S. Bernardo

S. Bernardo Graciliano Ramos




Resenhas - São Bernardo


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Fabio Shiva 25/01/2018

Simplesmente brutal!!!
Esta pungente tragédia nordestina é tão forte e contundente porque é, sobretudo, uma tragédia essencialmente humana. Paulo Honório, protagonista e narrador de “São Bernardo”, é tão universal quanto Édipo ou Hamlet, em suas ações e motivações. Se Édipo age porque não sabe, e Hamlet não age porque sabe, talvez Paulo Honório seja aquele que age para descobrir que não sabe...

Otelo e Dom Casmurro são outras figuras clássicas evocadas nesta poderosa obra, por conta do avassalador ciúme de Paulo Honório. Ao contrário de seus ilustres predecessores, contudo, o ciúme do herói de “São Bernardo” não nasce do amor, mas do sentimento de posse, que coisifica pessoas e relações. Madalena recusa-se a ser um mero objeto possuído, tal como a fazenda de São Bernardo, e por ousar expressar opiniões próprias incorre na ira ciumenta de Paulo Honório.

A prosa de Graciliano Ramos é poderosa e angustiante, enxuta ao extremo, onde não há sequer uma vírgula sobrando. A narrativa é de uma aridez tamanha que deixa a garganta da gente seca, implorando por uma gota de umidade! Isso aliado a uma concepção literária das mais altas, a serviço de um profundo questionamento sobre o sentido da vida humana e da ordem do mundo, imaginem! Tudo considerado, em minha opinião teria sido merecidíssimo se Graciliano tivesse sido o primeiro brasileiro a ganhar o Nobel de Literatura...

A edição que li traz, após o magistral romance, um ensaio crítico de João Luiz Lafetá, muito interessante, de onde copio algumas ideias para referência futura:

* “Sumário Narrativo” X “Cena”: “O ‘sumário narrativo’, explica-nos Norman Friedman, ‘é a exposição generalizada de uma série de eventos, abrangendo um certo período de tempo e uma variedade de locais’; a cena, por sua vez, implica a apresentação de detalhes concretos e específicos, dentro de uma estrutura bem determinada de tempo e lugar.” (177)

* “V. Propp demonstrou que os contos populares se constituem sempre em torno de um núcleo simples: o herói sofre um dano ou tem uma carência, e as tentativas de recuperação do dano ou de superação da carência constituem o corpo da narrativa” (V. Propp, Morfologia del cuento). (179)

* “O romance, segundo Lukács, é a história da busca de valores autênticos por um personagem problemático, dentro de um universo vazio e degradado, no qual desapareceu a imanência do sentido à vida” (G. Lukács, A Teoria do Romance). (195)

* “Como afirma Lukács, a mais humilhante impotência da subjetividade manifesta-se menos no combate contra estruturas sociais vazias do que ‘no fato de lea estar sem forças diante do curso inerte e contínuo da duração’.” (196)

Curiosamente, em seu brilhante e extenso ensaio o crítico deixa de mencionar dois aspectos que muito chamaram minha atenção:

1) O cachorro da fazenda chama-se Tubarão, em um rico e sugestivo paralelismo com a cachorra Baleia de “Vidas Secas”.

2) O que para mim sintetizou de forma brilhante a coisificação (ou reificação) de pessoas e relações em “São Bernardo” é o filho de Paulo Honório de Madalena, “franzino e amarelo”, rejeitado por todos, que é destituído até mesmo da simples dignidade de um nome. Ele é apenas o “menino”. Brutal!!!

E viva a Literatura Brasileira! Viva Graciliano Ramos!

http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/2018/01/sao-bernardo-graciliano-ramos.html


site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Juliana 26/01/2018minha estante
Suas resenhas são sempre inspiradoras. Quantos não foram os livros que li por causa delas! Fugi desse livro na época da escola, e hoje mais velha, estou fazendo o seguinte experimento: dar uma chance a minha pessoa de aceitar as indicações dos meus professores.


