catð 30/05/2024
Ele não era mal, só era solitário, e não sabia como amar
Sao Bernado conta a história de vida de Paulo Honório, um homem que, mesmo tendo nascido sem nada, fazia de tudo para conseguir o que queria. Paulo Honório foi uma criança que cresceu passando fome e dormindo nas noites frias do sertão, presenciando e participando de coisas das quais alguém tão pequeno não deveria passar, mas isso o tornou astuto, perseverante e, acima de tudo, um líder. Seus princípios da vida, desde seus 18 anos, era conquistar uma terra, e assim conseguiu; mesmo sendo de acordo com sua própria ética, como disse uma vez ?E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S.Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las.? Ele não tinha nada, mas consquistou as terras de São Bernardo e a tornou um lucro gigante, -mesmo tendo a comprado de forma completamente manipuladora e corrupta de seu antigo herdeiro, Luís Padilha-tendo trabalhadores e também pessoas que ora podiam se chamar amigos, ora operários do próprio Sr. Honório.
Mesmo tendo conquistado o que sempre jurou ter e um pouco mais, o protagonista era alguém solitário, mas também alguém bruto e direto, que não tinha medo de ir atrás do que queria e das consequências de suas ações; com o passar dos anos, Paulo passou também a querer conquistar as pessoas; abriu uma escola e colocou Seu Padilha para comanda-lá, e assim conheceu sua futura esposa. Madalena era professora e sobrinha de uma das conhecidas do jornalista local, era gentil, encantadora e jovem. Paulo nunca realmente pensou em se casar, mas isso traria oportunidades para si próprio, e assim fez.
O que não era esperado era que, com tamanha solidão e sede por lucros, não conseguisse se encontrar com a própria família, e isso acabou tornando sua mulher uma jovem sem vontade de viver. São Bernardo, de Graciliano Ramos, mostra pra nós como nem sempre o dinheiro é tudo, e como a morte de alguém pode nos ensinar algo. Paulo Honório já era alguém sozinho, mas passou a ser ainda mais, por afastar pessoas que nem sabiam ser importantes para ele após o infeliz suicídio da esposa. Uma vez a mulher o chamou de assassino e, dentre todos os outros xingamentos, esse foi o que mais o tocou, porque, mesmo que no fundo, ele sabia que era alguém solitário demais para saber como amar e como dividir o pouco da sua felicidade com alguém.