Moonlight Books 19/08/2012
O Pássaro
"Europa, século XIII. Época dos vestidos pomposos, das charretes elegantes e das extensas propriedades de terra com seus castelos, onde perambulavam serviçais, condes, duques, barões e segredos.
Uma sociedade cujos extremos eram marcados por servos e senhores, respectivamente conhecidos como vassalos e suseranos, que conviviam no sistema feudal. Uma cerimônia simples, um punhado de terra despejado, mais um vassalo a servir. Este se instalava com mulher e filhos nas terras do seu senhor, nas quais viveriam a troco de trabalho, suor e tributos dos mais incabíveis.
Uma vida difícil, porém, para os menos afortunados, era a condição mais aceitável para se viver com dignidade.
Do outro lado, estavam os senhores das terras e suas famílias. Esposas caladas, filhas obedientes, homens rígidos. A imagem perfeita para se passar à sociedade – muito embora ninguém imaginasse que aventuras e amores proibidos se escondiam por trás daqueles olhos baixos, submissos a uma vida de regras, castigos, imposição do certo e proibição do errado. Uma vida resumida a aceitar sem argumentos ou contestação. Mas havia uma jovem determinada a quebrar essas convenções." (O Pássaro, página 9)
Caroline de Mondevieu, é uma jovem rica, filha de um poderoso barão, vive cercada de belos vestidos, jóias, riquezas infinitas, ou melhor dizendo, tudo o que o dinheiro pode comprar, mas não tudo o que a jovem precisa.
Em uma época onde homens diziam faça a as mulheres deveriam apenas baixar a cabeça e obedecer, a jovem Caroline trocaria todos os bens materiais que possuía, por apenas uma coisa, liberdade.
Sim,liberdade, algo que dinheiro nenhum poderia proporcionar à uma mulher, naquele contexto. Caroline queria ter o direito de decidir cada passo de seu caminho, ela não conseguia aceitar, por exemplo, que fossem os pais, quem escolhessem com quem seus filhos casariam, para ela casar deveria ser por amor, não por negócios.
Durante sua infância a garota, ria e brincava com tudo que a cercava, era a alegria, a luz, daquele lugar de tirania e servidão, não só para a mãe e a irmã, mas para todos os que viviam naquela casa, com exceção de seu pai.
O pai, um homem cruel e impiedoso, que vivia em função de mostrar, para a sociedade, que sua família era um exemplo a ser seguido, a família perfeita.
Tudo uma grande encenação, só quem vivia atrás das portas daquela casa, realmente conhecia a verdade, não havia família perfeita e unida, existia um tirano e suas servas, ou melhor dizendo sua esposa e as duas filhas.
Caroline não via diferença entre sua família e os empregados de seu pai, para ela todas as pessoas eram iguais, levavam a mesma vida que ela, mas sua doce ilusão, veio cair por terra no dia que conheceu Bernardo, um menino que era filho do cuidador de cavalos.
Bernardo, sentia extrema aversão aos senhores das terras e suas famílias, repudiava o tratamento cruel e injusto que estes reservavam aos seus empregados, e no dia que encontrou a sorridente Caroline, descarregou toda sua amargura na menina, mostrando que não havia igualdade nenhuma, entre os ricos e os pobres.
Assim a inocência de Caroline começa a deixar de existir, e em sua mente surgem as primeiras indagações sobre as maneiras de seu pai e as convenções sociais de sua vida, e com uma simples pergunta, dirigida ao pai, o mundo dela desaba, pois aquele que deveria ser seu protetor, responde sua pergunta com uma surra, que deixou não marcas na pele, mas na alma de Caroline.
Primeira lição, uma mulher não questiona, ela escuta, sorri e obedece.
Dez anos se passam, Caroline nunca mais questionou o pai, porém ao saber que sua irmã e melhor amiga, foi prometida em casamento, por decisão do pai, todas as suas perguntas e insatisfações, com sua vida vêm a tona, e ficar calada, torna -se impossível.
Há somente uma maneira de viver, que pode justificar a existência de uma pessoa, e para a moça, esta maneira é ser livre. Em sua busca por ter o direito de tomar as rédeas de sua vida nas próprias mão, Caroline decide enfrentar não somente as regras da sociedade, mas também seu pai, que viria a ser seu pior inimigo.
Na busca por seu destino, ela irá reencontrar o menino que abriu seus olhos, Bernardo, agora um homem feito, e de personalidade tão forte, quanto a da moça, que consegue irritá -la, apenas com um de seus sorrisos sedutores, mas que almeja sua liberdade, tanto quanto Caroline, e somente unidos poderão tentar vencer.
"Grandes emoções os aguardam em sua jornada; perseguição, mistérios, ciganos e o despertar de um sentimento que insiste em se manter escondido. Mas o que parece tão simples envolve muito mais magia e coincidências que eles podem imaginar, além da descoberta de segredos, até então, muito bem guardados."
(Trecho da sinopse da Obra)
O que posso dizer, uma obra única, identifiquei - me com Caroline, diversas vezes durante a leitura, não porque eu tenha uma vida cheia de regras e submissão, pelo contrário, meus pais sempre me deixaram livre para escolher meus caminhos, digo que me senti assim em relação a personagem, pois existem tantas coisas ao nosso redor, arcaicas, que precisam ser urgentemente revistas, mas por costumes e tradições ainda são mantidas.
Caroline foi uma mulher a frente de seu tempo, pode ter sido chamada de rebelde, imatura, qualquer coisa, mas ela nada mais foi que uma alma pura e destemida.
Neste livro conheci uma mulher de fibra e coragem, e também Bernardo, um homem de caráter e honestidade, que juntos me fizeram rir e me fizeram chorar, eles são capazes de mostrar o quanto vale a pena lutar pelo que queremos, e por mais que existam aqueles que dizem que estamos errados, devemos nessas horas, apenas sentir e ouvir a voz de nosso coração.
Quando faltavam exatamente 100 páginas para o final, eu fiquei pensando o que mais poderia acontecer, e então eu soube, um desfecho sem igual, e totalmente surpreendente.
Samanta, que final foi aquele?
Encerro, com o trecho do livro que achei o mais belo de todos.
"Deixou cair o capuz, como se ele também significasse uma das suas amarras para aquela vida artificialmente bela e segura. Naquele momento, ela se declarava livre."