spoiler visualizarScepiel 25/05/2024
Melhor obra de Graciliano!
"Ar, mar, rima, arma, ira, amar."
Dos 4 romances de Graciliano Ramos lidos em sequência, Angústia foi o que mais me arrebatou.
Sobre a comparação com Crime e Castigo:
Intensifica-se no fim, evidentemente, pelo crime cometido e o castigo mental de Luís da Silva. Ainda assim, difere muito. A escrita de Graciliano me passou mais a agonia e confusão mental do Luís (ser narrado em primeira pessoa intensifica demais a trama).
E sem contar que, em grande parte do livro, as questões sexuais, o ódio e a nostalgia de Luís, um indivíduo oprimido na recente modernidade brasileira, e etc. é que estão sendo abordados.
Sobre o narrador-personagem:
"procuro um refúgio no passado. Mas não me posso esconder inteiramente nele. Não sou o que era naquele tempo. Falta-me tranquilidade, falta-me inocência, estou feito um molambo que a cidade puiu demais e sujou."
Luís da Silva é rancoroso consigo, com a persona que assume na miserável vida urbana. Por isso, busca refúgio num passado rural idealizado, já que, afogado na pobreza e num marasmo mental, não tem perspectiva de futuro.
Ele despeja esse rancor por si e pela realidade nos próprios membros de seu cotidiano. Vem daí a misoginia? Esse ódio à Marina? E especialmente à Julião Tavares, como um espelho de sua vileza, uma versão abastada e socialmente bem sucedida dele.
Fascinante o vanguardismo desse livro, muito ligado ao expressionismo e ao surrealismo nas suas descrições perturbadoras.
Já tenho vontade de reler!