Genealogia da Moral

Genealogia da Moral Friedrich Nietzsche




Resenhas - Genealogia da Moral


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Alessandro 10/01/2022

Um livro que todos deveriam ler...
Você já pensou sobre os seus valores? Como surgiram? Como chegaram a você? Pois é disso que trata esse livrinho que visa destruir todos os valores... pois, para Nietzsche, eles são impostos, frutos da vontade do outro e não a sua... o cristianismo? É botado a prova no fogo e não subsiste... e o que é nobre? A conduta daquele capaz de superar todos os valores e fazer imperar a sua vontade!
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Jogute 05/12/2022

Canetada do bigode
Sem duvida, uma "tour de force" do bigodudo, é fascinante, poderoso! Não é possivel vi(ver) o mundo à partir da mesma perspectiva depois de passar por suas ideias... E urge que assim seja! É válida essa forma de impulsionar o humano estagnado, ressentido, fruto podre que pende no galho seco da civilização cristã ocidental. Mesmo sem apreensão integral, concordo é um livro dificil, mas não é rebuscado, erudito, é difícil pois a má consciência age, resiste, os conceitos de Nietzsche à acossam e ferem; admito, exaure. É muita poesia escorrida em venenosa potência. Também preciso de mais leitura para destrinchar todas a dubias passagens, que polemizam, criam a imagem histórica distorcida desse filosofo, que é talvez o mais pop da atualidade.
Tenari 05/12/2022minha estante
Como saber se estou preparado pra ler Nietzsche?
Sempre tive curiosidade mas sempre falam da complexidade...


Jogute 09/12/2022minha estante
Tenta achar aquela coleção Os pensadores, com os textos imcompletos, são sempre os mais curtos, e anotações gerais dos maiores, estão em ordem cronologica, é excelente pra começar, mas n se preocupa com entender tudo, de ninguém, n faço isso e ajuda muito aliviar essa pressão pra poder começar




Yngleb 18/04/2022

Difícil, porém necessário.
Bem... Difícil dizer sobre o livro e, principalmente, sobre o autor. Foi a primeira vez que li Nietzsche... Tenho que confessar achei difícil, mas sabia que era por não ter conhecimento suficiente sobre suas obras. No decorrer da leitura começou a ficar mais claro o que Nietzsche dizia, porém confesso que não muito.?

É necessário insistir e prosseguir com livros de apoio, vídeos explicativos e outros ensinamentos. Mas vamos lá, é só o começo!

Desistir não é uma opção!
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Rangel 02/07/2015

