Trilogia suja de Havana

Trilogia suja de Havana Pedro Juan Gutiérrez




Resenhas - Trilogia Suja de Havana


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Ogro 13/04/2014

Sexo + palavrão + miséria = literatura visceral
Existem duas formas de encarar este livro,um conjunto de contos , ou talvez melhor chamá-los de historietas, mais ou menos amarrados como um "diário":

- a primeira, como um retrato, mais ou menos fiel , de uma parcela da população cubana durante a década de 90, mostrando os piores efeitos do embargo econômico contra Cuba . Quem for pró-Cuba poderá usar o livro para apontar os sofrimentos da população cubana porque é uma sucessão de misérias. Sob esse enfoque político-filosófico, quando em vez , algumas pérolas aparecem,tal qual essa:

Às vezes penso que ao pobre mais convém ser imbecil do que inteligente.

- já a segunda , é encará-lo como ficção ... bem, imagine Jorge Amado na ênfase em sexo , Nelson Rodrigues na parte de análise cínica da sociedade e Plínio Marcos na construção dos personagens, junte tudo isso e coloque 50% de saco-cheio da vida e dá para se ter uma ideia do que são os contos. Cito o exemplo do sublime final de um capítulo, em que o narrador, que está ao lado do amigo que acabou de falecer em decorrência do HIV, encerra da seguinte forma:

Uma mulher se aproximou, tocou meu ombro e disse: Tem de ser forte, meu filho, você tem fé?. Eu me virei e olhei com fúria para ela.Tinha um rosário e uma Bíblia na mão.

- Que forte, porra nenhuma minha senhora! Vá à puta a pariu e me deixe em paz!


Poético, não?

Se você for alguma alma inocente, meio semi-virgem da vida, que assiste documentário sobre vida na favela e prostituição, provavelmente porá a mão na boca pensando que horror,como alguém pode viver assim?

Se você for adulto, brasileiro e já passou por uma zona de prostituição ou por alguma região mais desfavorecida, trabalhando como uma ONG ou como professor de escola publica que teve contato com a realidade das famílias vai pensar "grans coisas!"

Achei chato e terminei de teimoso ; mérito, acredito eu, é pela linguagem explícita, às vezes escatológica e a crueza de caracterização de uma sociedade vivendo em um ambiente de profunda repressão econômica e vista como modelo por uma parcela significativa da intelectualidade brasileira.
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jota 03/04/2014

Sujo, Sórdido, Surpreendente
Depois do esfacelamento da União Soviética e com o embargo americano logo em seguida Cuba se tornou um dos países mais decadentes da América Latina. E igualmente um dos mais pródigos do mundo em sacanagem, conforme o livro de Juan Pedro Gutiérrez. Aumentaram consideravelmente a putaria, as maracutaias, os jeitinhos e especialmente a sujeira, com muitos ratos e baratas e esgoto a céu aberto.

Os carros antigos, alguns até mesmo puxados por cavalos, e edifícios em ruínas (num dos quais vivia o autor) continuam por lá; os racionamentos de todo tipo e o controle do Estado sobre as pessoas também (lembram da blogueira Yoni Sánchez, que visitou o Brasil e foi hostilizada pelos petistas, impedida até de falar?). Alguns vizinhos do autor criavam galinhas e porcos nas coberturas dos edifícios pois carne era artigo raro e caro (e deve continuar sendo, não sei), praticamente apenas para servir estrangeiros e autoridades, sabe como é, não? E para o povo, mandioca...

Assim era a vida em Havana e em outras cidades do país nos anos 1990 - o livro foi publicado originalmente em 1998 mas não em Cuba e continua inédito por lá até onde sei. Não exatamente por proibição governamental, mas por conta do medo dos próprios editores do país em publicá-lo – sob a ditadura castrista quem tem editora tem medo, se me entendem.

