O Primeiro Homem

O Primeiro Homem Albert Camus




Resenhas - O Primeiro Homem


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Sofia.Ornellas 26/02/2024

Foi meu primeiro contato com a escrita de camus e fiquei encantada pela maneira que ele escreve, fiquei entrosada na história do início ao fim. Não tenho o costume de ler as sinopses antes de iniciar algum livro, porém li desse, o que foi bom, pois me conectei mais com a narrativa.
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jota 04/07/2021

ÓTIMO: ficção autobiográfica inacabada; infância e puberdade de Albert Camus através de um personagem franco-argelino como ele
Lido entre 25/06 e 03/07/2021

Albert Camus (1913-1960) morreu num acidente de automóvel aos 47 anos, então não pode terminar O Primeiro Homem. O volume traz vários anexos contendo anotações dispersas que ele iria usar mais tarde na obra, assim como inúmeras notas de rodapé, sugerindo mudanças na redação final. O que demonstra que o livro seria, obviamente, muito mais abrangente em conteúdo do que a presente edição, que praticamente trata apenas da infância do personagem e do início de sua puberdade. A apresentação é feita por Manuel da Costa Pinto, que escreveu diversos ensaios sobre o autor franco-argelino e também prefácios para alguns de seus livros mais conhecidos.

Segundo ele, a narrativa empregada no livro, em terceira pessoa, “relativiza o tom autobiográfico de O Primeiro Homem, transformando-o numa espécie de romance de formação.” Acompanhamos então a história de Jacques Cormery, alter ego de Camus, nascido na Argélia de pai francês e mãe descendente de espanhóis, levando uma vida difícil, cheia de necessidades, sem a presença do pai, morto na Primeira Guerra Mundial. A falta desse pai, que Jacques sequer conheceu, é tamanha que a primeira parte do livro se intitula A Procura do Pai. A segunda parte explica o título do volume: O Filho ou O Primeiro Homem. Na apresentação, Uma Ficção Autobiográfica Sobre a Impossibilidade da Memória, são destacados alguns pontos da obra, o leitor é introduzido no universo de O Primeiro Homem, a impossibilidade do título é traduzida na dificuldade de Jacques reconstituir a história de seu pai: ela residia muito no fato de que a mãe do menino cultivava um esquecimento voluntário, não apreciava falar sobre o passado (nem muito sobre outras coisas, um tanto calada que era, além de meio surda e analfabeta).

Isso é mais bem explicado pelo próprio personagem quando o autor escreve, evocando Proust: “A memória dos pobres já é por natureza menos alimentada que a dos ricos, tem menos pontos de referência no espaço, considerando que eles raramente saem do lugar onde vivem, e tem também menos pontos de referência no tempo de uma vida uniforme e sem cor. [...] Só os ricos podem reencontrar o tempo perdido. Para os pobres, o tempo marca apenas os vagos vestígios do caminho da morte.” A mãe, um irmão mais velho, um tio doente mas amigável, a avó enérgica mas carinhosa: a família de Jacques; a vida difícil que levavam num bairro pobre de Argel, numa casa sem jornais, revistas ou livros (apenas uns poucos, didáticos), tudo é retratado no que seria o capítulo seis do livro, A Família. A escola primária e um professor inesquecível, que Jacques adorava, assim como o conteúdo de suas aulas, também ganham destaque nessa primeira parte. Que prende fortemente a atenção do leitor e ao mesmo tempo, pelas emoções que desperta, pode estabelecer relações literárias mais distantes. Certas passagens de O Primeiro Homem me trouxeram à lembrança o pequeno Aleksiei de Infância, obra-prima de Maksim Gorki: o garotinho russo também era órfão de pai e não teve uma meninice lá muito feliz...

