Alex 31/12/2022Um livro contemporâneo que mereceria se tornar um clássicoShantaram, que livro absurdo e incrível. Shantaram é uma obra de ficção, mas sim, os fatos se basearam em experiências de seu autor. Só isso, já torna a leitura, para alguns, mais interessante.
Shantaram conta a história de um professor de filosofia australiano, que teve seu casamento destruído, se perdeu na heroína, com ela foi para o crime e acabou preso num presídio de segurança máxima, cujo protagonista, fugiu pelo muro da frente e se exilou numa favela de Bombaim. Mas não se engane, isso apesar de já ter conteúdo para um filme, é contado em 3 ou 4 parágrafos.
A história de Shantaram de fato começa quando ele se exila na Índia, quando ele chega em Bombaim e se apaixona pela efervescência daquela cidade multicolorida. E, eu como leitor, me apaixono, a cada leitura, por esse cosmopolitismo indiano, pelos detalhes culturais e maneirismos regionais.
Outro fator de profunda beleza, característica que me faz querer reler esta obra, é a sensibilidade com que os temas são tratados, seja a questão religiosa, a moral, a amizade, o amor fraterno, a lealdade e a honra, o exílio, a solidão, a compaixão e o altruísmo, o crime e a guerra, as drogas e a desintoxicação, a paternidade e filiação, talvez o que menos se fala é sobre amor romântico, até pincela sobre, mas os todos estes outros temas são carregados de uma sensibilidade que, ou mareja os olhos, ou te leva a refletir, como o mundo pode ser melhor com pequenas atitudes.
A história te levará por Bombaim, pelo interior da Índia, para o interior de um presídio Indiano, para Goa, para o submundo do crime, mas também para o vácuo da droga para o Afeganistão e Paquistão, para uma guerra estrangeira e para a paz, quiçá para a mais profunda sensação de liberdade. Você conhecerá 30 vidas vividas em 10 ou 15 anos, e no final se perguntará, como o Lin conseguiu ter todas essas experiências absolutamente incríveis.
Este livro merece a sua degustação, ele é uma linda história de redenção, de autoconhecimento e de bondade. Mostra que o mundo não é preto e branco, que há bondade até no mais sujo e perverso catre . Sua leitura faz o leitor encontrar novas esperanças de que, talvez, o mundo ainda tenha solução.