Formação e rompimento de laços afetivos

Formação e rompimento de laços afetivos John Bowlby




Resenhas - Formação e rompimento de laços afetivos


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@lusantana.psi 12/06/2020

Meu presente do dia dos namorados
Dia dos namorados e presenteei meu grande amor, a criança que vive em mim, com a conclusão da leitura deste clássico do John Bowby, de 1979.

Sabe aqueles livros que te reencontram depois de tê-lo visitado há décadas?

Foi o caso. "Formação e Rompimento dos Laços Afetivos", escrito há mais de 40 anos, lido por mim na faculdade (Faz tempo! Rsrs) e ainda tão atual... E tão profundo!

O livro é composto por uma coletânea de conferências e contribuições para simpósios do autor e talvez, por isso, tenha uma escrita leve, apesar de técnica.

Sei que muitas pesquisas citadas já foram revistas, mas a essência do livro permanece: o impacto dos diferentes tipos de experiências da infância com figuras de ligação, em especial a mãe, na construção de modelos representacionais dessas figuras na vida e do eu, num nível geralmente inconsciente, e sobre o quanto estes modelos afetam nossas relações atuais, conosco e com o outro.

Estuda o desenvolvimento infantil transitando entre Psicanálise e Etologia, repousando na Psicologia Cognitiva, discutindo, sob a óptica destas perspectivas, temas como ambivalência, luto na infância, separação e perda, auto confiança e transcorre sobre o tema do livro.

O autor tem autoridade para falar sobre formação e, em especial, sobre rompimento dos laços afetivo, pois teve impresso na carne o impacto do distanciamento afetivo de sua mãe (que convivia com ele apenas 1 hora por dia), aos 4 anos, vivenciou a dor pela partida de sua babá (verdadeira figura materna) e aos 7 anos foi enviado para um internato.

Por muitos momentos, na leitura do livro, as lágrimas rolaram, chorei por mim, por alguns pacientes, por pessoas aleatórias que me vieram à memória a cada página lida.

O que precisamos, segundo o autor? De um base segura (figura de ligação) que sirva de suporte, nos assegure de um amor incondicional e que esteja ali quando voltarmos do nosso processo de exploração do mundo.

Somos barquinhos desejosos por ilhas de estabilidade. Estar na ilha é como voltar para o colo da mãe, lugar de nutrição e segurança.

Mas é preciso navegar e explorar este mundaréu de mar. Ressaltando que sair da ilha não é desconectar-se dela. Pelo contrário, ao sairmos temos a possibilidade do saudosimo, lembrança quentinha sobre o quanto desejamos voltar e sobre o quão aconchegante é esse lugar.

E para lidar com a falta de ilhas na vida a relação psicoterapêutica é um excelente espaço para reflexão e reconstrução.

Para Bowlby, por meio de uma relação confiável e afetiva, torna-se possível e suportável o contato com nossa criança ferida e profundamente reprimida, o que por meio de algumas intervenções, esboçadas no livro, tornamo-nos capazes de viver, na segurança de uma nova relação autêntica, com o legado traumático dos primeiros anos formativos.

É isso que desejo pra quem sabe que precisa, neste dia dos namorados, relacionamentos que sejam base segura, aquele lugar de encontro, de nutrição mútua, mas que nos permita navegar, ir e voltar, com frutinhas exóticas para o jantar.
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