Fabio Shiva 27/01/2018minha estante
Oi Juliana, fiquei muito feliz com seu comentário, que alegria saber disso!
Sobre os livros que nos obrigam a ler na escola, acho que simplesmente não funciona obrigar a pessoa a ler tendo que decorar fatos e nomes para depois fazer uma prova, e ainda esperar que a leitura seja agradável e proveitosa! Lembro de "Iracema" do José de Alencar, que odiei quando li na escola, e tempos depois, ao reler por livre e espontânea vontade, amei!


faelfloriano 07/02/2018minha estante
Terminei de ler o livro hoje, justas as suas palavras!


Carolina 08/02/2018minha estante
As resenhas do Fabio dão vontade de ler os livros mesmo


Fabio Shiva 15/02/2018minha estante
Gratidão, amigos!


Nathalia.Ramos 02/04/2018minha estante
Tenho esse livro em casa, comecei mas não terminei. Agora quero saber da história :D


Fabio Shiva 17/04/2018minha estante
Que bom, Nathalia! Boa leitura!




Celsin 21/06/2021

O pio da Coruja
São Bernardo é uma obra-prima, gostei mais dele do que ?Vidas Secas?, achei mais direto, a história mais rica e profunda.

No início achei que leria sobre um novo Dom Casmurro, o que não acontece. Paulo Honório, o principal, é quem escreve o livro (nenhum dos seus amigos e conhecidos quis lhe ajudar), o que destaca a solidão do personagem no momento em que escreve, porém, sem julgar sua esposa ele confessa todos os seus ciúmes doentios e brutalidades para com ela e os outros. Diferente de Dom Casmurro, Paulo Honório não se vitimiza e sim assume seus erros.

De origem pobre, P. H. é um homem ambicioso, trabalhador, honesto e que quer conquistar riquezas, propriedades e, fugindo de si mesmo e do seu passado, ele é incapaz de ter empatia com as pessoas que o cercam e acha que são objetos onde ele os utiliza ao seu bel prazer!

Isso muda quando conhece Madalena e casa-se com ela. Um pouco mais à frente, tomado pelo ciúme, Paulo Honório se vê sem caminhos a trilhar, quando percebe que a esposa não se submete ao seu jeito opressor e machista de ser (acredito que era o jeito bruto dos homens do antigo agreste).

Com um choque de realidade e consciência, inclusive em uma passagem, quando ele lembra do tempo em que tudo era mais fácil de controlar e as coisas prosperaram, ele vai aos poucos mudando seu jeito Casmurro e começa a enxergar seus atos falhos já com 50 anos!

Apesar de ser um livro do início dos anos 30 e usar muito palavras nordestinas, foi super tranquilo e rápido até de se ler. Na edição que li, contou com um texto fazendo uma análise sobre toda a questão gramatical e da literatura, com dissertações e passagens sobre os personagens principais e a transformação do narrador, referências políticas e de época?Foi uma experiência incrível!
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Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Esse é bão mesmo.


23/07/2020minha estante
Um dos livros da minha vida. Depois de Angústia, este é meu Graciliano favorito.


Maria 23/07/2020minha estante
Não li Angústia. Ainda. Partiu colocar na lista. :-P




1Newton 19/08/2021

Cinquenta anos gastos sem objetivo.
"Por que não acompanhei a pobrezinha? Nem sei. Porque guardava um resto de dignidade besta. Porque ela não me convidou. Porque me invadiu uma grande preguiça."
Cinquenta anos pode ser bastante tempo jogado fora. No entanto, nunca é tarde demais para se tenta mudar...algumas coisas poderiam ter sido completamente diferentes caso Paulo tivesse ido atrás da Madalena.
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Gabriel.Luck 04/09/2023

