Geiza 04/01/2024
Até o momento, é o conto que mais me convenceu da genialidade do Poe
O livro começa com o autor fazendo algumas distinções entre ficção e realidade, o que não fez muito sentido a princípio. Depois, começa o monólogo de 60 páginas do detetive Dupin. No início, não curti muito o formato da narrativa, achei cansativa, mas logo a história me prendeu e eu quis entender mais e mais a linha de raciocínio do Dupin.
Em diversas partes do texto, o detetive apresenta, de forma incisiva, argumentos contrários aos publicados nos mais diversos jornais parisienses e, faltando duas páginas para terminar o conto, percebi que não haveria desfecho para a história. No fim, o Dupin filosofou um pouco, deu a entender que o culpado pelo assassinato de Marie foi encontrado com base nas brilhantes deduções dele, mas não nos disse o nome do culpado propriamente dito.
Na verdade, eu li este conto no livro Medo Clássico da Darkside (maravilhoso), mas quis vir aqui resenhar este em específico, de tanto que ele me intrigou. As notas de rodapé da Darkside me ajudaram a entender melhor que este mistério foi baseado em uma história real. Pesquisando melhor, eu soube que a Marie Rogêt é Mary Rogers, uma moça americana. Poe escreveu o livro utilizando-se de trechos de jornais reais que circularam pelos Estados Unidos na época em que o crime ocorreu (Mary era americana). Depois que soube disso, tudo fez sentido e se encaixou. Poe tentou resolver um crime real através de seu personagem, usando apenas matérias de jornais, e o começo no livro, em que ele faz uma distinção entre realidade e ficção, fez sentido também. Afinal, Edgar Allan Poe não seria tão frívolo a ponto de pensar que estaria indubitavelmente resolvendo todo o mistério só com este conto, né? Ele foi genial, usou Física, Filosofia, Química etc, mas não teve, de fato, acesso aos pormenores do caso.
No fim, este virou meu conto favorito. Com certeza foi reler. O miserável é um gênio, como diria o Vegeta.