A Cuba atual comparada com a do livro deve ter se modificado muito pouco (apenas superficialmente, na verdade; quando Fidel entregou o poder para o irmão Raul) e agora vai contar com um moderno porto financiado pelo generoso governo petista que flerta preferencialmente com governos ditatoriais ao redor do mundo. Há pouco tempo o poste que nos governa esteve em Havana beijando as mãos de Fidel, seu grande ídolo depois de nosso “ex-presidente em exercício”, seu criador.

A trilogia suja de Havana (e bota sujeira, suor, sêmen, urina e muita merda nisso), e talvez seja aconselhável ler esse livro usando luvas descartáveis, se divide em três partes: Ancorado Em Terra de Ninguém é bastante autobiográfica, Nada a Fazer trata quase que exclusivamente das neuroses de JPG e Sabor a Mí (nome de uma canção mexicana conhecida internacionalmente) revela por completo o ficcionista que já habitava Gutiérrez em outros tempos – ele era jornalista e depois foi banido da profissão. Em Cuba, como se sabe, jornalismo só pode ser a favor do governo. Também na Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, etc., todos muy amigos de Fidel e dos petistas, então a coisa nessas republiquetas bolivaristas não está para peixe e muito menos para foca...

Bem, as três partes do livro apresentam histórias curtas, de poucas páginas, como se fossem capítulos breves. A maioria tem como personagem principal o próprio autor fazendo, aos quarenta e quatro, quarenta e cinco anos, um balanço de sua vida erótica e caótica. Caótica sim, mas não exatamente erótica; sexual de fato, depravada ao máximo. O tempo todo JPG chama as coisas por seus nomes chulos mesmo: pau é pau e pedra é pedra, se me entendem novamente.

São histórias mais ou menos independentes umas das outras, feito contos e que quase sempre envolvem sexo, trapaças, bebedeiras, consumo de drogas ilícitas, brigas de casais ou de vizinhos, prostituição, problemas variados dos habitantes (falta de grana, comida, moradia, saúde, trabalho, transporte, higiene), etc. Ou todas essas coisas juntas, em alguns casos.

O retrato que Gutiérrez faz do país, do povo cubano e de si mesmo é carregado nas tintas ficcionais e autobiográficas e resulta sórdido, sujo, deplorável. Em suma, extremamente negativo para todos; ele avacalha com tudo mesmo, porque a realidade em que vivem os habitantes da ilha é cruel, assombrosa. Daí talvez porque o livro continue inédito em Cuba. Se incomoda o leitor, imagine então aquelas múmias comunistas, no poder há mais de cinquenta anos...

Mas esse quadro dantesco foi pintado por alguém que, como informa a editora brasileira da obra, “nasceu e cresceu na utopia da Revolução Cubana.” E que, portanto, sabe muito bem do que fala e escreve, conhece a fundo o país e sua gente. Embora JPG aborde questões políticas apenas superficialmente - em entrevista à revista VEJA tempos depois do lançamento do livro no Brasil ele dizia que não apreciava ser manipulado nem por cubanos nem por americanos.

Em suas próprias palavras: “(...) não me interessa, ou não quero, ou não devo, fazer análise política. Minha obra não é jornalística, nem sociológica, nem antropológica.” Ele queria (quer) ser reconhecido por seu trabalho literário, claro. E não queria, como muita gente em Havana e no resto do país, se mudar para Miami ou outra parte dos EUA. Desde que tomem muito cuidado com a política, com o que falam ou fazem, as pessoas sempre acabam dando um jeitinho de sobreviver em Cuba, se acomodam sem grandes dramas, vão levando a vida assim - ou, como naquele samba de Zeca Pagodinho, vão deixando se levar pela vida.

Nem todo cubano tem vontade ou coragem de tentar entrar nos EUA navegando numa balsa precária, talvez ser devorado pelos tubarões muito antes de avistar Miami. Ao escrever sobre essas coisas – a sobrevivência em si - Gutiérrez fez de Trilogia Suja de Havana um livro admirável. Também o mais sujo em que eu tenha posto os olhos alguma vez, em que uma pessoa se expõe sem reservas, tão aberta e completamente como nunca antes na história da literatura daquele país (sic). Ou de qualquer outro país, talvez.

