Estefânia 21/08/2011
Acredito que qualquer um que goste de vampiros, ou se interesse por literatura fantástica nacional, já tenha pelo menos ouvido falar de André Vianco. Ele é o autor brasileiro mais expressivo no que se refere aos seres sugadores de sangue. Se você quiser descobrir a razão de tanto sucesso, “Os Sete” é o livro do Vianco que eu te indicaria.
Os vampiros de Vianco são excelentes exemplos de personagens fantásticos capazes de invadir a mente do leitor, e lá fazer morada e se tornar referência. Não encontro ninguém que tenha lido “Os Sete” e que não tenha se identificado e torcido por pelo menos um dos sete vampiros portugueses que são trazidos ao Brasil em uma caravela, há séculos atrás, e sepultados em uma caixa de prata na costa do sul do país. A caixa contendo os monstros da noite é encontrada pelos amigos Tiago, Olavo e César, que se divertem mergulhando nas horas vagas. Eles enxergam no tesouro histórico uma chance de lucrar, e um grupo de pesquisadores da Universidade de Porto Alegre se interessam pela empreitada. A caravela é resgatada do fundo do mar e, com ela, a caixa amaldiçoada. Ignorando os avisos esculpidos na prata, os pesquisadores abrem a caixa e ali encontram sete cadáveres ressequidos. Eliana, uma das pesquisadoras, e amiga de infância do trio mergulhador, acidentalmente se corta na borda da caixa. O sangue dela escorre e atinge um dos corpos. A partir daí, os pesquisadores observam atônitos o lento processo de cura e rejuvenescimento que o cadáver começa a desempenhar por conta própria.
A cena do despertar do primeiro vampiro é uma das mais tensas e melhor descritas do livro. Daí por diante, somos apresentados ao grupo de vampiros lusitanos mais assustadores de todas as eras. Eles não só bebem sangue, se escondem do sol, são velozes e insanamente fortes, mas, além disso, têm poderes sobrenaturais concedidos pelo próprio diabo. Inverno, Acordador, Tempestade, Lobo, Gentil, Espelho e o misterioso Sétimo receberam essas alcunhas por causa das habilidades únicas de cada um. E eles sabem usá-las perfeitamente na hora de aterrorizar esse novo mundo para o qual foram trazidos à força.
André Vianco conseguiu transformar o Brasil num cenário sombrio, digno dos filmes antigos de terror. E, aqui, os vampiros empreendem uma jornada cheia de ação, com o objetivo de capturar Eliana e a caravela para retornar a Portugal, além de impedir o despertar do irmão Sétimo – temido até mesmo entre os vampiros. Tiago, Olavo, Eliana e César aparecem como a força opositora a eles. O exército brasileiro também entra na briga. O resultado dessa bagunça toda? Um livro repleto de ação do começo ao fim.
A narrativa de Vianco é bem simples, fácil para qualquer um ler. Não exige nada do leitor. Outro ponto deste autor que gosto muito é a forma como ele insere nos seus livros grande parte dos seus gostos pessoais. Bandas de rock são citadas mais de uma vez, como Guns ‘N’ Roses e Raimundos. Todos os jogos de futebol que aparecem no livro são partidas vencidas pelo São Paulo. Quando aparece um bandido, logicamente é um corintiano! Eu ria muito nesses momentos.
A fantasia é envolvente por si só, mas o grande destaque é a criatividade na criação de cada personagem. Os vampiros foram tão habilmente construídos que o livro rendeu mais títulos vampirescos com participação dos sete vampiros. Porém, nenhum dos livros da sequência me encantou tanto quanto o que deu início a esse sonho de vampiros em terras ensolaradas brasileiras.