Isadora 23/06/2022A ascenção de um burguês e a queda da sua humanidade.Paulo Honório representa um burguês, apesar de ele ser fazendeiro. Origem humilde, ele tem um objetivo e o alcança. Ele faz tudo para alcançá-lo. Ao contrário de outros autores, São Bernardo retrata a reificação (processo que faz com que as pessoas vêem outras pessoas e questões subjetivas da vida de modo a extrair algo delas, a ver um valor X nelas) de forma diferente de outros livros. O livro não coloca a culpa dessa desumanização no burguês e sim no meio. Paulo Honório era um miserável que pensava que adquirir a fazenda, construir grandes coisas, possuir tudo o que poderia possuir, traria felicidade, realização de vida, conforto, paz. Mas os meios para atingir essa riqueza tornam Paulo Honório uma pessoa muito objetiva. Ele vê as pessoas como oportunidades, como posses, detentoras de valor ou como meios de alcançar seu objetivo pessoal. As pessoas são objetos para ele que ele precisa conquistar, possuir, e então mandar Ele maltrata funcionários, perde a empatia pelas pessoas, manipula, manda matar, e diz que lembra de algum dia ter sido menos bruto. Porque um dia ele não teve essas coisas. Quando ele tem um objetivos ele cronometra, programa, faz de tudo e faz rápido para atingi-lo. Quando Madalena não se torna posse dele e faz questão se viver como uma pessoa e não como sua obediente, Paulo Honório perde os estribos e começa a sentir ciúmes dessa "posse" que ele considera sua, mas que não se comporta como tal A partir daí tudo desanda. Ele começa a refletir sobre si mesmo, vê que possuir e mandar perdeu o sentido. Começa a buscar na narrativa de sua própria vida um significado para sí mesmo, mas se considera incapaz de transformar a sí mesmo. O posfácio diz aue ocorre vitória da reificação, mas acho aue Paulo Honório entra em um estado de subjetividade, sai do seu estado de vida objetivo e, não narrado, nao escrito o futuro, ele possa chegar a alguma conclusão que faça com que ele encontre felicidades.