Mas fico me perguntando como é que um sujeito como Gutiérrez (tem a foto dele na orelha do livro e também na internet) que não é exatamente nenhum galã, muito longe disso, consiga (ou conseguisse) transar com tantas mulheres e com tanta frequência. Parece que cubanos e cubanas só pensam naquilo, até mesmo as pessoas idosas, que falam de seus desejos sexuais e de suas transas com tamanha naturalidade e atrevimento de, imagino, deixar corados os personagens mais atrevidos e sacanas de Jorge Amado. Seriam os ares do Caribe?

O que é certo também é que se muita gente se oferece (mulheres e homens), se prostitua em Havana especialmente, onde há mais turistas estrangeiros, é para ter o que comer, levar alguns dólares para casa, sobreviver, enfim. Mas a maioria das pessoas - ou personagens do livro -, independentemente de qualquer coisa, gosta mesmo é de uma boa sacanagem, quase sempre regada a álcool (rum, na maioria das vezes) e fumo (com muita maconha rolando o tempo todo, não apenas cigarros ou charutos); também há quem gosta de ser esbofeteado durante o ato sexual.

A sexualidade exacerbada, desbocada, atrevida, domina o livro do começo até o final. E Gutiérrez vai bem longe nisso: também inclui na narrativa casos extremos, envolvendo estupros, viadagem, necrofilia e pedofilia; são relatos em que a barra pesa, de fato. É este então um livro mais do que sujo, pornográfico mesmo? Para algumas pessoas, sim. Embora pareça, pareça muito, não se pode dizer que Gutiérrez tenha escrito um livro pornográfico – Trilogia Suja é assim uma espécie de A vida como ela é em Cuba. Ou como foi até pouco tempo atrás. Ou continua sendo, não sei.

Acho difícil que Trilogia Suja de Havana deixe alguém sexualmente excitado. Penso que seja muito mais fácil que fique brochado, até mesmo enojado grande parte do tempo. Se JPG quis nos impressionar ou chocar, se nada do que conta é verdadeiro, então ele é um ótimo ficcionista. Mas se tudo o que diz é verdade então ele é um ótimo antropólogo social. No final da leitura acaba-se concluindo que ele é ótimo tanto numa coisa quanto noutra. Uma certeza que já vinha se cristalizando desde as primeiras páginas deste livro surpreendente.

Lido entre 24/03 e 03/04/2014.
Daniel 04/04/2014minha estante
Engraçado, nos livros de Reinaldo Arenas, outro cubano, também impressiona a quantidade de parceiros... Parece que na ilha de Fidel, só pensam mesmo naquilo


jota 04/04/2014minha estante
Pois é, Daniel. Conhecidos meu que estiveram em Havana afirmaram que em muitos lugares homens e mulheres praticamente se atiravam em cima dos turistas, com apelos sexuais. Mas era a época mais brava da crise dos anos 1990, justamente o período que o JPG trata. Não sei como as coisas andam agora. Não tenho muita simpatia pelo país, por conta da ditadura e dos negócios petistas por lá.


Alê | @alexandrejjr 22/07/2021minha estante
Baita resenha, Jota!


jota 22/07/2021minha estante
Obrigado, Alê, é que o livro é muito bom, influencia meus comentários.




Amarildo 14/11/2013

Fantástico
Pedro Juan é um dos meu autores preferidos pela forma direta como escreve, jogando a maçaroca da realidade na folha de papel, como ele mesmo diz. E esse livro não é só sobre a Havana da crise dos anos 1990, agravada no país caribenho por conta do desonroso embargo à economia da Ilha: é sobre toda uma série de países, o Brasil entre eles, que sofreram durante esses anos com problemas econômicos graves. A diferença é que, ao que parece, aqui no Brasil ou as pessoas possuem parcos conhecimento de nossa história, ou são tão dissimuladas a ponto de não reconhecerem que também aqui ocorreu (e ainda ocorre) muitas dessas situações que Trilogia Suja de Havana apresenta.
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Cesare 10/09/2013

Puta merda, que LIVRO!
Este livro é um dos melhores que eu li. Apesar de relatar toda a luta pela sobrevivência em meio a uma Cuba desesperada que passa por uma crise tremenda, Pedro Juan consegue nos acrescentar fragmentos maravilhosos.

