Resenhas - São Bernardo

marcelo.batista.1428 01/03/2022

Paulo Honório, um rico fazendeiro do interior de Alagoas, é a personagem principal e o narrador dessa estória, que conta sua vida, da infância a velhice. A leitura tem fácil fluência, pois a escrita é simples, sem floreios, e mais, seguindo a personalidade do narrador, é também: bruta, seca, indiferente.
Paulo Honório segue a si mesmo, raras vezes duvida de si, é sincero em seus escritos. Com isso, através da ótica do dominante (em sua maior parte), encontramos um pouco da dura vida do nordeste brasileiro no começo do século vinte, e no meu caso, tento empatia (e acho que o autor me ganhou) com os sofrimentos individuais de uma personagem que tem tantos desacordos com o meu pensamento.
Uma observação: empatia não me faltou por Madalena: pensamento progressista silenciado apesar de todos os desvios tentados e de concessões realizadas por ela. Infelizmente me lembrou os dias atuais, parece que voltamos um século.

Kami 25/05/2022

Essa história desenvolveu uma relação de amor e ódio tão forte comigo que, chegou a um ponto em que não há meio termo, ou eu odiei o personagem, ou eu amei ele. É uma obra complexa de se entender, devido ao modo como é narrado e as consecutivas ações dos personagens. Paulo Honório é um tudo o que pode ter de ruim em uma pessoa: rude, ganancioso, antiético, ciumento, controlador, possessivo, desimano e por ai vai. Ele consegue "destruir", de um modo ou de outro, tudo o que rodeia ele, desde pessoas até propriedades. Tive muita pena de Madalena por ter se casado com um parceiro que não merecia a inteligência e intelectualidade que ela possuia, ainda mais por ele não saber reconhecer essas qualidades e, também, por desconfiar dela quando apenas demonstrava um pouco de humanidade para com os outros, o que nele não estava presente. Questões políticas da época em foi escrita são bem perceptíveis e, quando falados na narrativa, dá para destinguir o quão distintos Madalena e Paulo são. Além disso, existem muitos personagens que compactuam com o que Paulo faz e até o ajudam para que seja bem sucedido. Dá pra fazer uma relação bem interessante com Dom Casmurro, por conta dele também narrar a história sob o seu ponto de vista e das suas histórias de "amor". É necessário um bom aprofundamento sobre a obra antes de lê-la para assim conseguir compreendê-la um modo satisfatório.

elen5 11/01/2023

Eu gostei da leitura. Foi legal conhecer São Bernardo e a conquista da propriedade por Paulo Honório. O livro foi sem graça até a entrada da Madalena, logo depois engatou. Amei a controvérsia de pensamentos dela com o marido a propósito, botando opiniões políticas diferentes, principalmente a dela - sendo uma mulher -, e tendo seus pés no marxismo.
Em alguns pontos me perdi pela quantidade de personagens e nomes. Paulo é um homem insuportável e o puro suco do capitalismo e latifundiárismo.
Amei Madalena de todo meu coração e fiquei muito triste com o desfecho.

Jéssica Libranumo 25/06/2023

Os fatos e o tempo não voltam
A história de S. Bernardo se passa na década de trinta. O narrador, Paulo Honório, 50 anos, tenta revisitar dramas de sua vida e conflitos internos que até o momento em que o livro era escrito permaneciam inexplicáveis. Nem a fazenda S. Bernardo, que Paulo Honório comprou por preço irrisório, nem a professoras Madalena, a quem contratou para alfabetizar as crianças do seu empreendimento rural e com quem acabou casando, deram-lhe o sossego que tanto buscava. Resta-lhe a escrita; talvez ela lhe devolva a paz desejada.

Carolina492 20/08/2022

Muito bom
É o primeiro livro que li de Graciliano Ramos, e gostei bastante da história, li por conta de uma apresentação da escola, mas gostei tanto da história que planejo ler outros livros do autor. A história é viciante, você fica querendo saber o que vai acontecer depois, é a autobiografia de Paulo Honório, um homem grotesco e bruto, que só depois do suicídio da esposa, decide escrever a história da sua vida, é uma narrativa muito interessante, vale a pena ler.

juliarfs 23/09/2023

São Bernardo
É uma leitura interessante e que dá pra extrair várias coisas, mas o que mais me intrigou foi a divisão entre capitalismo e socialismo.