DE UMA MORAL IDEALISTA PARA UMA ÉTICA MAIS RACIONAL EXISTENCIALISTA
Friedrich Nietzsche, filósofo provocador e polêmico, deixou sua obra “Genealogia da Moral: uma polêmica” para analisarmos o conhecimento de que nós não conhecemos e procurarmos nos conhecer. A chave da sua obra é a busca pelo autoconhecimento, através da esperança e do resgate de valores ainda não estabelecidos pela cultura vigente. Nietzsche, ao rebater a filosofia socrática, sempre se apoiou em Heráclito, que enfatizava a razão demonstrar a própria razão.
No decorrer da sua obra, Nietzsche discorre sobre juízos de valor entre bem, mal e ideais ascéticos, o qual sempre esbarra no idealismo cristão. Assim, ele dividiu seu livro em três dissertações, que preceituam morais do próprio homem.
Na 1ª. Dissertação, ele fala sobre o bom e o mau, que considera existir duas classes: a dos senhores nobres (guerreiros e sacerdotes) e a dos escravos. Os guerreiros são a classe dominante, que cultuam a virtude do corpo, e os sacerdotes cultivam o espírito. Assim, no primeiro momento, distingue-se a moral dos senhores nobres e a moral dos escravos. O nobre é o indivíduo com afirmação positiva de si mesmo como ser bom, belo e forte, e por isso, que são conquistadores e poderosos. Não dependem de nada e de ninguém para se sentirem felizes, apenas de si próprios. E deste conceito, há a contraposição do que é ruim, como feio e fraco, que pode ser característico de um plebeu ou pessoa vulgar. Já, a moral de escravos é a moral do ressentido, o qual para ser feliz, considera outras pessoas como superioras a ele, e considera os valores dos senhores maus. Assim, o escravo considera que o bom é fraco e o forte é mau, porque ele inferioriza. E por esse prisma, a cultura ocidental demonstra ser uma cultura de ressentimento, que herdou do povo judeu, o cristianismo, que era ressentido com os romanos. A vitória dos escravos sobre os senhores fortes e dominadores fez prevalecer que os bons são os sofredores e escravizados, assim transmutou-se a ideia de que impotência é bondade, baixeza é humildade, covardia é paciência. Entretanto, a dúvida é a bondade dos escravos, que utilizam de sua imagem de fracos vulneráveis para um contra-ataque e tomada de poder. Foi o que houve com a vitória dos cristãos no Império Romano, que utilizaram a imagem de Cristo como líder, aparentemente vencido, mas vencedor no final, o que deteriorou a moral dos nobres senhores, que tiveram sua moral predominante por muitos séculos. Assim, negar a bondade dos senhores é tomar posse da inferioridade, como figura niilista, o que na verdade, é negar a potência natural do ser humano e se conformar com ressentimento como algo moralmente bom. Daí, a necessidade de preservar a figura do nobre senhor na sua pessoa, no sentido de viver o seu ser criança em buscar de amadurecer e ser adulto, a fim de que se sentir forte, é sentir ser uma espécie como indivíduo que aprende a ser libertado da infantilização.
A 2ª dissertação é a concepção da consciência, de culpa e ideia de dívida, uma vez que o esquecimento é saudável e a memória não é algo natural na concepção da subjetividade da dor. Se Deus é infinitamente bom, a ingratidão é sinal de impureza e sinal de prestação de contas. Assim, o castigo é visto como forma de compensar o sentimento de culpa do ser humano. E a obrigação só é existente entre credor e devedor, a qual foi adaptada feita pelos sacerdotes nas trocas realizadas na antiguidade, sendo Deus, o credor, e os acontecimentos de benefício um acordo de troca, se os homens forem obedientes aos seus ensinamentos e vontade. Entretanto, a cultura ocidental foi inculcada pelo catolicismo, que sempre doutrinou a purificação da alma como renúncia aos impulsos, ou seja, reprimir os instintos, o que faz o indivíduo ter um conflito interno entre desejo e restrição, o que pode levá-lo ao adoecimento. Assim, para escapar desta culpa ressentida, o antídoto é a experimentação, ou seja, o esquecimento de toda carga de culpa pela da dor.
Na 3ª. Dissertação, os ideais ascéticos são tratados como renúncia aos desejos e mortificação das vontades humanas, uma vez que o ideal ascético é o imaginário do bom cristão expressado pelo sacerdote, que prega a negação das vontades terrenas e realizar a vontade de Deus, a fim de encontrar a salvação futura. Tal ideal fez o homem negar a si mesmo em prol de uma recompensa espiritual. Então, o sacerdote cria o querer a nada e nada querer, o que é uma concepção objetiva de querer dominar a vontade e dominar o desejo. Através de tal querer, o sacerdote controla as pessoas pela promessa da recompensa espiritual, e faz isso para evitar o suicídio coletivo e a melancolia. Então, este ideal é a ponte para uma vida futura, ou seja, após a morte, que se abdica da vida hoje querer o nada para viver uma vida eterna feliz. Assim, as pessoas vivem a religião por códigos simbólicos que no futuro, os sofrimentos atuais encontrarão a felicidade certa. Pode-se então concluir que conhecer é desconstruir o que foi assimilado na vida e tentar reconstruir preceitos morais na própria existência.
Assim, conclui-se que Nietzsche faz uma crítica ao catolicismo por exaltar a moral ética dos fracos e subestimando a necessidade ética de ser forte na vida, propõe uma psicologia da consciência em distinguir de ser cruel ou não, nas tomadas de decisões de modo mais racional, e expõe uma crítica ao ascetismo de não querer o nada, mas que o ser humano deveria buscar novos valores existenciais.


site: http://lrangel.ortiz.zip.net/
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Pedro 13/09/2021

?
Aaaaaaa vey q ódio,eu tinha feito uma resenha enorme pra esse livro,mas o skoob não salvou!!!!E agora não vou escrever de novo não ?
Margô 14/12/2021minha estante
Rssss... já aconteceu o mesmo comigo!???




