@eudeviaestarlendo 24/12/2022?Tuas mãos que eu beijei, estão cheias de perdão só para mim?
Ao ouvir esta música do cantor, Moacir Franco lembrei desta leitura, dos personagens Olívia e Eugênio, me emocionei.
Um clássico escrito em 1930.
LC de novembro com @blogliteraturese
Eugênio, um protagonista ambicioso e covarde, cheio de remorsos, de medo do futuro. Um personagem nem bom e nem mau. Colecionador de escolhas erradas. Alguém que sempre deseja ter além do horizonte e não enxerga os valiosos tesouros em suas mãos. Esta é a nossa primeira impressão de Eugênio. Ele repugna a pobreza, cresceu acreditando que ser rico é sinônimo de felicidade.
Desprezou seus entes queridos, sacrificou seu verdadeiro amor, pois ter dinheiro era algo que ele almejava desde a infância, nada mais era tão importante quanto conquistar isso. Durante toda a sua vida sentiu-se inferior por ser pobre, sentia-se vítima da vida, sentia ódio.
Neste romance entramos em contato com os pensamentos mais íntimos e infames do protagonista. Sua covardia, vaidade e egoísmo, o devoram e ele tem consciência disso.
A narrativa é dividida em duas partes. Inicia-se com Eugênio rememorando o seu passado enquanto corre para vê, talvez pela última, uma pessoa muito importante pra ele. No seu devaneio enquanto viaja ele relembra a sua infância muito pobre, sua vida na faculdade de medicina, sua amizade com Olivia...
Na segunda parte da narrativa, vislumbramos sua redenção, o amadurecimento deste personagem que sofre intimamente com suas escolhas.
Fico fascinada com a complexidade das emoções humanas. Ao mesmo tempo que Eugênio deixa sua vaidade tomar conta, ele demonstra ter potencial para sentimentos nobres, que por imaturidade e covardia não deixa vir à tona. Existe uma briga interna nessa dualidade que todos nós enfrentamos.
Ele sabe que o certo é amar sua família e demonstrar sua gratidão...
Uma leitura muito filosófica que nos convida a reflexão, combina muito com esse clima de fim de ano.
Aqui deixo os questionamentos que essa leitura me trouxe:
Até onde o nosso egoísmo nos leva a decidirmos sermos bons?
Ser bom para termos redenção?
Ser bom para salvarmos a nós mesmos?