A segunda parte inicia com o primeiro dia de aula de Jacques e do amigo Pierre no ginásio. Ambos, e outros dois colegas do primário, que haviam se destacado como ótimos alunos então, ganharam bolsas de estudo graças aos esforços daquele professor que Jacques jamais esqueceu, monsieur Germain. Agora teriam outras matérias, novos professores, mas nenhum como aquele do primário, confessa um Jacques Cormery adulto, aos quarenta anos, relembrando a infância. Nos intervalos mais longos das aulas Jacques se destacava como jogador de futebol, esporte praticado desde bem cedo. Durante as férias as brincadeiras eram as das crianças pobres, sempre com o amigo Pierre como companheiro, também em caminhadas a esmo pelas ruas, sem destino. Ia muito à biblioteca municipal do bairro, que abria apenas três vezes por semana, onde o amigo também era associado: os livros preferidos eram os de aventura, nenhum grande autor é citado nesse trecho. Jacques lia bastante à luz de lampião, entre uma e outra tarefa doméstica que a avó lhe passava (colocar a mesa do jantar, retirá-la etc.). Seu apreço pelos livros começava pela capa, pelo cheiro das páginas, de cola da encadernação; os alunos destacados ganhavam livros de presente no encerramento do ano letivo, ele ganhou vários todos os anos...

Mesmo ajudando em casa, executando diversas tarefas, a avó achava que aquilo era obrigação de Jacques, não um trabalho de verdade porque não rendia dinheiro algum. Então, durante o ginásio, nas férias de três meses que os alunos tinham, resolveu que ele deveria arranjar um trabalho temporário, o que de fato se deu em duas ocasiões, mas em ambas à custa de pequenas mentiras da avó para os empregadores. Isso deixava o menino envergonhado, embora o motivo para tanto estivesse claro para todos: eles eram muito pobres, precisavam de dinheiro para sobreviver. Também por essa época Jacques começou a pensar no sexo oposto com mais frequência, observar as outras mulheres mais detidamente, bem além da mãe e da avó. As últimas páginas dessa segunda parte trazem diversas reflexões sobre questões desse gênero e outras, que exibem traços do futuro autor de tantos livros relevantes: nelas se pode observar as bases de sua personalidade e de seu pensamento.

Na sequência temos os Anexos, diversos folhetos com anotações de Camus para O Primeiro Homem, já mencionadas, coisas que ele pretendia incluir, rever, alterar, modificar e, por fim, duas cartas. Algum tempo depois de receber o Nobel de Literatura de 1957 Camus escreveu uma breve carta de agradecimento ao professor primário, aquele homem amado, Louis Germain. Agradecia por seus esforços, seu trabalho e o coração generoso que lhe possibilitaram continuar seus estudos. A resposta do professor também é comovente, compreende uma carta mais longa, de quatro páginas, e ao final é quase impossível sair da leitura sem que os olhos estejam marejados...
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André 21/08/2020

Ler Camus é sempre estudar a si mesmo. Reflexões angustiantes e uma escrita esplêndida.
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Lethycia Dias 23/07/2019

Sobre memória (ou a falta dela)
Comecei este livro de Albert Camus sem saber o que esperar, e talvez por isso, me surpreendi muito. Temos aqui um homem, Jacques Comery, que aos 40 anos tenta recuperar informações sobre seu pai, Henri. A maior parte da história acontece na Argélia, onde Jacques nasceu, filho de pai francês e mãe descendente de imigrantes espanhóis.
A narrativa intercala lembranças do passado com o momento presente, em que Jacques visita o túmulo do pai na França e, de volta à Argélia, conversa com as poucas pessoas ainda vivas que o conheceram, na tentativa de desvendar quem havia sido o pai, que morreu quando ele era criança.
A Argélia, pelos olhos de Jacques, é um lugar interessantíssimo. Todo o livro é repleto lembranças vívidas e longas descrições da vida nesse país quente e multicultural, habitado por nativos, franceses, espanhóis, italianos, árabes e católicos. As lembranças nos levam a imergir na cidade de Argel; no cotidiano de uma família extremamente pobre que trabalhava sem parar; em ruas poeirentas; em um lugar perdido na memória.
Memória, aliás, é o mais importante aqui. O que explica o título é a falta de memória dos filhos de imigrantes que vivem na Argélia. Jacques não consegue reconstruir a história de seu pai, e sente que cada imigrante vivendo nesse lugar é como se fosse "o primeiro homem" a chegar ali vindo de outra nação, tendo que "começar" a própria história.
É um livro inacabado, e por isso, apresenta várias inconsistências. As notas de rodapé trazem anotações feitas pelo autor, e em vários trechos, personagens têm seus nomes trocados. Mas nem isso nem a falta de uma conclusão afetam o livro, que me conquistou. Fiz uma leitura lenta porém muito profunda.
O livro tem traços autobiográficos, o que me levou muitas vezes a imaginar quanto da história aconteceu com o autor. No fim, está incluída a famosa carta que Camus escreveu para seu professor do primário quando recebeu o prêmio Nobel, agradecendo pela dedicação do educador; e, por sua vez, a resposta dele.

