Guilherme 22/01/2023
UM ÉPICO!
Aqui vemos um mundo em decomposição a partir da propagação desenfreada do vírus Capitão Viajante. Uma supergripe que matou 99% da população mundial de forma extremamente rápida, sendo que a sua capacidade de contaminação é absurda de tão eficiente. No desenrolar da narrativa, também vemos a luta pela sobrevivência dos imunes e a lenta reconstrução desse mundo, ao mesmo tempo em que as forças do mal e do bem se enfrentam para definir quem assumirá o controle desse novo mundo. Durante todo o tempo temos uma visão muito ampliada dos efeitos desse vírus no mundo, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também.
Pra quem já leu outros livros do King, vai ser repetitivo dizer que a sua construção de personagens e ambientes é IMPECÁVEL. Os personagens são muito reais, com qualidades e defeitos e eles mudam ao longo do tempo, conforme eventos esperados e inesperados atingem eles(as), mas o lado bom dessas mudanças, é que elas são coerentes e os sinais são visíveis ao longo da história. Eu conseguia me sentir caminhando junto com os personagens, conseguia visualizar claramente cada cenário, fiquei apreensivo pelo destino dos personagens e, confesso, torci para que alguns quebrassem a cara.
Mostra a podridão da própria humanidade, que em muitas ocasiões, se mostrou pior que o próprio vilão da história: o governo omitindo e mentindo sobre a situação; seres humanos tratando outros como lixo; o desejo de vingança e o egoísmo.
Pra mim, um dos maiores êxitos de um livro, é fazer com que o leitor se importe com os personagens, se apegue a eles (algo perigoso de se fazer num livro do King), que tem como consequência, a facilidade em mergulhar na narrativa.
Fiz muitas reflexões ao longo do livro, passando sobre a natureza humana em situações desesperadoras, até questões que envolveram religiões. As quase 1250 páginas foram muito bem desenvolvidas.
Óbvio que não poderia deixar de citar o MELHOR ANTAGONISTA que já tive o desprazer de conhecer em toda a minha vida literária: Randall Flagg. A apresentação desse personagem é uma coisa simplesmente incrível, o clima ao redor dele é muito sombrio. Cheguei a ficar com arrepios em algumas cenas que envolveram ele. Ansioso para reencontrá-lo em outras obras.
Uma das amizades construídas (entre Nick e Tom), foi uma das coisas mais gostosas de acompanhar nessa história. Algo orgânico e bonito no meio de um livro denso e pesado em muitos pontos. Na verdade, acho que Tom foi a brisa suave dentro de um universo muito pesado.
O único ponto que achei meio desnecessário foram as excessivas reuniões do Comitê da Zona Franca, que na minha opinião não acrescentaram muito ao desenrolar da narrativa. Sendo sincero, esses pontos me davam muita preguiça. No mais, vejo apenas pontos positivos. A "conclusão", a última cena, me deixou bem apreensivo. haha
Uma das melhores experiências que tive com o King até hoje. Não se assuste com o tamanho dessa obra, vá aos poucos e com o tempo você estará tão embrenhado nessa história que será impossível deixar de lado.