Lane 12/01/2012TransformaçãoEsta obra merece atenção, não por ser um clássico, mas por expor questões tão atuais sobre a transformação da mulher.
O ínicio, eu confesso que achei um pouco tedioso, levei algum tempo para me adaptar a narrativa lírica do autor.
Toda a trama está inserida no contexto social e politico da sociedade moderna.
O livro narra descritivamente a maneira de pensar dos intelectuais da época, que possuem um desprezo enorme pelo corpo e seus instintos. O que encontramos nesta obra, é que os intelectuais tinham uma forte influência que chegava a ser quase que puritano em acreditar que o espirito estava separado do corpo. Há vários discursos sobre isso no ínicio do livro.
Constance Chatterley é uma burguesa, criada em um ambiente liberal, que pouco antes da guerra se casou com um aristocrata, o barão Clifford Chatterley.
Clifford Chatterley é um homem inseguro, que sofre um trauma durante a guerra e como consequencia veio a ficar paraplégico. Eles vivem uma vida intelectual vazia e artificial das classes previlegiadas da época.
O autor desnuda a solidão das pessoas da época, descrevendo todas as influências sofridas de uma sociedade em transição.
As pessoas da classe alta são tristes e solitárias, vivem entediadas e desvalorizam qualquer forma de espiritualidade. Dedicam suas vidas simplesmente na busca do grande prazer do homem moderno: dinheiro e sucesso.
Este desejo de sucesso é amplamente exposto no personagem Clifford, quando ele "atinge'seu proposito como escritor, e depois se engaja no capitalismo e na sua busca pelo poder.
Constance apesar de ter suas convicções de mulher moderna, sente necessidade de preencher sua vida e de realizar-se como mulher. Quando ela se envolve com o guarda- caças Oliver Mellors, Constance desabrocha sua sensualidade e começa a desprezar toda sua vida intelctual e vazia.
Os padrões comportamentais sexuais reprimidos da mulher é denunciado nas cenas de sexo dos amantes.
Longe de utilizar uma linguagem obscena, o livro desperta no leitor para uma reflexão sobre a hipocrisia de um pensamento meramente puritano da época, que revela que o comportamento imoral e absurdo seria o envolvimento amoroso de Constance com um empregado.
Oliver Mellors é o personagem que eu diria que quase não sofreu transformação na narrativa, apesar da sua insistência em viver isolado, ele possui coragem e sinceridade. Umas das minhas partes preferidas é quando ele encontra -se com Hilda, irmã de Constance, e duela com ela na conversação, sem esconder sua opinião e sem demonstrar medo, por ela ser alguém "superior" a ele.
O mérito maior, na minha opinião vai pra personagem Senhora Bolton, que consegue atingir seu objetivo desde o ínicio.
A minha critica fica pro enredo final, acredito que o autor teve medo de fazer sofrer os personagens principais e com isso acabou se perdendo um pouco no final.
Mas a força literaria do autor em nada se diminui, pois pra mim ele conseguiu expressar uma sociedade em transição, além de levantar reflexões sobre o sentido da vida e o verdadeiro amor.