Locimar 03/09/2020
Fotografia: modo de apreender a vida!
As fotografias de Hugo Denizart unem interesses estéticos, psicanalíticos e antropológicos, segundo o crítico Roberto Pontual.1 A partir de 1978, seus ensaios fotográficos têm por tema a Cidade de Deus, os internos da Colônia psiquiátrica Juliano Moreira, as prostitutas da Vila Mimosa e os travestis da praça Tiradentes. Ainda segundo o crítico, suas fotos tratam da marginalização social e também de homens e mulheres confinados nas instituições para doentes mentais, pela perda de contato com a realidade.
As fotos evidenciam fraturas. Algumas mostram apenas partes das pessoas, como a ponta de um pé sujo com unhas mal pintadas de vermelho, vista por quatro ângulos diferentes; ou braços, mãos e olhos de pacientes psiquiátricos, diante de fragmentos de uma bandeira do Brasil pintada na parede. Em outras obras, ele ressalta o distanciamento social. Por exemplo, em um trabalho, vêem-se dois homens com os rostos cobertos por panos furados nos olhos, olhando para baixo, atrás de uma mesa com revólveres e balas, copos e cigarros.
Sobre sua atividade, Denizart diz: "A fotografia é uma maneira de eu aprender a vida. É um momento em que consigo enxergar as coisas com muita lucidez, e acredito que foram poucas as vezes em que apertei o botão da máquina com indiferença."