spoiler visualizarAgui 27/10/2023
Sempre voltamos como minhocas retorcidas para nossa realidade, e desejamos isso intensamento a todo momento.
Philip K. Dick sabe que escreve mais sobre seres humanos e suas relações do que propriamente sobre sci-fi.
Não é um autor de gênero, a pesar de suas historias se passarem em mundos alternativos futuristas e fantásticos.
Porém, pouco importa, o maior foco é em como os seres humanos (que independente do mundo em que estão, continuam humanos) eram agir nas situações, em suas relações, com seus sentimentos, e com seu mundo material em si.
Não sei bem como organizar meus pensamentos acerca do que é apresentado no livro.
É recheado de discussões sobre a natureza humana, sobre a religião e realidade, sobre autodestruição, dúvidas, contraditoriedades, etc.
Nenhum personagem aqui é perfeito, na verdade em sua maioria são todos egoistas, agem de forma que julgariamos como ruins ou errados. Por vezes tomam decisões que nem mesmo eles entendem, buscam objetivos que sabem não serem o que querem, ou percebem ao longo do caminho, que é apenas uma ilusão. São pessoas interessantes, e verdadeiramente humanas. Nos identificamos ao perceber que eles são tão complexos e pensam de maneira tão confusa e atrapalhada e hipócrita, como nós mesmos.
Alguns depositam suas mentes e suas vontades em cima de uma experiência conjunta de transposição de suas consciências para um mundo criado e montado, sentindo, então, como é o mundo do qual vieram (a Terra), mas, também, perfeito e longe da realidade horrível, fria e sem graça de onde vivem e da qual vivenciam todos os dias em Marte.
Mas, não é o suficiente.
Nunca é!
A perfeição, além de acabar, ela não é humana, portanto não os tira nem os livra de onde eles estão partindo (Marte) temporariamente. Eles não mudam depois de vivenciar, pois apenas querem escapar e experienciar um outro algo. Não conseguem reconehcer a contrdição de si proprios e do próprio mundo, não querem superá-las, ou aceitá-las. Isso torna, então, a experiência a longo prazo algo rotineiro e um vício... gerando nada no final. Ou seja, a experiência e esse outro mundo tornam-se a própria realdiade suja e horrível da qual tanto fogem...
Contraditório, mas se apresenta como a solução pro tédio e para as destruições mentais de viver em um lugar como aquele.
Não exsite julgamentos ou moralismo nisso, é apenas como as coisas são, e como eles acharam como solução para lidar com tudo isso.
A mesma coisa acontecem com as realigiões. Elas são as formas que algumas pessoas encontraram de fugir da própria realidade. Muitas, veem a Can-D como portal para esse mundo que almejam. Mas, como eu ja disse, não funciona... O que faz pessoas de fé serem frágeis ou muito extremistas, por que precisam acreditar, ou simplesmente a realidade as vencem.
Vem então a solução, para além de algo artificial (mesmo que aparenta ser real, e ser uma experiência que une as mentes e os fazem ir para outro plano, onde se possa fazer tudo e manterem seus corpos longe de qualquer tipo de coisa), mas real em todos seus aspectos representativos. Você não vai para um mundo montado, você o monta de acordo com si próprio. Seu interior é projetado e extendido para o que você chama de seu mundo. Assim, as contradições do seu próprio ser é mostrada, experienciada, é representada nessa realidade, na qual pode viver séculos (pois no "mundo real" a passagem de tempo é mínima), pode ver o passado e o futuro, e transformá-los, ou tentar.
Veja, mesmo que não perfeito, é melhor do que onde vivem, aqui nessa realidade projetada após o consumo da chew-Z, projetada a partir de si, te faz mudar... você experiencia traumas, decepções, angústias, tristezas, alegrias, amores, arrependimentos, orgulhos, conquistas.... e isso num tempo indeterminado. Você pensa sobre si, já que o mundo é si próprio, e isso é assustador e transformador.
Os personagens chegam a essa conclusão, e ficam indecisos se usam novamente ou não. Algo neles muda, muda por completo, e suas própias realidades mudam. Os efeitos, continuam após sairem da experiência....
Isso, claro que tem uma explicação, porém eu interpreto como essa extensão de uma experiência que verdadeiramente te atinge, não uma mera ilusão de algo perfeito, mas algo real.
A não-realidade é a realidade sem seus imediatos, é sua essência de modo fantástica, ou nem tão fantástica assim...
Quando continua as manifestações da experiência fora da "viagem", as reflexões aumentam, as contradições continuam mais fortes e são atenuadas, como se a barreira que impedisse de ver além do imediato de si própia fossem rompidas. Essas manifestações so acabam quando você de fato aceita o que é como um humano!
Claro, existem outros elementos. Essas manifestações acontecem devido ao Ser que parece Deus. O mundo é si próprio, porém comandado pelo mesmo Ser que entra na sua cabeça. E você experiência em conjunto com outros devido a esse Ser, que conecta as conciências, mas para cada um a realdiade que todos estão experiênciando se mostra como distinta uma da outra, devido as particularidades de cada um. Quando se vai ao futuro, realmente vai até ele, e quando volta ao passado, de fato encontra todos seus fantasmas, que ironicamente é algo invertido. Os personagens são fantasmas, são conciências que invadem o futuro e o passado, e as pessaos que as veem são reais.