Paulo é um sujeitinho capitalista - selvagem -, que não se importa com muita gente, passa por cima de tudo; o fim justifica os meios. Ele me estressou tanto, ele é tão ganancioso e babaca.
Já Madalena, foi a personagem que salvou essa história para mim. Ela é culta, inteligente, se preocupa com o próximo, empática. É o equilíbrio entre o ruim e o bom.

Li para um círculo de leitura da faculdade, conseguimos debater bastante pois esse livro tem diversas camadas. A história em si não me marcou tanto, mas recomendo!

O que mais gostei foi a forma da escrita - é maravilhosa!! -, que é feito da forma em que o personagem fala, baseado na oralidade mesmo, achei muito interessante isso.

J_Piexak 19/08/2024

Então tá...
Em junho deste ano reli "Vidas secas", um dos melhores livros nacionais.

A forma como o Graciliano utiliza o regionalismo e debate temas tão atuais pelo ponto de vista de pessoas humildes e iletradas me encantou mais uma vez. Isso sem falar na habilidade dele em nos colocar na pele da cachorra Baleia.

Assim, pensei: por que não ler esse que é considerado por muitos a sua obra prima? O fiz mas não rolou sentimento algum.

Pra mim, o grande problema desse livro é que ele bebe muito da fonte de duas outras obras escritas anteriormente mas não chega nem perto delas: Dom Casmurro, de Machado de Assis e O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald.

"Gatsby" pela figura do Paulo Honório, um self made man alagoano que veio do nada e hoje possui tudo, menos amor. "Dom Casmurro" pelo ciúme doentio que ele nutre pela esposa e que a leva a ter o mesmo destino que Capitu.

S. Bernardo funciona como uma duologia com Vidas secas: enquanto lá acompanhamos a vida no sertão pela visão do oprimido, aqui a gente tem a visão do opressor já que o livro é narrado em primeira pessoa.

Só isso eu tenho pra falar. Desta vez você falhou, Graça.

Charles.Betemps 25/09/2024

Obra prima!
Meu primeiro e único contato anterior com Graciliano foi o seu livro de memórias. Então curioso ao iniciar esse romance. E superou demais minhas expectativas. Um clássico modernista.

Cabrardo autor 30/09/2022

OPINIAO SOBRE "SAO BERNARDO"
Nao consigo nao comparar em partes o personagem do Paulo Honorio com Heathcliff. A natureza das emoçoes envolvidas na narrativa sao igualmente brutais. A teimosia de besta de Paulo Honorio o conduz ao isolamento, condenando á ruina oq com tnt esforço ele construiu. Amei o livro.

Ed Souza 27/07/2024

São Bernardo
Comecei a ler este livro assim que terminei a grande obra de Graciliano - Vidas secas, que eu particularmente achei insuportável.

Comecei então São Bernardo e fui envolvido totalmente pela história de um homem de 50 anos, que só queria construir sua vida....e assim o fez...

Conheceu a riqueza, o respeito, a amizade... Só não conheceu o amor... E o sentimento maior que ele viveu foi o ciúmes.

Ciúmes que lhe levou ao fim.

Uma história rápida, uma história limpa, uma boa história

renata1004 19/02/2023

?Se fosse possível recomeçarmos, aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me, é o que mais me aflige.?

Incrivelmente, esse foi o primeiro livro de Graciliano Ramos que eu li por inteiro, e a única coisa que eu me arrependo é de ter demorado tanto a me aprofundar mais nesse escritor incrível.

Como costumo dizer, não farei aqui uma análise profunda de um livro clássico, porque são muitas nuances pra colocar num pequeno comentário como esse. Mas gosto de deixar minha impressão mais forte: é uma história incrível. A narrativa de Paulo Honório, que por mais que seja crua, ainda nos deixa ansiosos pra saber se o que ele pensa é verdade ou não, se o que ele conta aconteceu desse jeito mesmo ou não, se os seus ciúmes são infundados ou não (pra mim, é óbvio que são). O final é arrebatador e extremamente impactante. E lindo.

