfase do livro está em suas recordações:
"Há nas minhas recordações estranhos hiatos"

Seria suas angústias os hiatos de suas recordações ou suas recordações os hiatos de suas angústias?

O que sabemos é que o início e o fim do romance dão-se com o estado profundo de angústia que domina o Sr. Luís da Silva. A sua capacidade de consciência vai engendrando matematicamente passado e presente, construindo com a memória o seu futuro crime.

Daqueles que o cercam, um constante sentimento de desconforto e deslocamento:

"Insuportável!" (Diante dos desfavorecidos)

"Não podemos ser amigos!" (Diante dos mais abastados)

Homem introvertido que luta para ter a "dignidade dos bípedes" torna-se revoltado contra tudo e todos à medida que a memória incumbe-se de selecionar suas lembranças.

"Tão bom José Baía! Ninguém falava alto, ninguém lhe mostrava a cara feia".

Essa insistência da memória em crimes e criminosos soma-se a uma notável influência psíquica que transforma sua inércia em brutalidade. Ato que não correspondeu à expectativa, visto a continuação do círculo vicioso da angústia existencial.
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Thalya.Amancio 14/10/2020

A angústia da existência em Luís da Silva
"Levantei-me há cerca de trinta dias, mas julgo que ainda não me restabeleci completamente. Das visões que me perseguiam naquelas noites compridas umas sombras permanecem, sombras que se misturam à realidade e me produzem calafrios.
Há criaturas que não suporto. Os vagabundos, por exemplo. Parece-me que eles cresceram muito, e, aproximando-se de mim, não vão gemer peditórios: vão gritar, exigir, tomar-me qualquer coisa.
Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos. Passo diante de uma livraria, olho com desgosto as vitrinas, tenho a impressão de que se acham ali pessoas exibindo títulos e preços nos rostos, vendendo-se. É uma espécie de prostituição. Um sujeito chega, atenta, encolhendo os ombros ou estirando o beiço, naqueles desconhecidos que se amontoam por destrás do vidro. Outro larga uma opinião à toa. Basbaques escutam, saem. E os autores, resignados, mostram as letras e os algarismos, oferecendo-se como as mulheres da rua da Lama" (RAMOS, 2013).

Angústia obra publicada em 1936 pelo autor alagoano Graciliano Ramos - pouco antes de sua prisão por questões políticas e acusações de comunismo durante o Governo autoritário de Getúlio Vargas - traz um narrador personagem angustiado e reprimido em diversas áreas de sua vida: Luís da Silva.

Por que reprimido e angustiado?

Luís da Silva pensa muito e não consegue se conectar ao seu presente, já que vive relembrando e tendo memórias de seu passado, quando o nome de sua família possuía status social, ao menos até seu avô, o símbolo de um Brasil rural, coronelista. Um Brasil antes da década de 30. Década esta que sabemos marcante por conta de todas as mudanças sociais, culturais e econômicas as quais o país passava.

E quais são as áreas que Luís da Silva é reprimido?

Ao adentrarmos nos subterrâneos mentais do personagem e na análise que Graciliano realiza, percebemos logo o monólogo que a obra é. Um monólogo interior, sim, cara leitora e caro leitor. Em "Angústia" vemos o romance mais bem acabado da produção da geração de 30, como é chamada. Visualizamos e lemos a mente obsessiva do Luís, sem cortes e censuras. Daí nos assustarmos um pouco com as imagens sucessivas e repetitivas que passam na mente dele: cordas, cobras, objetos fálicos, fazendo clara relação a repressão pessoal, sexual e a sensação de sufocamento que Luís sente durante toda sua vida.

O narrador então abre a possibilidade, através de seu monólogo interior, de apresentar esse ser frustrado, perdido e sem perspectiva de futuro. Muito ao contrário de romances como os de outro escritor da mesma lavra: José Lins do Rego. Embora neste exista uma atmosfera de frustração, como acontece em romances de outras autoras e autoras da década, ainda existe uma certa perspectiva de futuro; bastaria que o passado retornasse. E é esse olhar que muitas críticas e críticos realizam, ao notar o saudosismo e a visão de que o país era melhor com a exploração patriarcal que os senhores de engenho faziam com as pessoas que foram escravizadas, por exemplo. Além desse saudosismo também fica clara a naturalização desses costumes e a ideia de que era "destino de Deus" ou "porque sempre foi assim", típico de pensamentos mais conservadores e tradicionais.

Já em Ramos, sabemos que a situação é problematizada. A realidade é apresentada como complexa, de difícil resolução. Nem o passado e nem o futuro, com a modernização das cidades resolveria os problemas estruturais do Brasil. Não havia e não há resolução rápida e mágica.

