Vilela 06/11/2024
Angústia, Graciliano Ramos.
Obra não linear, Angústia, de Graciliano Ramos, leva o leitor a uma imersão profunda na mente de um narrador em colapso emocional. Publicado em 1936, o romance aborda temas como a alienação, a miséria e a opressão, centrando-se na figura de Luís da Silva, um homem introspectivo e frustrado, atormentado pela própria consciência e pelas humilhações de sua vida.
Com uma narrativa fragmentada e muitas vezes circular, o livro explora o estado mental do protagonista, que se sente esmagado por sua realidade. Os pensamentos de Luís oscilam entre memórias dolorosas, suas obsessões e uma aversão crescente pela sociedade. Em meio a essas reflexões, o leitor é levado a entender a complexidade do sofrimento do personagem, que culmina num ato de desespero.
O estilo de Graciliano Ramos é árido e cortante, adequado à densidade da trama. Ele constrói uma atmosfera sufocante, o que torna o livro uma leitura desafiadora e ao mesmo tempo fascinante, pois revela com maestria o peso da angústia humana. A obra é um retrato sombrio da vida no Brasil das décadas passadas, mas também transcende seu tempo, abordando o isolamento e a opressão do indivíduo de forma universal e atemporal.