spoiler visualizarZarur 05/06/2015
Escrito por Christiane Ruchefort, O Repouso do Guerreiro conta numa narrativa monótona a estória de Geneviève, uma estudante de medicina que encontra por acaso e salva do suicídio o alcoólatra Renaud, um ex-soldado sem esperanças com quem se envolve por todas as 248 páginas num romance abusivo e controlador. O livro é rotulado como sendo um dos melhores da autora, que sempre escreveu obras com um tom crítico a sociedade de seu tempo, por isso é bem claro que o contexto em que a protagonista se encontra ao lado de seu amado e abusivo Renaud se refere a nada menos do que o feminismo – ou a inexistência dele. Em suma, é claro que o romance se trata de um homem inseguro e uma mulher passiva.
Geneviève é a mais nova rica da cidade, envolta por pessoas de uma classe social elevada. A jovem se vê diante de conflitos pela imposição de Renaud sobre como ela se motiva para a vida. Ele a introduz numa rotina de sexo que até então era desconhecida, e ao longo do romance, sua personalidade vai se anulando até que não a reconhecemos como Geneviève, a promissora estudante de medicina, mas apenas como uma moça que teve sua vida desgraçada pelo amor inexplicável por um homem dominador escrava da rotina de um “guerreiro” acomodado que apenas busca álcool, sexo e romances policiais para ler sozinho no apartamento, começamos então a notar uma mulher se perdendo, proibida de ver a família e frequentar seu antigo círculo de amizade.
O desfecho desta relação desastrosa se faz quando Geneviève, já imersa em confusão mental pelo desgaste da relação, é mandada para a internação. Seu estado psicológico desmorona com os conflitos que Renaud instala em sua mente, fazendo-a crer que apenas seu corpo o motiva e que não há outra realidade no mundo senão a vida com ele. Sempre humilhada, esperava apenas o momento em que teria certeza que é amada pelo homem cujo se entregou para que tudo valesse a pena. Ao final do livro temos a resposta para a pergunta e mais um bom motivo para nos intrigarmos com o romance.
A trama é praticamente uma autoexplicação do título. Geneviève nada mais é do que o descanso do atormentado Renaud. No meu ponto de vista, é uma história perturbadora, mas linda em sua forma com que nos mostra a perdição de duas pessoas. Por que Geneviève se limitou a uma vida indigna com um homem tão medíocre? Faz-nos perguntar a que ponto alguém pode ir por amor, e se realmente vale a pena a entregar tudo de si para uma paixão que nos adoece. Ruchefort não poderia ter escrito com melhor sensibilidade sobre o verdadeiro amor e suas várias formas de manifestação.