Fernanda631 31/07/2023
Assassin's Creed: A Cruzada Secreta
Assassin's Creed: A Cruzada Secreta (Assassin's Creed #3) foi escrito por Anton Gill com pseudônimo de Oliver Bowden e publicado em junho de 2011.
O terceiro livro da série narra a história de vida de Altaïr, Mestre da Ordem dos Assassinos, contada por Niccolò Polo (pai do Marco), que ouviu o relato da boca do próprio Mestre.
A trama se passa no século XIII, durante as Cruzadas, em cidades como Masyaf, Jerusalém e Acre. Altaïr – que tem um passado trágico – comete um erro fatal em uma missão graças à sua enorme e arrogante autoconfiança; e é obrigado pelo Mestre, al-Mualim, a assassinar nove homens que estão arriscando a paz da região. Essa busca ocupa boa parte do livro, mas tudo muda quando Altaïr mata o último alvo.
A partir de então, ele parte em outra missão, da qual depende a própria Ordem dos Assassinos.
Altaïr começa o livro sendo deliciosamente babaca e “estupido” (sua resposta a “Por que matou esse homem?” é “Porque ele podia”), e vai aprendendo com os erros e suas consequências até se tornar sábio e misericordioso – ou quase. Quer dizer, supostamente ele se torna misericordioso, mas em vários momentos do livro ainda o vemos matar pessoas sem necessidade. Parece que ninguém, nos livros dessa série, ouviu falar em “incapacitar o inimigo”.
Acho que isso se deve à inspiração no game, e é o que mais me incomoda nessas obras. Estratégias ou truques do jogo não fazem sentido nenhum num livro e, o que é pior, fazem o leitor lembrar-se do que inspirou o livro, tirando-o completamente da história e acabando com qualquer suspensão de descrença. Por exemplo: por que um inimigo de Altaïr, com seis guardas à disposição, mandaria dois de cada vez atacar o protagonista, dando-lhe a chance de dominá-los?
Os personagens são interessantes – incoerências à parte, Altaïr tem uma jornada cheia de dificuldades e sofrimentos, e você fica com vontade de saber mais sobre Malik. Mas o destaque do livro é a incrível Maria, uma inglesa que fugiu do casamento para se vestir de soldado e se juntar às Cruzadas, e a qual, sem dúvida, mereceria um livro só dela. O relacionamento de Maria e Altaïr é bem divertido, mas a escrita privilegia a trama sobre os personagens.
A história oferece algumas surpresas – mesmo que a resolução do mistério da primeira parte seja óbvia –, alguns momentos engraçados e uma tragédia grega.
Encarado simplesmente como um romance de ficção histórica, A Cruzada Secreta apresenta um enredo muito interessante. Ao colocar o Credo agindo por interesses próprios em meio à disputa entre cruzados e sarracenos, segue-se a sempre instigante fórmula de combinar personagens fictícios com reais. Por exemplo, Salah Al’din (ou Saladino) e Ricardo Coração de Leão, que inclusive têm um diálogo com o protagonista. O título se justifica tanto pela jornada pessoal de Altaïr quanto pelo conflito entre Assassinos e Templários, que se desenrola “por baixo dos panos” da História oficial.