Wesley Taciturn 28/12/2010
Álvares de Azevedo morreu jovem, o que tornou ainda mais vivo o espírito ultra-romântico de suas obras que são todas interligadas de maneira quase que indireta. Começando pela "Lira dos Vinte Anos", onde o poeta nos brinda com um mundo de sonhos irrealizaveis, de angélicas musas virgens inexistentes no mundo palpável e, ao mesmo tempo, um toque de ceticismo que mostra como ele era maduro (contrariando o pensamento de alguns críticos que julgam todos os ultra-romanticos como tendo "espírito adolescente")[vide a introdução à segunda parte da Lira].
Macário e Noite na Taverna são mais ou menos a versão proseada da Lira dos Vinte Anos, pois podemos notar durante o trajeto de Macário com Satã na cidade de São Paulo todas as caracteristicas da segunda parte da Lira, onde o poeta parece mais desiludido, querendo apenas o prazer de seu charuto e seu vinho e lamentando pelas mulheres que são "todas devassas" e nunca puras e divinas como ele tanto gostaria que fosse. Noite na Taverna começa onde termina Macário, e os relatos narrados pelos "bohemios" que estão na taverna são nada mais que versões ampliadas e narradas de poemas da primeira e segunda fase da Lira. É interessante ler fazendo essa relação intertextual para obter o máximo da maravilhosa arte de Álvares de Azevedo, o Byron brasileiro que poderia ter feito muito, muito mais, não fosse a tuberculose...