site: https://www.instagram.com/p/B0PUR0Zjjlv/
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Mussi 01/09/2018

Ler Camus
Muito prazeiroso ler Albert Camus, um dos meus escritores favoritos.
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Dani 11/12/2015

A ambientalização da infância pobre na Argélia é muito cativante. Cheguei a sentir a força do sol, a poeira das ruas e a brisa do mar que banha o norte da África. A vida de privações levada pelo narrador me comoveu, mesmo sendo apresentada da forma mais suave possível, visto que a pobreza e os momentos de lazer de um menino vivaz são narradas com intensidade semelhante.
Lamento pela morte precoce do autor, ansiei pela história completa de sua vida, a qual foi brevemente apresentada pelos anexos finais da obra.
Na fase adulta de J. as questões psicológicas são mais acessadas, o que torna os trechos mais densos, porém não menos interessantes.
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Marcelo 19/01/2015

Livro autobiográfico ficção
Livro fantástico! Um livro de memória, autobiográfico e ficcional ao mesmo tempo. Uma infância que a tona. Primeiro homem, em busca do homem, e que nessa busca o autor vai se descobrindo e se reinventando ...
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Hilton Neves 29/12/2014

Auto-biográfico e Emocionante
Toda a assustadora dificuldade pra estabelecer uma colônia no fim do séc. XIX, a boa influência árabe que os franceses acabaram assimilando, apesar de suas rusgas constantes; a infância do Jacques Cormery em Argel, o calor intenso, o bonde, os fícus, ele aprendendo ofício de tanoeiro e caçadas... e assim por diante.
Queria dar 4½ estrelas. Tanto goodreads quanto aqui têm que mudar o sistema, pra facilitar. Ficar mudando visual não resolve nada, mes amis.
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DIRCE18 16/09/2014

Ambas inacabadas: obra e vontade de ler.
Eu ouvi algures por aí, que o leitor nunca deve buscar conhecer o homem que existe por trás de um grande escritor. Felizmente sou compulsivamente curiosa e teimosa e a convergência desses meus "predicados" fez com me tornasse surda a esse conselho, de modo que embarquei com Camus de volta à Argélia dos anos do seu nascimento e infância. Esse embarque literário só fez aumentar a minha admiração e empatia que sinto por esse homem comoventemente humano.
O Primeiro Homem de Albert Camus, uma obra, na verdade, um manuscrito de cunho autobiográfico encontrado por ocasião do acidente que o vitimou fatalmente em 1960, transformado em livro em 1994, compõe-se de duas partes: A Procura do Pai e O Filho ou O Primeiro Homem. Constam ainda anexos que, conforme esclarecimentos do editor, estavam inseridos no manuscrito, assim como duas cartas que foram trocadas entre Camus e seu professor Louis Germain.
Fiquei emocionada e enternecida diante da história do menino (Camus, representado por Jacques) que é lançado ao mundo, e por se tornado órfão de pai é educado por uma avó analfabeta, severa e autoritária em um bairro pobre no arredores de Argel e que, quando adulto, frente a angustia de não conhecer o pai que fora morto em uma batalha na I Guerra Mundial, numa tentativa de reconstruir a figura paterna, se dirige a Saint-Brieuc, à lapide, onde o pai estava sepultado e, quando lá se encontra, um sentimento de indiferença dele se apossa, mas o que se vê em seguida é comovente: essa indiferença se transforma em pena e ternura, e uma angustia crescente dele se apodera ao se conscientizar que seu pai contava apenas com 29 anos quando foi morto em combate em 1914, portanto, ele filho - era mais velho que o pai e, para descrever seu sentimento com relação a essa morte tão precoce e injusta, se utiliza das palavras: criança injustamente assassinada, palavras que, para mim, refletem a visão que Camus tinha sobre as guerras.
O Primeiro homem, mesmo sendo o esboço de uma obra, é riquíssimo, quer seja pela escrita que é belíssima, quer seja pelo que nos é dado conhecer acerca Camus: a família, os amigos, o ginásio, o professor, fatos e pessoas que influenciaram na formação desse homem que se revelou de extrema genialidade, sensibilidade e grandeza.Um ser pacifista, solidário que tinha como combustível o amor. E por falar em amor, O Primeiro Homem, é um livro que busca resgatar a figura do pai, mas, para mim, revela a mãe: uma mulher frágil, um tanto quanto surda, isolada em seu mutismo que "fala" por meio da ternura e do amor que carrega no olhar, e o livro acaba sendo uma Declaração de amor a essa mulher. Claro que muitos leitores poderão dizer: coitada, pirou de vez, mas talvez, estes, concordem com uma opinião minha a respeito dessa obra: trata-se de uma obra inacabada, assim como inacabada é a vontade de lê-la, de relê-la e de relê-la... Guardá-la com todo carinho para novamente, um dia, (re)lê-la.