O próprio Luís da Silva se percebe como reprimido, oprimido desde pequeno, com seu pai, portanto o seu passado não é retratado de forma saudosa como Rego faz em seus romances:

"[…] Lá estava novamente entrando no passado, torcendo-me como parafuso. —“Rei meu senhor mandou dizer que fossem ao cemitério e trouxessem um osso de defunto.” Quem tinha coragem? Os mais atrevidos chegavam até o muro de seu Honório, no fim da rua. Adiante o lugar era mal-assombrado e ninguém se aventurava por lá. Eu queria gritar e espojar-me na areia como os outros. Mas meu pai estava na esquina, conversando com Teotoinho Sabiá, e não consentia que me aproximasse das crianças, certamente receando que me corrompesse. Sempre brinquei só. Por isso cresci assim besta e mofino" (RAMOS, 2013).

O personagem então não encontra consolo, pois sempre foi impedido de fazer o que desejava. E quando chega a vida adulta, se torna seu próprio inimigo. Ainda mais ao perder a mulher que amava para o homem oposto a ele: Julião Tavares, gordo, falador, burguês, rico. Era tudo que mais detestava da nova ordem social, em que a burguesia, não mais os coronéis, dominava a economia, as cidades e o país.

Marina, a mulher pela qual se apaixona, e nutre certa obsessão e ciúme, é citada por ele como superficial, à procura de um marido com posses, mas o próprio Luís afirma que talvez nunca tenha a compreendido inteiramente e as imagens que têm dela são sempre pedaços, pernas, braços, coxas. Ele enxergava nela a fuga de sua realidade monótona, de mero voyeur, porém não foi além para perceber todas as complexidades de mulher e humana que ela era. E exatamente por essa incapacidade de se conectar com as pessoas que conhece, que também não têm muitos amigos e aqueles que têm são ainda rápidos, sem intimidades.

Temos assim o retrato de um homem incapaz de amar, de ir além da empatia momentânea por seus vizinhos. Pela falta de tato social, se isola e não encontra abrigo nem em sua própria casa, pois lá os ratos comem seus livros e surgem desconfortos quando escuta vizinhos e principalmente, Marina, que mora ao lado.

Aqui abro um parêntese para fazer um paralelo com o livro literário e existencialista de Jean-Paul Sartre: "A Náusea" de 1938. Apenas uma ilustração para fazê-los perceberem como obras, ainda que escritas e publicadas depois, podem ser relacionadas e comparadas.

Em A Náusea observamos esse homem que se surpreende com a sua própria existência, com suas mãos, sua pele etc. e começa a repensar todo o sentido de trabalhar com a pesquisa de figuras históricas já mortas. O grande questionamento no romance do filósofo é: qual o sentido da vida? Sim, bem mais acadêmico e voltado a ideias que o Graciliano não busca com a sua obra, contudo desejamos que vocês vejam as similaridades: Luís da Silva é amargurado por se perceber incapaz ao refletir sobre a realidade parca, contraditória e miserável que vive e vê nos outros, sejam seus vizinhos ou sejam seus amigos, como Moisés, obrigados a trabalhar contra o que acreditam, afinal precisam de dinheiro.

"[…] Muitos crimes depois da revolução de 30. Valeria a pena escrever isto? Impossível, porque eu trabalhava em jornal do governo. Moisés se tinha ausentado: a polícia incomodava os rapazes que liam livros suspeitos e falavam baixo […]" (RAMOS, 2013).

Imagine quantos se negam a pensar em suas misérias, por medo e receio de cair em armadilhas da própria mente? A mente é um labirinto, repleta de memórias, traumas e percepções distorcidas (as lembranças mudam com o tempo. Isso Marcel Proust já escrevia em sua monumental "Em Busca do Tempo Perdido").

E quantos mais se encontram presos de empregos que não gostam, mas precisam. As pessoas logo escolhem não pensar em questões mais abstratas e distantes da concretude de suas vidas - muitas não tiveram e não têm acesso a esse tipo de desenvolvimento de pensamentos -, ao contrário do personagem. E o que podem fazer? E se tivessem acesso a uma educação acolhedora e diversa, ajudaria a se formarem como pessoas mais críticas? E pensar muito as tornaria como Luís? São questionamentos necessários depois dessa leitura.

