Tati 19/05/2023
Este ano eu decidi começar com uma meta de leitura mais focada na Literatura Asiática, em grande maioria está sendo a literatura Japonesa.
É minha primeira leitura de uma obra do Kawabata e posso sentir o peso que esse autor tem no mercado. Eu sinto que acabei de ter uma aula de história japonesa hahaha
Kawabata não só nos entregou um romance nessa obra, nos deu uma aula de história, geografia, culinária e de vestimentas japonesas. É sensacional como tudo isso se encaixa na história.
Já a história em si se trata de um triângulo amoroso, na qual estava a tempos congelado até uma chama reacender, mas não se enganem que aqui temos mais tristeza que beleza.
Não posso ter certeza, mas vejo que a relação da palavra "beleza" nesse livro seja a relação histórica do Japão, dos cenários e ambientação que são nos dito. Já a palavra "tristeza" seja de fato o romance gerado entre os personagens.
Um incomodo, que frequentemente é visto na literatura asiática, é o espaço de tempo entre as idades dos personagens. Estamos falando de uma adolescente de 17 anos se relacionando com um homem adulto de 30 anos, casado e com filho. Já no presente temos o mesmo acontecendo entre uma garota entre seus 17-19 anos com uma mulher de 45-50 anos.
É visto e o leitor sente a obsessão dos personagens e como eles sentem que todo o relacionamento, de ambos lados, é prejudicado.
Sinto que Oki começou tudo isso com a Otoko; eventualmente afetou a vida e emoção da esposa; e, consequentemente afetou a Keiko. Porém, como não consigo defender esse pensamento? Não sei se é realmente isso que eu acho.
No final do livro, algo que já no penúltimo capítulo eu sabia que seria um final aberto e que deixaria o leitor com enormes dúvidas não respondidas, percebi que o Oki sabia desde o início; desde a primeira visita da Keiko na casa dele, que ela faria o que faria, por isso não achei surpresa a calmaria dele quando descobriu sobre filho nas últimas páginas.
Acho que a Keiko queria fazer o Oki sofrer, da mesma forma que ele fez a Otoko sofrer, só não imaginava que Oki fosse tão egoísta após não esbanjar nenhuma surpresa ao saber sobre o filho.
Por fim, quero só trazer uma questão de: Keiko é de fato uma vítima dos homens aqui? Keiko realmente era só uma garota de 17 anos se envolvendo com homens com +10 anos de diferença da idade dela? Ela realmente foi uma vítima aqui, como a Otoko? Qual era de fato o objetivo da garota ao se relacionar com estes homens. Era vingar Otoko de toda a dor que ela sentia pelo Oki ou era por que ela própria gostava disso?
Apesar de não sentir qualquer simpatia pelo Oki, tenho uma opinião de que Keiko também é uma pessoa narcisista, obsessiva e um pouco psicótica também.
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"O tempo passou. De maneira diferente para cada pessoa, seguindo fluxos diversos. Como um rio, em certas ocasiões ele escoava rápido e, em outras lento. Acontecia também de não fluir, estagnar-se. Ainda que o tempo cósmico siga na mesma velocidade para todos, o tempo humano varia para cada um. Se o tempo flui igual para todos os seres humanos, cada ser humano flui no tempo de maneira diferente."
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Obrigada por ler, se cuide :)