Sasha 28/09/2022
Afinal, Olamir merece ser salva?
Confesso que demorei em engatar de vez a leitura do livro, acho que foram quase duzentas páginas de apresentação de cenários e descrição dos pensamentos do protagonista, com pouco diálogo e nada de muito interessante acontecendo. Tanto é que eu nem simpatizava muito com os irmãos que acompanhavam o Guardião de Livros, de tão pouco explorados que eles foram durante quase todo o livro, principalmente o Adin, que chegava a ser um pouco chatinho em alguns momentos. Só fui começar a gostar de todos eles depois da metade em diante.
Acontece que depois que eles começam a aventura de verdade e as coisas começam a de fato acontecer, a dinâmica do livro muda e eu comecei a gradualmente me interessar mais e mais pela história. Nesse sentido, a personagem que eu mais gosto é, sem sombra de dúvidas, a Leannah, pra mim essa personagem tem um desenvolvimento muito bom e é fácil de criar empatia com os dilemas pessoais dela. E entrando nesse viés amoroso do livro, só queria destacar que não entendo até agora o que foi aquele fascínio doentio do Ben pela Tzizah, pra mim é simplesmente incompreensível essa obsessão que ele cria literalmente do nada pela garota, e olha que eu também gosto bastante dela, só achei até o momento esse interesse romântico muito forçado e infudado, ainda mais por não ser recíproco. Espero que tenha alguma explicação pra isso, mas não vi ninguém comentando sobre, então acho que vai ser explicado apenas como amor à primeira vista mesmo.
Estou ainda na metade do segundo livro da trilogia, e já posso afirmar que o autor amadureceu bastante na escrita, porque logo de início a história já me ganhou de vez, sem precisar mais de tanto tempo para eu me apegar a leitura como foi nesse primeiro. A continuação é ainda mais fluída e aqui eu já estou mais familiarizada com o mapa de Olam e com os personagens, então não fico tão perdida como antes.
Eu também gosto muito da introdução a referências cristãs presentes no livro, mesmo que eu não seja adepta a qualquer religião. Nesse ponto, o autor é excelente em não tentar convencer ou forçar o leitor a acreditar em El, visto que os próprios personagens possuem suas dúvidas a respeito do Criador. E esse detalhe fez eu me identificar ainda mais com as inseguranças e frustrações de cada um deles.
Os mistérios que envolvem a história como um todo e todas as reviravoltas são eletrizantes, é impressionante saber que o autor é brasileiro, queria muito que esse livro tivesse maior reconhecimento ao ponto de virar uma série ou filme. Por diversos momentos, eu refleti sobre as semelhanças do Reino de Olam com a nossa realidade. A maldade e o egoísmo não só dos shedins, mas dos humanos, que em vários momentos só pensam neles mesmos, me faz ter o mesmo questionamento que Ben levanta sobre se existe mesmo bondade no mundo.
Por final, acredito que eu não tenha muito mais a comentar sobre o livro levando em consideração que levei um tempo considerável para lê-lo, então não me recordo de nada mais relevante. Só sei que é um livro excelente, e apesar de não saber se entraria na lista dos meus favoritos da categoria de fantasia, sei que sempre irei recomendá-lo.
"No máximo havia em mim algum resquício daquele tipo de religiosidade inata em todos os seres humanos e do qual, por mais que lutem, jamais conseguem se livrar" ~ As Crônicas de Olam