MLola16 14/11/2024
O universo mágico brasileiro ?
A Arma Escarlate, já faz um tempinho que tenho o box e sempre enrolei muito para começar a ler, após terminar a leitura de Harry Potter eu pensei "por que não?", muito se fala desse livro e de ele ser o "Harry Potter brasileiro", mas uma coisa não leva a outra e no fim talvez tenha uma ligação. Assim como muitas situações problemáticas acontecem no cenário de Harry Potter em arma escarlate também teria, a autora trás para o livro temas bem presentes na nossa realidade brasileira: corrupção, desigualdade social, drogas, preconceitos, mas acho que poderia ter sido trabalho de um jeito diferente. Hugo Escarlate é um personagem difícil de lidar, não é herói e nem vilão, muitas das suas ações tem espalhamento de sua vida difícil mas acho que mesmo sendo difícil ninguém quer prejudicar ninguém, e o Hugo acaba fazendo isso muitas vezes. Não posso mentir falando que o livro me cativou do início ao fim, o que me impulsionou a ler no início foi a curiosidade de saber como ela ligaria o mundo bruxo ao mundo azêmola (trouxas) e suas raras referências as religiões de umbanda e candomblé, o que cativou muito foi usar os feitiços em Iorubá, tupi, e línguas que realmente fizeram parte da construção do nosso país, sem o uso esteriotipado do latim e aquela imagem de que o que vem de fora é melhor, temos riquezas enormes no Brasil (que poderiam ter sido bem mais exploradas), também não posso deixar de lado o folclore brasileiro que foi levemente pincelado mas, novamente reforçando, poderia ter sido explorado mais. A questão é que o mundo "real" e o mundo bruxo pareciam ser os mesmos muitas vezes, as vezes até pior, a questão das drogas me pegou muito porque parecia um cenário de terror que não acabava nunca, era uma crítica a nossa realidade? Totalmente, mas poderia ter sido de outras formas.
Não é um livro ruim, não é um universo ruim, mas poderia ter sido algo bem maior e mais elaborado, o personagem principal não me ganhou em quase nada, e o único que realmente conquistou foi o meu querido Capí, que pode ser visto como o obediente e faz tudo, mas que está sempre em um conflito interno entre o certo e o errado, o fazer e ou não fazer, e acho que isso o torna tão especial e tão chamativo, o que faltou um pouco no Hugo. Mas é só o primeiro livro, espero que o Hugo evolua que esse universo mostre a grandeza que pode se tornar.
Apesar de seus grandes problemas, o Brasil não é apenas corrupção, bandidagem, drogas, futebol, carnaval e o que mais seja passado lá fora, temos muita história a ser contada, difíceis mas muito belas e inspiradoras.
Até mais??