Alguns estudiosos, na tentativa d definir o que é um travesti, afirmam que ele imita a mulher e outros dizem que ele inventa um novo feminino. Mas isso não é tudo. Após a realização de mais de 60 horas de entrevistas gravadas em vídeo e mais de 6.000 fotos em 3 anos de convivência, os descobri apaixonados pelas belas imagens, suportando a proximidade da morte e perseguindo seus destinos, como guerreiros carnais que são. Estão para além do gênero e da espécie, afirmando uma virilidade toda criada e inesperada. É preciso ter muito peito para exibir noite após noite em uma cidade violenta e preconceituosa. "Só sabemos que estamos partindo em algum automóvel, nunca sabemos se vamos voltar..." Fascínio e terror estão presentes em qualquer percurso para se tornar travesti. (Hugo Denizart)
Engenharia Erótica, de Hugo Denizart, provavelmente chocará todos aqueles que sempre se sentiram chocados pela sexualidade não convencional, além daqueles que prefeririam ignorar as implicações do que é tornar-se travesti. Mas para aqueles que, por uma razão ou outra, têm se indagado meio perplexos sobre o valor erótico dos travestis do Rio de Janeiro - manifesto não apenas em seu sucesso comercial como artistas ou mercadores de prazer sexual, mas também em sua ocasional apoteose como heróis naconais, bajulados por astros de televisão, playboys ou a mídia - o livro de Hugo Denizart é leitura obrigatória. (Peter Fry - IFCS/UFRJ)