Mas como se trata das relações, dos indivíduos interagindo entre si, eu interpretei o que representa tudo isso, do que realmente estamos lendo (mas não sendo de fato O Livro, porque não consigo afirmar ser o que é, contradições ne).
Ora, o próprio livro faz isso consigo mesmo através dos personagens.
Engraçado que a representação tabém não é o que tenta ser.
É apenas uma representação, como a própria palavra diz ser. Logo o ser não aparece para nós no livro, cabe então, junto com as teorias que os próprios personagens fazem, interpretarmos e lidarmos com o que o livro nos mostrou.
Barney (acho ser esse o nome dele), um dos protagonistas, é complexo. Ele parece o tempo todo escolher as piores situações, mesmo sendo um Precog. Como ele mesmo diz "E qualquer que seja nossa ecolha, uma coisa podemos saber: Escolhemos a alternativa errada".
Ele passa a refletir sobre si, a ver que não eram acidentes ou qualquer coisa do tipo as escolhas que fazia, eram emanadas dele próprio, de sua própria natureza. Mais oa final ele toma decisões que não entende o por que. Ele parece querer coisas que não são extamente o que quer. Ele se decepciona consigo mesmo, e tenta mudar o seu próprio passado ao invés de aceitá-lo, superar e mudar. Ele vê que é uma pessoa horrível, ruim, pessima...
Mas será que é?
Chega então a concusão, que é apenas ele próprio, ele como humano também.
Ele é contraditório, todos somos.
Reconhecer isso, ao final, fez ele começar a ter mais clareza em certas situações, mas confuso em outras, pois continua sendo humano.
Veja, é tudo em cosntante movimento, mudando, conversando entre si...
E é assim que as coisas são.
Claro que essas reflexões partiram da minha experiência com o livro, por ele ser amplo para o debate do é apresentado, muitas coisas podem ser discutidas e tratadas.
Gosto muito de como o PKD nos confude e faz ficarmos questionando o que é real ou não, igual os personagens fazem.
É inteligente, porque num primeiro momento e nas primeiras "alucinações", você percebe o que é real ou não, isso nos faz ficarmos um pouco "relaxado" para pensar nisso, ai.. puf. Ficamos preso nessa confusão, o que torna a leitura perfeita, e nos prende mais e mais.
As dúvidas de si própios que os peronagens sentem, são apresentadas também nas próprias situações que acontecem no livro.
É lindo.
Eu gosto, gosto muito, que ate o ser senciente que parece Deus... é tão humano quantos os outros humanos que estão no livro.
Gsoto como que a autodestruição é explorada em cima das complexidades dos personagens e nas suas dúvidas. Como não tem certeza do que fazem, o tempo todo se arrependem, se angustiam, são enganados, ou algo do tipo.
Exsiste também a parte sobre evolução. É muito boa, e seria legal as discussões sobre. Na parte em que o Hantt (acho que é esse o nome do cara) ele evolui, ele começa a sentir... empatia? É doido pensar isso. Precisou ele evoluir mentalmente para começar a se colocar no lugar do outro. Mas sabe, o que essas pessoas evoluidas fazem com essa empatia? Elas utilizam para ter mais status, mais "peles", mais oportunidades, etc etc. Eles são pessoas que mais pensam e refletem sobre si e o lugar onde estão inseridos, porém ainda agem de acordo com ele, ou se aproveitam agora que sabem como é, para serem melhores que os outros. Veja então que, não adianta apenas refletir e tal, precisa ter uma mudança na própria realidade em que vive para começar a avançar em relação a si próprio. Isso acontece com o Mayerson (Acho que é isso o nome). Enfim, mas falarei pouco disso.
Existem passagens, frases, diálogos, conversas filosóficas sobre representação, realidade, busca de sentido, propósito, relacionamento amoroso, etc etc, que impactam, que fazem pensar sobre nós mesmos e reflitir nossa vida.
Com o livro, percebi certas atitudes e coisas as quais eu vivo que não entendo o porque comecei e continuo.
Percebi que me encho de fantasias e enfeites, para não enfrentar a verdade das coisas.
isso acabava me adoecendo e me levando a tomar atitudades que eu não sabia o porque, não entendia. Mas também sabia que essa confusão não era de verdade, eu apenas não queria encarar o que de fato eu estava fazendo e o porque.
Eu, então, percebi.
Tive vergonha, fiquei constrangiodo, tanto quanto eu fico quando lembro de meu passado.
Me senti uma pessoa horrível, eu devo ser mesmo talvez, me senti mal, triste, angústiado, decepcionado comigo mesmo, mas, ao final, foi algo que eu precisava e gostei de sentir. Pensei então bastante.
Somo assim, mas então, por que?
Por que nos envergonhamos de nós mesmo como humanos?
Gostamos disso, eu acredito.