Com uma maneira desbocada, crua e imunda de narrar a realidade onde vive, o autor consegue ser engraçado, mesmo em situações precárias.

É uma leitura indispensável!
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Arsenio Meira 23/08/2013

"Now all the criminals in their coats and their ties/Are free to drink martinis and watch the sun rise"

Li esse romance em 2007. Depois, em 2011, reli. E, pecado supremo, não o cadastrei aqui. Mas agora o faço, junto com minhas impressões sobre a obra.

Vivendo na Cuba dos anos 90, durante o boicote econômico imposto pelos Estados Unidos, Pedro Juan descreve a miséria, a fome e a falência do sistema público do país através do seu pequeno universo. É a partir do seu dia-a-dia e dos acontecimentos que o cercam, que ele aproveita para tecer comentários, denunciando de maneira indireta toda a degradação humana da população cubana.

Escrito em forma de contos, segue uma seqüência não-linear, mas que se completam, mantendo uma certa ordem, construindo uma visão ampla e particular de Cuba. Os personagens aparecem, depois somem, mas isso não se torna um problema, Pedro Juan conta sua história em episódios, de maneira simples e com frases impactantes merecedoras de grifo.

"Trilogia Suja de Havana" é o típico livro que só deveria ser vendido em sebo. Vendê-lo numa mega-store de shopping center é tão descabido como vender champanhe no carnaval de Olinda. Isso porque o livro é sujo, violento, repulsivo e deprimente. É poético.

Pedro Juan Gutiérrez sabe como despertar aversão numa pessoa. Segue o mesmo estilo de John Fante e Charles Bukowski, mas com um peso de rabugice tremendamente maior. Não tem o aspecto de aventura junkie de Fante ou Bukowski, é muito mais denso. Fante e Bukowski parecem light, higiênicos, dois coroinhas perto de Pedro Juan.

A diferença talvez venha do ambiente: uma realidade brutal e repugnante bem parecida com a apresentada por Paulo Lins em "Cidade de Deus" e Rubem Fonseca no conto "Feliz Ano Novo." É a mistura do estilo dos junkies americanos com a miséria social da América Latina.

Em meio a tudo isso, Pedro Juan ainda consegue demonstrar sua sensibilidade. Escrito num período de reavaliação, ele expõe todos os conflitos e angústias, crises e desilusões de alguém que chegou aos quarenta anos e decidiu mudar de vida.

Estraçalhado por amores do passado, ele vai aprendendo a conviver com a solidão, se endurecendo, tentando sobreviver sem luxo, à base de sexo, rum e maconha.
Carlos Patricio 25/02/2014minha estante
ótima dica que vc me deu, amigo Arsênio!
Livro sensacional mesmo


Arsenio Meira 25/02/2014minha estante
Grande Carlos!
O romance é transgressor, mesmo. Muito bom.
Abraços do amigo
Arsenio


Carla 27/03/2014minha estante
Olá, Arsenio.
Resenha ótima. Disseste tudo sobre esse livro que, realmente, vale a pena ser lido.

Outra coisa que achei interessante é o fato de não ser mais um livro de escritor cubano refugiado que cai no mesmo nicho de escrever contra a política socialista cubana etc, etc. Pedro Juan descreve a Cuba suja, cruel e miserável da época mas não adentra em seus entraves políticos. Tanto é que vive lá até os dias de hoje.

Abraço.


