Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 30/11/2017
Já Li
Publicado em 2004, "Os Ancestrais de Avalon" foi escrito por Diana L. Paxson, que herdou a tarefa de terminar o Ciclo após a morte de Bradley. Este livro é o último antes de "As Brumas de Avalon", explicando alguns acontecimentos e situações que deram origem à ilha sagrada.
Em um passado longínquo, quase esquecido pela Humanidade, Tiriki e Micail, ambos Alto Sacerdotes do Templo da Luz, tem um relacionamento amoroso perfeito. Micail, além do sacerdócio, também acumula as funções de príncipe de Atharrath, um dos estados mais importantes de Atlântida. A estória começa poucos anos depois do término da Parte 1: A Queda de Atlântida. Por isso, para quem não tem tempo (ou paciência) de ler todas as partes do Ciclo de Avalon, recomendo ler a parte 1 e, depois, pular para este livro.
Muitas personagens da parte 1 reaparecem neste livro, como Reio-ta, Rajasta e Micon. Micail é filho de Micon, antigo princípe e sacerdote de Atlântida, que teve um romance com Domaris. É perfeitamente possível compreender a estória sem ter lido a parte 1, mas, caso você a leia, "Os Ancestrais de Avalon" torna-se um livro mais profundo e interessante.
Atlântida está afundando, em 2500 a.C. Paxson fez uma pesquisa história apurada sobre as lendas envolvendo a Cidade Perdida de Atlântida, o que garantiu um início empolgante ao livro. Toda a população de Atlântida precisa fugir da inundação e diversos barcos são enviados à Ilha de Tin, futura Bretanha, onde os demais livros do Ciclo se desenrolam. Tiriki e Micail são separados pela catástrofe e precisam superar a dor da perda para seguirem com suas responsabilidades de Alto Sacerdotes. As cenas de ação foram muito bem escritas por Paxson, que parece ter aprendido a escrevê-las ao longo do Ciclo pois, em livros anteriores, não obteve o mesmo êxito.
Tiriki e alguns de seus discípulos chegam em uma região pantanosa que, posteriormente, dará origem à Ilha de Avalon. Há, inclusive, uma personagem fantástica denominada Ser Brilhante que se assemelha muito às características físicas de Morgana. Ali, acontece uma mistura da religião pagã de Tiriki com alguns conceitos espirituais do povo do pântano. Fica implícito que Tiriki será Viviane na próxima encarnação.
Já Micail se estabelece na região que, futuramente, será conhecida como Stonehenge e ele e seus cantores constroem o famoso monumento, através de seus poderes mágicos. Micail me pareceu ser uma encarnação de Merlin. Aos poucos, Micail cede aos seus poderes e à sua popularidade, buscando escravizar o povo bretão para manter seu governo no novo país.
De todos os livros do Ciclo, este foi o mais relevante em relação à estória de Avalon. Nas outras partes do Ciclo, as relações com as brumas e com a ilha sagrada eram ou muito superficiais ou muito discretas, o que dificultou meu interesse ao longo das leituras. Por isso, minha atenção foi renovada ao ler "Os Ancestrais de Avalon" pois, nesta obra, as conexões e os fatos históricos ficam claros e interessantes. É possível ver em Tiriki alguns traços de personalidade de Viviane, assim como Micail não é um herói previsível. Por isso, eles são protagonistas que prendem a atenção do leitor. Cada capítulo alterna os pontos-de-vista de um e de outro, o que também contribui para a leitura.
Por isso, como disse anteriormente, recomendo ler a parte 1 e a parte 6 do Ciclo, pulando os livros intermediários. Os demais livros do Ciclo são repetitivos e cansativos, e não gostei deles. Há uma fórmula narrativa em todos eles que, com o tempo, torna-se maçante. De forma geral, não foi uma experiência tão prazerosa como imaginei que seria, já que "As Brumas de Avalon" é um dos meus livros preferidos. Bradley não entregou literatura com a mesma qualidade nos demais volumes.
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