thebeladame 29/07/2024
"Felicidade se acha é em horinhas de descuido" - G.Rosa.
"Entrou em mim a poesia
na forma de uma canção
que falava de uma rua
com pedrinhas de brilhantes
e de um anjo solitário
que vivia por ali
e roubou um coração."
Quando pequena, "Poesia na varanda" era um dos únicos livros que eu possuía e não gostava. Acho que não estava pronta para entender a mensagem que ele passava.
Hoje, adulta e imersa em (quase) todo tipo de arte em que consigo colocar as mãos, paro para lê-lo pela primeira vez em talvez uma década, ou meia.
E finalmente, entendo.
"Poesia na varanda" contem rimas mais formais do que outros livros da mesma coleção (aquela que foi lançada pelo Itaú uma vez, "Leia para uma criança"), o que pode acabar afugentando o público-alvo. Porém, quando paramos para ler a mesma obra quando adultos, percebemos que talvez, a mensagem fosse na verdade para os pais que leriam ela em voz alta com os filhos.
É uma história sobre enxergar a beleza no simples, enxergar poesia em nossa vida cotidiana, sem a necessidade de um diploma em artes, um estúdio chique, ou tanta imaginação. Também é sobre como poesia não é apenas palavras em um papel, mas sim sentimentos, sensações; a chuva no rosto, a companhia de alguém querido, o som dos animais cantando no mato...
O mundo inteiro é arte, se somos capazes de enxergá-lo deste modo.
Posso afirmar, a partir de hoje, que me redimi com Sonia Junqueira, e este livro não ficará mais confiado à base de uma pilha e à escuridão de um armário fechado.