R...... 21/04/2017
Falar que o livro tem dois momentos distintos e que a maioria dos leitores tem mais empatia com o primeiro é chover no molhado, né?! Poderia ficar só nisso, mas quero escrever (ou repetir) um pouco do que se destacou na percepção da obra.
No primeiro momento, como não gostar e se emocionar com o Hassan? O menino tem nobreza de caráter, expresso no apego à honestidade, à humildade, à fidelidade, à uma postura correta na vida, quando muita coisa conspirava para ser avesso à isso (leia-se classe marginalizada em seu país, injustiças, explorações, violência e não ter algumas oportunidades básicas de vida). Em paralelo, a mesquinhez do amigo Amir, a violência de Assef e os interesses escusos na luta pelo poder em sua nação, o Afeganistão, que em seu contexto na década de 1970, tal qual o menino, sofreu com a mesquinharia e violência na queda da monarquia, invasão russa e, mais para a frente, com o talibã. Nessa parte Hassan é a principal figura e sensibiliza o leitor em muita coisa, nas visões sobre o caráter humano (personagens) e luta pelo poder (contexto).
Na segunda parte Amir é o protagonista e a história se desenrola em um olhar adulto, com maior atenção e reflexão ao contexto de época que assolava os afegãos, e à uma espécie de redenção de Amir, até então afogado em remorsos ao longo dos anos, exatamente pela lembrança daquele menino. Há violência e injustiças, sendo a mensagem principal a oportunidade de fazer diferente. Algo notório, acredito que para muitos leitores (todos?), é a frustração pela impossibilidade de reencontro entre os dois meninos. Hassam morrera, mas persistia a oportunidade de Amir fazer algo, ocorrendo em situações que o leitor é impactado ao perceber como reais naquele país.
Enfim, uma história que faz pensar em valores, em oportunidades, em postura na vida, em ideais. É isso... Agora quero ver o filme e estou lendo uma adaptação em quadrinhos.