Marcos 20/06/2021

Terei de reler
Sabe quando você lê uma frase e, por distração, todo o sentido dela fica vago e você só pega o sentido de uma palavra isolada? Senti isso nesse livro. Algumas reflexões do Nietzsche me faziam divagar enquanto lia e, quando tentava retornar, não sabia onde havia começado a divagar e perdia toda a reflexão que ele trazia. Creio que o livro trás uma reflexão profunda, que foi base para o ateísmo e para alguns jogos de Assassin's Creed (sim, nem eu esperava que algumas das reflexões trazidas no jogo tinham Nietzsche como base). As elocubrações de Nietzsche viajam pela genealogia da moral (como o nome do livro diz, apesar de eu não compreender o que queria dizer antes de ler), é sobre as origens de bem e mal (no sentido de que bem e mal, pecado ou virtude, são todas perspectivas da cultura humanas e não naturais - nesse caso ele busca trazer os questionamentos sobre a noção de bem e mal para os cristãos). Creio que ele fala muito mais do que captei, por isso o que teci aqui talvez esteja errado. Vale a leitura para toda pessoa que goste de ir além (Plus Ultra).
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Leandro.Battu 11/04/2021

Primeiro livro desse filósofo que leio. Interessante como ele entende o bem e mal. Ele também deixa bem claro a sua repulsa pela religião. Ele explica os motivos do homem "fraco" se refugiar na religião (apenas para dar um sentido ao sofrimento), se eu interpretei corretamente. Acho que preciso reler o livro novamente para compreender melhor o pensamento do Nietzsche.
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Estefania 31/03/2021

Leitura difícil e controversa em alguns momentos. Já está programado pra releitura.
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Cdmm 22/10/2020

Chatíssimo
Apesar de ter avançado no pensamento filosófico a escrita é chatíssima, arrogante, pedante, insuportável. Acho que é o homem mais chato do mundo. Foi um suplício.
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C9 02/11/2020

Reflexivo e complexo.
Por que temos essa vontade pela verdade? afinal o que é a verdade? O bom é o que se assemelha ao perfeito? mas a perfeição não seria a negação da vida como ela é? negar a própria humanidade e com criar isso uma divida eterna com a perfeição?
Obra grandiosa, ele nos faz refletir se todas as nossas bases morais não são artificiais, será que existe um ressentimento dos fracos para se vingarem dos fortes? Leiam meus amigos, vale a pena para quem gosta de colocar a prova todos os seus conceitos sobre as questões da vida.
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frsco 10/02/2023

O melhor dele até agora
Esse livro é muito bom.
é um além do bem e do mal só que uma versão melhorada, direto ao ponto e com mais reflexões que deixam o leitor pensativos mesmo.
tem menos misoginia e menos dos preconceitos dele nesse livro.
gostei mto recomendo
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Paulo Silas 24/02/2016

Denso, complexo e muito profundo. Em que pese a aparente pequenez da obra, é um dos livros em que Nietzsche mais disseca os temas abordados. Para que a leitura possa fluir e ser melhor compreendida, é necessário que o leitor esteja habituado com os escritos do filósofo. O alerta em tal sentido é dado pelo próprio Nietzsche no prólogo do livro:

"Se este livro resultar incompreensível para alguém, ou dissonante aos seus ouvidos, a culpa, quero crer, não será necessariamente minha. Ele é bastante claro, supondo-se - e eu suponho - que se tenha lido minhas obras anteriores, com alguma aplicação na leitura: elas realmente não são fáceis."

O livro é dividido em três dissertações, cada qual com uma análise filosófica/psicológica/antropológica profunda de questões atreladas à moral e sua genealogia.

A primeira parte da obra (""Bom e mau", "bom e ruim"") se aprofunda em sobre como o ser humano chegou à sua condição atual, preso à moral arraigada na sociedade, de modo que o autor acaba buscando respostas na origem da cultura. A instituição de agrupamentos das pessoas (comunidades) ganha um respaldo na pesquisa do filósofo, a fim de constatar as origens das definições morais. É uma busca pela valoração dos valores. O que originou e definiu o bom como sendo bom e o mau ou ruim como sendo mau ou ruim? Não obstante a dissecação explorativa feita por Nietzsche, há conjuntamente a destruição dos valores constatados na pesquisa do autor.

A segunda dissertação (""Culpa", "má consciência" e coisas afins") demonstra que há um forte liame entre os impulsos do homem e as conquistas culturais. Os instintos produzem a consciência (ou má consciência), as quais são responsáveis pelas formalizações culturais das comunidades: direito, religião, trabalho e política. Nesta parte do livro há uma notória análise psicológica-antropológica da história da cultura e seus reflexos e consequências até hoje existentes.