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Luhhh ^___^ 10/05/2010

Um exemplo: através da educação conseguiu subir na vida!
" A nobreza do ofício de escritor está na resistência à opressão, portanto na aceitação da solidão."

Camus

É legal ver que, apesar da resistência de sua família em se opor a continuação de sua educação acadêmica. Camus continuou à estudar, claro com o apoio do seu brilhante professor o qual dispôs de tempo extra para auxiliar alguns dos seus alunos no estudo, para que eles estivessem pronto para fazer o exame q daria o acesso a eles ao ginásio.
Camus aproveitou essa chance com êxito! Graças a esse professor, Albert Camus teve base para no futuro conquistar O Prêmio de Literatura no Nobel :D
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Paulo 04/05/2010

Camus
Infelizmente inacabado (os manuscritos foram encontrados no carro em que o escritor morreu), este romance tem inúmeros elementos autobiográficos - ou se pode dizer que é mesmo uma autobiografia, mas em terceira pessoa, com nomes trocados e elegante maquiagem ficcional.

Completada, seria das grandes obras de Camus. Lida em rascunho, já é brilhante. Cada capítulo tem a profundidade humana comum a "O Estrangeiro".

O destaque é a história da infância de "Jacques", mergulhado no mundo da ignorância de sua avó, que, apesar de todas as suas atitudes, está longe de ser uma "vilã". Daí a riqueza da personagem: existe a dramaticidade gerada pela oposição entre a "sabedoria libertária" de Jacques e a obtusidade retrógrada de sua avó.

Assim mesmo, há em cada observação de Camus um perdão à velha, como na cena em que o menino rouba dois francos da família, dizendo tê-los perdido na latrina, e, após ver sua avó "meter a mão na sujeira" para tentar apanhar as moedas, percebe que era, não a avareza (um caráter envilecedor), "mas sim a terrível necessidade, que fazia com que naquela casa dois francos fossem uma quantia importante. Compreendia e via enfim claramente, transtornado pela vergonha, que havia roubado aqueles dois francos do trabalho de sua família. Ainda hoje, olhando sua mãe diante da janela, Jacques não conseguia explicar como pudera não devolver aqueles dois francos e ainda assim sentir prazer em assistir àquela partida de futebol no dia seguinte."
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Maggie 13/09/2009

Estou sempre lendo
É o último livro de Camus. Os originais inacabados foram encontrados no dia do seu acidente fatal de automóvel. Estou sempre lendo porque não consigo chegar até o final. Já comecei a ler várias vezes e paro antes de terminar ... Não consigo prosseguir a leitura.
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