O sertanejo
O melhor do livro na minha opinião foi o protagonista, que é muito bem feito e sua personalidade resoa em cada frase.
É realmente muito bem construido, tanto que pense no começo o pq desse livro não ser o melhor do ramos.
A forma de escrita chega a ser complicada no começo e é um tanto intuitiva em algumas palavra que estão longe do paulistano atual. Mas não faz da obra menos por isso, na verdade até fas mais por que assim da melhor forma para o personagem se expressar, que fica muito melhor no jeito de falar nodestino.
Ao longo do livro se mantém uma otima leitura, embora ache algumas coisas previsíveis. E a cena da conversa no meio/final do livro meio forçada.
Mas ainda sim é uma boa historia sobre um homem e suas lutas contra si mesmo e a modernidade.
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jade martins 30/09/2021

maldito Paulo Honório homem detestável e miserável mas que me fez compadecer por ele. uma vida pobre e sem nenhuma alegria, nem o filho conseguiu fazer brotar isso nele. morre com a culpa no peito e sem nenhuma conquista.
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caiozitosz 20/07/2023

Livro muito bom!
De início tive dificuldade para me conectar com a escrita, mas quando peguei o ritmo o livro se tornou muito gostoso de ler. Acompanhar os pensamentos e vivências do Paulo Honório é uma experiência intrigante, mas muito interessante. Tudo o que aconteceu mais próximo ao final foi incrível e inesperado, gostei bastante de como a obra foi concluída.
Esperava uma leitura chata, mas me surpreendi com a fluidez da história.
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Duda 27/06/2021

Em grande parte do livro fiquei com muita raiva de Paulo, mas no fim consegui entender sua angústia. Consegui sentir a angústia de Paulo, sua dor. Não sei como explicar o que senti lendo esse livro.
Fiquei com muita pena da Madalena, ela merecia um final bem melhor, ela era muito forte e acho que merecia MUITO mais.
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Jackson 29/11/2021

Trabalho, dinheiro e transformações sociais
São Bernardo é um ensaio sobre como ampliar suas terras através do trabalho duro e exaustivo... E claro, muitas reviravoltas!
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CAMBARÃ 29/09/2020

Inesperado
Esse escritor sempre me surpreende com sua prosa impecável.
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Fernandho7 16/11/2020

Ter ou ser?
O que construimos independente de como construimos e a isso nos apegamos (São Bernardo) a ponto das outras coisas ou pessoas que na nossa vida se apresenta, aparenta sempre ser menores, resulta sempre por perdermos essas que se apresentaram e chegar a conclusão que o apego total ao patrimônio não só nos tornou cego como parte desse patrimônio e assim menos pertencentes a nós mesmos.
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Amandinha 30/07/2020

Incrível!
Senti um carinho enorme por esse livro (mesmo com a personalidade deplorável do Paulo Honório), gostei de ver todo o processo de escrita dele enquanto analisava as escolhas que havia feito em todos os anos em S. Bernardo.
Para mim é um Brás Cubas misturado com Dom Casmurro.
O Graciliano conseguiu transpor os sentimentos e angústias de Paulo de uma maneira espetacular, senti raiva de Madalena e de Padilha, e uma certa ternura por Casimiro.
Se conhecesse Paulo Honório na vida real, com certeza teria uma impressão completamente diferente dele. Mas vendo ele tão transparente compartilhando essas memórias, uma parte de mim começou a gostar dele.
Recomendo mesmo o livros, aqui em casa já estou fazendo todo o mundo ler!
Um dos melhores clássicos da literatura brasileira!
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Giovanna.Pereti 08/08/2022

Denso
Livro denso, um tanto pesado também? não pela linguagem ? achei ela ótima, de fácil compreensão ?, mas pela profundidade dos acontecimentos e apatia da personagem principal diante deles?
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gabzete 21/02/2024minha estante
Eu amo Graciliano Ramos. Queria ler esse também


Rebeca 22/02/2024minha estante
esse é bom, recomendo!




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