Na terceira e última parte da obra ("O que significam ideais ascéticos?") está a conclusão que levam as duas primeiras dissertações do livro. O ideal ascético é destrinchado, exposto e novamente estruturado a fim de compreendê-lo integralmente. É a ânsia pelo nada, a necessidade de se criar algo para que possa haver um conforto e supressão dos instintos. O ideal ascético é personificado no sacerdote, o qual reúne e direciona todo o ressentimento dos fracos, dos escravos, do rebanho para dentro dos próprios, se insurgindo contra os dominantes e adotando os ideias da moral de acordo com a criação destes próprios. A profundidade da exposição feita em tal ponto é surpreendente.

"Genealogia da Moral: uma polêmica" foi escrito originalmente para complementar a obra anterior, "Além do Bem e do Mal", vez que Nietzsche retoma e cita inclusive passagens do outro livro. É uma escrita robusta, profunda, erudita e em vários pontos complicada. Cada parágrafo da obra gera muita reflexão e interessantes interpretações. É um livro que deve ser lido e relido, cada vez mais com o intuito de tentar melhor compreender o turbilhão de mensagens transmitidas pelo filósofo.

Recomendo!
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Nena 04/07/2016

Ler Nietzsche nunca é fácil, por mais habituado q já esteja à sua escrita. Já li alguns livros e sempre me pego discordando e concordando com seus pontos de vista. Mas uma coisa é fato, ele era uma pessoa q conseguia posicionar-se e defender suas ideias como poucos. Mesmo em uma época de tanto moralismo e conservadorismo. O Bom vs Mal é amplamente e brilhantemente explorado em aforismos. Livro q vale a pena ler.
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Daniel 12/12/2011

genealogia da moral
Em quais condições o homem inventou os juízos de valor expressos nas palavras bem e mal e que valor possuem tais juízos? Estimularam ou barraram o desenvolvimento até hoje? São signos de indigência, de empobrecimento, de degeneração da vida? Estas são as perguntas que norteiam todo livro deste pensador, considerado como um dos mestres das suspeitas, acompanhado por Freud e Marx.
Todos os conceitos são construídos socialmente num processo histórico. Sendo desta forma, Nietzsche procura em quais lugares históricos do pensamento da humanidade a moral e ética nasceram. Analisa a criação de conceitos fundamentais para a eticidade atual dentro do contexto em que foram criados.
A noção de conceitos criados humanamente é já, em si mesma, uma crítica à filosofia platônico-socrática, a qual ensina que os conceitos e idéias não podem pertencer ao mundo sensível, posto que os sentidos são enganosos, e por isso ficam “flutuando” no mundo das idéias...
Nietzsche não está preocupado em descobrir se foi alguma divindade que ordenou ou não quais preceitos morais deverá seguir a humanidade, pois já chegou à conclusão de que os preceitos morais dizem respeito aos homens e mulheres apenas, logo não são transcendentes, porém, imanentes à natureza.
O livro se divide em tratados, a saber:
1. A origem de “bem e mal” e “bom e mau”;
2. Falta, má consciência e fenômenos;
3. O que significam ideais ascéticos?

