Joice (Jojo) 23/01/2015
Com uma narrativa lírica e apresentando uma interessante trama de época, E. M. Forster defende a arte de encontrar o amor e a beleza no mundo e em si mesmo (mesmo que sua protagonista não seja lá um bom exemplo disso).
Confesso que não tinha qualquer expectativa para "Uma janela para o amor". Aos poucos, fui percebendo que a intenção do autor, muito mais que escrever um romance entre duas pessoas, era proporcionar um romance sobre fugir do lugar-comum e lançar um novo olhar sobre o mundo ao redor.
Lucy é a filha mais velha de uma tradicional família inglesa e, como tal, bastante afeita a perpetuar os juízos de sua classe. Numa viagem à Florença (Itália), ela vê seu mundo virar de cabeça pra baixo ao testemunhar um assassinato e ao conhecer George Emerson, um homem bastante recluso, mas com atitudes que a instigam. Sobre esse "choque" na vida de Lucy, não espere nada grandioso (estamos falando de um livro que foi escrito em 1908, quando as pessoas se chocavam por coisas pequenas). Lucy começa a questionar seus modos, suas perspectivas de mundo e até se deve ou não casar com Cecil, de uma família tão tradicional quanto a sua.
Confesso que esperava de Lucy um comportamento mais crítico, onde ela realmente pegava as rédeas de sua vida e decidia o que fazer com ela. Após todos os acontecimentos, era o que se imaginava. Todavia, pareceu-me que ela apenas trocou um casamento por outro, deixando de aproveitar os vários momentos de reflexão.
"Uma janela para o amor" (o título original, "A room with a view", é mais fiel ao enredo) é um romance de costumes e deve agradar aos fãs do gênero. Os personagens, de forma geral, são complexos e interessantes, daqueles que por si só fazem a história andar - com destaque para o pai de George Emerson.