Arsenio Meira 27/03/2014minha estante
Oi Carla,

Obrigado pelas generosas palavras. E você tocou num ponto crucial: pra fazer literatura, não necessário panfletarismo, mas sobretudo saber escrever visceralmente. É o caso do Pedro Juan. Abraços




Dose Literária 23/07/2013

A linguagem 'suja' de Gutiérrez...
Nascido em Matanzas - Cuba, em 1960, Gutiérrez é um famoso escritor, pintor e jornalista. Famoso por sua forma de narrativa, já trabalhou em diversas funções ao longo da vida, antes de se tornar escritor, inclusive já cortou cana e foi locutor de rádio. No jornalismo, tem 26 anos de carreira. Apesar das dificuldades pelas quais passou, é um grande escritor de prosa e poesia. Vive em Havana e suas atividades hoje são exclusivamente a pintura e literatura. Além de Trilogia Suja de Havana, outros livros publicados seus são: O Rei de Havana, Animal Tropical, O Insaciável Homem-Aranha, Carne de cão, Nosso GG em Havana, O ninho da serpente: memórias do filho do sorveteiro e Coração mestiço. Há ainda o conto Melancolia dos Leões e umas obras em Poesia.

Com uma linguagem suja [como o título sugere], perversa, cheia de sexualidade depravada e decadente dos habitantes de um prédio com risco de demolição, na cidade de Havana, Pedro Juán nos faz embarcar num universo cheio de degradação, pobreza, desesperança e, apesar de tudo - aceitação.
Continue lendo... http://www.doseliteraria.com.br/2013/03/trilogia-suja-de-havana-pedro-juan_20.html
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Marilda 22/11/2012

Ahhhh Pedrito! Sua narrativa parece uma salsa. Cheio de gingado, remelexo e erotismo cru. Amo-te!

O melhor escritor vivo! Com certeza!
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Aerton 22/02/2012

Bem escrito porém,,,
Pedro Juan Gutiérrez retratou um período difícil do povo cubano. Os anos 90. Nota-se grande talento em escrever. Dei duas estrelas devido a repetição desnecessária de temas que são excessivamente abordados. Atrevo-me a dizer que há até uma propaganda enganosa. Na contra-capa do livro encontramos frases como: " Com uma linguagem direta, aborda temas como sexo, fome, desencanto, luta." Na orelha do livro diz "esta é uma narrativa sensual e poderosa". Essas descrições não são fiéis ao que a obra apresenta. Sensualidade é uma coisa, pornografia é outra. O leitor que tenha um mínimo de pudor ficará chocado com essa obra. Enfatiza-se demais a sexualidade apresentando-a de um modo promíscuo e sujo. Palavras do mais baixo calão são descritas como "linguagem direta". Posso ser apedrejado por estar dizendo essas coisas. Muitos comparam a Bukowski.As obras de Bukowski são hinos de igreja comparadas a Trilogia. Nada contra o autor, mas es sinopses deveriam ser mais francas ao apresentar a obra. Enfim, considero a obra um livro erótico com pano de fundo social. A proporção dos temas é:
Sexo 75%
Fome 10%
Desencanto 10%
Luta 5%
tetê 18/07/2013minha estante
o que transforma a sexualidade numa coisa "suja" na sua opinião?


Elenai 16/08/2013minha estante
tetê, sexualidade é uma coisa, sexo é outra!
Entendi que na resenha do Aerton, quis dizer que a forma em que o autor apresenta o tema é "suja"!