Como todo clássico, há suas passagens ?chatas?? que na verdade são apenas alguns momentos mais lentos ? mas isso não me incomoda em nada. Narrativa crua e bonita, majestosa; personagens profundos, humanos. Exatamente o que se espera de Graciliano.

Ivonete 29/09/2024

Maravilhoso
Publicado em 1934, São Bernardo é o segundo romance escrito por Graciliano Ramos.

O enredo gira em torno da vida de Paulo Honório e sua obstinação por conquistar status e respeito social, o que o leva a tomar decisões moralmente questionáveis.

Também fala sobre paixão, ciúmes e a obsessão de Paulo Honório por Madalena, uma professora simples, sensível e determinada.

O livro possui várias características que o destacam na literatura brasileira.
Aqui estão algumas delas:

1 - a história é contada do ponto de vista de Paulo Honório, o protagonista, permitindo uma leitura introspectiva.

2 - linguagem clara e objetiva, evitando adornos desnecessários.

3 - realismo, com uma representação fiel da vida rural e das relações sociais da época.

4 - personagem complexo: Paulo Honório é um personagem multifacetado. Sua evolução ao longo da narrativa, marcada por solidão e desespero, oferece uma análise profunda da natureza humana.

5 - o cenário da fazenda São Bernardo e o sertão nordestino influenciam os personagens e suas ações.

6 - a obra aborda temas como ambição, poder, solidão, amor, ciúmes e desilusão, que são universais e atemporais.

7 - a narrativa oscila entre passado e presente. Essa técnica enriquece a compreensão do personagem e suas motivações.

8 - Graciliano utiliza a ironia para criticar a sociedade e os valores que a regem. A ambição de Paulo Honório, que o leva a conquistar riqueza e poder, também o isola e o torna infeliz, refletindo uma crítica à busca desenfreada por status.

Durante a leitura, foi preciso ultrapassar a barreira de linguagem inicial, marcada por expressões regionalistas da época, que me eram desconhecidas. Após esse entrave, a leitura fluiu muito bem e foi uma experiência maravilhosa.

Natalie Lagedo 15/09/2017

É deveras difícil falar sobre um livro excelente. Quando ele nos toca a alma. Descrições do ambiente, não há. Do físico dos personagens, só remotamente. Mas em Graciliano isso não é defeito, é mérito. A densidade psicológica é a maior que já tive contato em obra escrita em língua portuguesa. Imergimos juntos com Paulo Honório na dor resultante da desconfiança.

O projeto de escrever um livro é calculado pelo narrador. Aliás, tudo na vida dele é fruto do muito pensar. As adversidades externas foram vencidas a todo custo, por meios lícitos ou não. No entanto, essa força para mudar o mundo o torna "inimigo' das outras pessoas, na medida em que passa a suspeitar de todos. Ascender a proprietário de terras quando veio do mais baixo nível foi um fato não superado pelo protagonista, que precisava reafirmar sua autoridade a todo o momento.

São Bernardo também trata de adultério, talvez apenas imaginado, de suicídio, este comprovado. Mais do que isso, da falta de comunicação, do orgulho. Da tristeza, solidão. A aridez aparente de Paulo Honório é quebrada pelo fantasma de Madalena e do que poderia ter sido e não foi. Ele escreve para si, na tentativa de entender ou, no mínimo, justificar o passado e a desesperança para o futuro.

Luana 04/11/2022

nos atinge e revela um pouco do que o homem pode ser e fazer
"-Estraguei a minha vida,estraguei-a estupidamente.
Penso em Madalena com insistência.Se fosse possível recomeçarmos...Para que enganar-me? Se fosse possível começarmos,aconteceria exatamente o que aconteceu.Não consigo modificar-me,é o que me aflige."
Paulo Honório,homem bruto,cruel e violento nos narra sua história de vida que foi traçada encima da ganância, decide deixar registrado tudo que conquistou e escreve ele mesmo sua história mas depois de tudo feito tenta encontrar alívio de toda gama de sentimentos e culpa na escrita,mesmo que por pouco tempo.

isisarsilv 08/10/2023

Maravilhoso
Tudo muito bem construído, me lembrou um pouco de um outro clássico brasileiro, pela forma que o livro começou não imaginava que terminaria desse jeito.