Não há como negar que Nietzsche seja polêmico, dada a forma como ele escreve seus textos, que sempre estão acompanhados de uma boa “pitada” de crítica apimentada. Entretanto, não se pode desprezar o pensamento de uma pessoa só por contrariar o pensamento de uma maioria, pois nem sempre a maioria fala a verdade. Em verdade, temos grandes exemplos de grandes maiorias cometendo graves equívocos.
Escreve em forma de aforismos, que segundo o próprio Nietzsche, requer uma arte de interpretar, isto é, aforismos são pedras a serem lapidadas com calma. Para compreender bem seus aforismos é preciso ser quase vaca, é preciso ruminar.
No primeiro tratado, o filósofo separa moral em duas espécies: a moral de escravos e a moral de senhores.
Ele entende por nobre aquele em quem há uma afirmação positiva de si-mesmo, aqueles que eram os dominadores, os poderosos, os senhores; nobre é aquele que age positivamente na construção de seu si-mesmo por meio de si-mesmo. Difere-se do ressentido na medida em que para sentir-se feliz e bom precisa partir de si mesmo para tal, não de outrem.
O ressentido, por sua vez, é aquele que para construir sua felicidade, precisa comparar-se a um outro que lhe é diferente, um não-mesmo (um que não seja si-mesmo); este outro a quem se compara lhe é superior. Desta comparação nasce a inversão de valor “bom” e “mau”: “Bom sou eu, que sou inferior ao nobre (aquele que age) e mau é o nobre que, por ser superior a mim, me inferioriza”. Note-se que o ressentido sofre nesta comparação que ele mesmo faz, sente-se retraído, ofende-se. Ao comparar-se culpa o nobre (que lhe é superior) como causador de sua inferioridade. O ressentido, portanto, é aquele que sofre uma ação, e apenas por meio desta ação sofrida é que age, isto é, reage.
Essa moral ressentida é a moral de escravos que cria valores negativos em relação ao outro e ao próprio sujeito ressentido.
O sim que o nobre diz, diz a si-mesmo; o não que o fraco (ressentido) diz, não diz a si-mesmo, mas a um que não é si-mesmo, a um não-mesmo, negativiza o superior e o diferente de si. É exatamente sob este aspecto que surge o niilismo, que nada mais é do que todo este processo do ressentimento em negar, em dizer não à vida, à vontade de potência que é inerente à vida e à natureza.
No segundo tratado, o autor descreve a origem da má consciência, que é exposta como os instintos reprimidos que não se exteriorizaram e então se voltam para dentro, contra o homem mesmo que possui esses instintos; e da noção de dívida, proveniente das relações entre credor e devedor, é que surge a idéia de culpa.
No último tratado, sobre o ideal ascético, o filósofo batalha contra os negadores compulsivos, ou seja, aqueles que negam a vida, a natureza, os princípios básicos de vida.
Para resumir de forma simples, porém, contundente o que significam os ideais ascéticos para este homem, que eu considero, um dos mais ousados filósofos, podemos usar uma frase do próprio livro:
“O ideal ascético tem sua origem no instinto de proteção e de salvação própria a uma vida em degenerescência.”
Há muito o que se aprofundar nesta pequena frase e podemos seguir os mesmos caminhos de Nietzsche para entende-la.
O ideal ascético professa, direta ou indiretamente (mais indiretamente do que diretamente – os leitores de Nietzsche entenderão bem se eu falar em becos, valados e lugares escuros), que a vida não é um fim em si mesmo, porém apenas um meio para se chegar a uma outra vida que estaria no além. Explicando de outra forma, a vida é enxergada como uma ponte, um teste, uma passagem... A vida ascética é vida post-mortem.
Nas palavras de Friedrich:
“Um modo monstruoso de apreciar a vida não é um caso excepcional na história humana; constitui um dos estados, de fato, dos mais gerais e mais duradouros”.
Este ideal, portanto, foi visto pela sociedade como o único ideal possível de ser vivido. Não houve nenhum outro ideal que lhe servisse de oposição (pelo menos os que tentaram não conseguiram).
Nietzsche também critica os cientistas modernos como aqueles que possuem em seu interior a força propulsora do ideal ascético, pois acreditam ainda na existência da verdade, são seus defensores.
A gênese do ideal ascético se encontra justamente no ponto em que o homem sentiu necessidade de dar sentido para o sofrimento, como vemos:
“O homem, o animal mais corajoso e mais acostumado ao sofrimento não diz não ao sofrimento em si; ele quer, ele até o procura, supondo que lhe seja indicado, um sentido de que seja portador, um para além do sofrimento. É o vazio de sentido do sofrimento, não o sofrimento, que constituía a maldição que pesava sobre a humanidade até hoje – e o ideal ascético lhe oferecia um sentido!”
Traduzamos isso: Contra a falta de sentido, contra a falta de certeza, contra a natureza da mudança, presente na vida, nasce o asceticismo, dando um sentido ao “por quê” do sofrimento, retirando do homem o perigo do niilismo. Entretanto, as conseqüências são bem piores do que se imaginava, criou-se um homem ressentido em relação à vida... Poderia parecer melo-dramático, mas podemos usar até a palavra mágoa neste contexto. Esta mágoa, porém, é reativa, pois se trata de estar magoado profundamente com a vida, de tal maneira que a ação do homem agora converge para nega-la, e, tendo reagido assim, construir todo um ideal pós-morte, onde exista uma outra vida, mais digna, mais aceitável e sem... Sofrimento!
Concluindo a resenha, sinto necessidade de acender uma lamparina nesta escuridão e trazer para mim os olhares de todos os que criticam Nietzsche (os que leram comentários sobre ele e não suas obras mesmo). Por meio do perspectivismo proposto pelo autor, devemos levar em consideração todos os pontos de vista... Entretanto, quais seriam os pontos de vista mais aceitáveis? Respondo: Aqueles que não denigrem, nem pretendem destruir a beleza da natureza e da vida no aqui e no agora!
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