spoiler visualizarPaulinha 04/01/2013
Claraboia é uma obra que, ao que me parece, foge do estilo de seu autor, José Saramago. Em "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a Cegueira", Saramago tem uma escrita bastante peculiar, não obedecendo às regras gramaticais, principalmente, de pontuação. É uma leitura dinâmica, intensa e que, por trazer esta forma, dá asas a várias interpretações. Diferentemente, Claraboia aparece com uma escrita tradicional, texto em linguagem coloquial. É a história de cada um dos seis moradores de um mesmo prédio, escritas de forma intercalada por capítulos. O interessante neste livro é que não é o final a parte mais importante, e sim o desenrolar da história. O final de cada um é, inclusive, bem previsível, conforme o leitor gostaria. Bonito mesmo é o escritor trazer à tona os pensamentos e sentimentos de cada personagem. Os apartamentos estão assim divididos: uma mulher solteira, chamada Lídia, de 30 anos, amante (teúda e manteúda) de um homem mais velho; um sapateiro e sua esposa Mariana, já avançados na idade. Para complementar a renda, o casal hospeda um jovem, a título de pensão. Neste cenário estão os diálogos mais bonitos; duas irmãs mais velhas, uma solteirona e uma viúva, com suas duas filhas - desenvolve-se, aqui, o tema da privacidade, amizade e cumplicidade; um casal que perdeu uma filha ainda criança. O livro já começa com esta informação e narra a amargura da mãe com tudo na vida e a decepção e desgosto do marido em relação ao casamento; um casal com uma filha mimada de 18 anos. Debate-se, em especial, os limites da educação de um adolescente; e, finalmente, um casal, cuja esposa é estrangeira (espanhola). Há muita discórdia entre este casal e o filho, com oito ou nove anos de idade, absorve o clima tenso do lar somatizando-o em doença, período no qual as maiores reflexões acontecem. É um livro bonito e interessante, principalmente para nossas próprias reflexões, mas não tão instigante. Recomendo a leitura, em especial, por tratar-se de um escritor tão renomoado.