Danni Flauto 25/01/2011

A Trilogia Suja de Havana
O livro mostra muitíssimo bem como as pessoas viviam em plena revolução cubana.
O autor mostra como as pessoas se viravam na crise e até como eram nas suas intimidades.
Nos trás a história sem “maquiagem”. Sem muito mais o que dizer, apenas indico.
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brunoimbrizi 17/08/2010

Duas irmãs e eu no meio (pág. 23)
Foi o que fiz. Atravessei aquele bairro de gente muito pobre, mas pelo menos me respondiam e me orientaram bem naquele labirinto de barracos de lata e madeira podre e pedaços de tijolo e entulho jogados fora pela fábrica. Quando cheguei ao casebre de Hayda, ela estava tomando banho. Veio abrir a porta de calcinha e sutiã, meio molhada, e quase nem falamos. Foi uma boa foda. Deixei que ela tivesse seus orgasmos. O primeiro foi com a minha língua. É incrível, mas sempre acontece com ela. Só de sentir a língua raspando clitóris acima já dispara o primeiro orgasmo. E continuei, sem pressa. Gosto dessa mulher. Vira de costas para que eu coma a sua bunda. Já tinha me falado que com o marido - ela tinha casado três anos antes - não conseguia. O negro tem uma pica de negro e isto impedia algumas acrobacias. Suamos muito. É uma casinha muito pequena, com o teto bem baixo, dois quartos e um banheiro. Afinal não agüentei mais e gozei. Como sempre. Eu grito e me desespero nos orgasmos. É como se voasse pelos ares e despencasse lá do Sol. Igual a Ícaro quando caía depenado em direção ao mar. Ufa, terminamos, Ficamos um tempo olhando para o teto, exaustos. Eu exausto. Ela nem tanto. Nunca se cansa, mesmo que tenha dez orgasmos quer mais e mais. Mas o calor era sufocante, Ela disse: "Aproveita que tem água e toma um banho." Não havia sabão. Perguntei.
— Não tem sabão, Pedrito. Já nem lembro da última vez que vi sabão aqui.
— Então você toma banho só com água?
— Claro, que remédio!
Joguei umas latas de água no corpo. Fiquei do mesmo jeito. Sem sabão não se eliminam o cheiro, a unidade, o suor. Então me enxuguei e botei a roupa. Ela também, e nos sentamos para conversar um pouco.
— Vou pra putaria em Havana. Não posso continuar assim.
— Está doida, garota? Você é muito ingênua para isso...
— Olha só: só tenho duas calcinhas, e as duas rasgadas. Um lixo. Sem sabão, sem comida, sem nada. Eu continuo trabalhando na policlínica por inércia. Nem sei pra quê. Caramba, não dá para suportar... E o imbecil do meu marido... Ah, eu não agüento.
— Ele não é imbecil, Hayda. Os tempos estão muito duros e é difícil arrumar uns dólares.
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Aline 24/05/2010

Considerei terminado
"Trilogia Suja de Havana" é uma obra bem escrita, com linguagem bastante popular e traz uma descrição pormenorizada da sociedade cubana durante a crise dos anos 90. No entanto, acho que o autor poderia ter variado um pouco mais a temática ao longo das 300 e tantas páginas. Ler o livro de uma vez só seria uma overdose de pobreza, criminalidade, peitos e bundas, violência, fedores e podridão. Depois de umas 100 páginas, empaquei na mesmice, pulei alguns contos e abandonei outros, até que finalmente considerei a leitura terminada.
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Victor 08/02/2010

"Realismo Sujo", como o próprio Pedro Juan o descreve
Um livro para se surpreender, para descobrir um escritor cubano de escrita singular, que preza pela simplicidade das frases curtas acreditando que, em bandos, ganharão força e se tornarão grandes. Contos reais ou fictícios que jamais chegam a beirar o fantasioso, apenas hiperbólicos de quando em quando por mérito do rumo que as coisas tomam e de onde elas pretendem chegar. Humor, crueldade, ingenuidade, promiscuidade, nu, cru, sujo e tão real quanto uma briga de vizinhos de uma comunidade pobre. Se alguém morre no pega-pra-capar é apenas uma consequência da rotina.
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El Cote 28/01/2010

Excelente
Uma narrativa direta e suja do dia a dia de Havana na primeira pessoa do escritor. Tem ritmo, peso e prende o leitor. Muito interessante saber como é a visão interna do regime por alguém com consciência e noção crítica.
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