Por último: o narrador de Angústia cai em sua própria armadilha? Ele cai e não cai, aliás, ele mesmo sabe ser capaz de modificar, focar em cenas e rostos diferentes, especialmente no final, ao ter uma alucinação causada por um certo acontecimento que não irei revelar, entretanto, convido a todas e todos a ler e ter a coragem de ir pelos subterrâneos da psique de Luís da Silva. Quem é leitora ou leitor de Fiódor Dostoiévski pode amar. E se depois de toda a investigação não os motivamos, devemos ter falhado.

Leiam e tirem suas próprias conclusões. A arte permite essa comunhão de opiniões, de interação, de olhares, só não esqueçam de levar em conta o texto.

"[…] A multidão que fervilhava na parede acompanhava José Baía e vinha deitar-se na minha cama. Quitéria, sinha Terta, o cego dos bilhetes, o contínuo da repartição, os cangaceiros e os vagabundos, vinham deitar-se na minha cama. […] Milhares de figurinhas insignificantes. Eu era uma figurinha insignificante e mexia-me com cuidado para não molestar as outras. 16.384. Íamos descansar. Um colchão de paina" (RAMOS, 2013).

site: https://souhumanito.blogspot.com
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Nai 13/10/2020

Nem sei o que pensar, estou impactada!

Primeiro livro do Graciliano que li e fiquei impressionada. As primeiras páginas são confusas e eu demorei um pouco para entender o que estava acontecendo, mas depois a narrativa me prendeu de um jeito que eu sentia como se estivesse sem fôlego, é um livro que realmente nos deixa angustiados.
Tenho certeza que uma futura releitura vai me mostrar muitas coisas que passaram batido nessa primeira vez, enfim, incrível!
Uma dica para quem for ler, quando terminarem voltem para o começo e releiam as primeiras páginas. A história termina pelo começo hahah.
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Nan 11/10/2020

Sintomático
O sentimento de angústia relatado é tão bem descrito que faz com que realmente sinta o que aflige o personagem principal.
Bom livro, te prende mt no começo no final fica mais complexo.
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Canuto 30/09/2020

Ótimo
Primeira obra de Graciliano Ramos que leio. Posso dizer que não será a última.
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Bela 25/09/2020

graciliano tem um estilo muito sóbrio, o que o torna fácil de ler. eu acho que faltou algum personagem que alertasse Luís da Silva sobre sua loucura e que pudesse oferecer algum tipo de saída ou redenção para seu ódio.
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Janaina 24/09/2020

O livro é muito bom.
É um romance circular que traz a angustia de um homem apaixonado e sua possesividade.
O livro fez com que eu sentisse a mesma angustia do personagem
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Cdmm 19/09/2020

Angústia mental.
Que livro tenso. Mesmo tendo muito caos no fluxo do pensamento, nos sentimos completamente imersos na situação do personagem.
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Letícia Baldasso 18/09/2020

é um pouco massante, mas eu gostei da sensação de angústia gerada em mim como leitora. uma vez que eu peguei o ritmo dele a leitura fluiu super bem.
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benja 18/09/2020

devaneios e lembranças de uma mente sufocada pela depressão
Graciliano Ramos me surpreendeu em ?Angústia?. sempre ouvi que era um livro chato e desanimador, que não tinha nada de interessante, contudo, terminei de lê-lo e não entendo como é possível ter tais pensamentos sobre este livro.

envolvido com sentimentos universais, a literatura do mineiro sempre muito pessoal atinge seu ápice nesta obra. elevando a última potência a subjetividade das memória de Bentinho em ?Dom Casmurro? e a não linearidade das de Brás Cubas em ?Memórias Póstumas de Brás Cubas?, ambos de Machado de Assis, Ramos constrói um mundo particular e literalmente angustiante de modo palpável ao leitor. Luiz, o protagonista, é o centro de todo esse universo peculiar, onde sem sabermos o que são sonhos e o que são acontecimentos reais, tem como princípio básico a desconfiança, tanto de outros personagens como das suas próprias ações.

gosto que o escritor nunca nomeia os reais sentimentos. ao meu ver, a pilar de tudo é a depressão que acomoda Luiz, visto que dela é possível desenvolver e sentir insegurança, desanimo, tristeza profunda, paranóias, etc. - e numa época onde a palavra ?depressão? era praticamente uma maldição, quase proibida de ser pronunciada, um dos principais nomes da literatura no período realizar um romance onde tal transtorno é o núcleo, considero de uma ousadia admirável.

além do fato dele nunca querer enganar ou esconder algo, desde o começo do livro já nos é dado seu desfecho, nós só não não atentamos e depois ficamos tão envolvidos com os acontecimentos, que nos auto-enganamos.
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