A Montanha Mágica

A Montanha Mágica Thomas Mann




Resenhas - A Montanha Mágica


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Fabíola 22/02/2018

A montanha mágica
O que dizer de um livro como esse?
Simplesmente uma obra- prima. Realmente é uma grande escalada, são 848 páginas que abordam inúmeros assuntos, em geral extremamente densos e filosóficos. Foram 6 meses com paradas e retornos.
Thomas Mann, traz conversas interessantíssimas entre seu personagem principal Hans Castorp e outros "hóspedes" do sanatório internacional Berghof em Davos, Suíça. Logo nas primeiras páginas, ele deixa bem claro a singeleza do seu quase herói...A história se passará num mundo antes da guerra , mas que será alcançado num determinado período.
"Narrá-la-emos pormenorizadamente, com exatidão e minúcia- pois desde quando a natureza cativante ou enfadonha de uma história depende do espaço ou do tempo que exige? Sem medo de sermos acusados de meticulosidade, inclinamo-nos, pelo contrário, a opinar que realmente interessante só aquilo que tem bases sólidas."
Assim é possível perceber que será uma história repleta de detalhes, e cada capítulo insere assuntos como: literatura, artes, música clássica, filosofia...
Dentre vários personagens cativantes como seu primo o jovem Ziemssen , que arrancou lágrimas minhas no capítulo: Como um soldado, como um valente, teremos durante esses aproximadamente 7 anos de montanha, outros como Clawdia , uma mulher intrigante para mim... sua vida entrelaçada com a de Hans trouxeram muitas análises ao meu ver. Não poderia deixar de citar o Sr Settembrini e Naphta, que desfecho incrível entre esses artistas da vida.
O capítulo que me fascinou foi O trovão, nele poderemos entender a teia da narrativa traçada pelo autor...sonhar junto com nosso quase herói, sentir como tudo começou e todas mudanças durante essa jornada.
Não tenha dúvidas de ler A montanha mágica, não coloque meta de tempo, pois qual seria a graça?!
Entrou para meus favoritos.
Oz 22/02/2018minha estante
Haaaja fôlego para subir essa montanha!


Dan 23/02/2018minha estante
Todo fala bem do Mann. Nunca ali nada dele, vc falando assim foi ansioso para lê-lo logo. O Carpeaux disse que ele é o último grande escritor realista e que a obra do Mann é o canto do cisne do Realismo.


Dan 23/02/2018minha estante
Todo mundo fala bem do Mann. Nunca ali nada dele, vc falando assim foi ansioso para lê-lo logo. O Carpeaux disse que ele é o último grande escritor realista e que a obra do Mann é o canto do cisne do Realismo.


Fabíola 23/02/2018minha estante
Jordan eu nunca tive contato com nenhum escritor do nível dele.Na minha humilde opinião melhor do que Dostoiévski.
É realmente fantástico. Outro escritor que chamou minha atenção nesse nível, mas de uma forma bem diferente foi Raduan Nassar.


Fabíola 23/02/2018minha estante
Oz como disse...em uma obra como essa o tempo tornar-se realmente subjetivo. Vale à pena ler.




Pedro Igor 13/02/2018

Obra Prima. Uma pintura do realismo alemão em forma de palavras. Clássico eterno.
Hans Castorp é um jovem engenheiro, recém formado, que parte em uma viagem rumo a Davos nos Alpes Suíços para vistar seu primo, Joachim Ziemmsen, enfermo com tuberculose. O jovem de repente se ver em um contexto cercado de males e doenças porém o livro, como um quadro em óleo de um mestre do realismo, pinta perfeitamente valores como a bondade, a esperança e, principalmente, o reconforto a quem está sendo vencido pela dor. Com diálogos, muitas vezes encabeçados por Settembrini e seu rival Naphta (guardem esses nomes), incrívelmente detalhados onde a mente do leitor é acariciada com um oceano de aprendizagem e reflexões, onde o leitor imerge em um processo de autoconhecimento e conhecimento do ambiente em que o cerca.

Nos sete anos que o jovem Castrop passou no Sanatório Internacional de Berghof de Davos ele, em suas caminhadas pelas paragens alpinas que cercam o lugarejo suíço, aspirando-lhe o ar de champanhe, foi assediado pela oratória lógica, sedutora e veemente onde o humanismo é a corrente filosófica de pensamento por trás, ainda que intercalada pelas insuficiências pulmonares dos dois contendores, de Settembrini e Naphta. Naquela montanha mágica pareciam voar e sussurrar, como se fossem fantasmas de épocas diversas, os espíritos cultos de tempos remotos cujos ecos se misturavam com os do aqui e agora. Discorrendo sobre temas até hoje muito atuais. A pena de morte, os castigos a presidiários, a utilidade ou não da fé, a maçonaria e sua função humana, as enfermidades, cremação x sepultamento tradicional, doutrinas religiosas, a mediunidade... Thomas Mann de forma brilhante faz um relato minucioso de como todas as coisas são, sob diferentes pontos de vista.

Para vocês terem uma ideia do poder desse livro, saiba que em Davos, que é um lugarejo de luxo dos Alpes suíços, nos finais de janeiro de cada ano, personalidades, estadistas, políticos, pensadores e homens de letras do mundo inteiro, são convidados para livremente exporem suas ideias ali, o famoso Fórum Econômico Mundial. Seguramente a inspiração de tais encontros realizarem-se ali foi motivada pela tentativa de reproduzir o rico debate de idéias que permeou o livro de Thomas Mann.

O tempo deve ser a última preocupação de quem se aventura pelas entranhas de sua narrativa, pois não é uma história para ler em um dia, é uma história que deve ser suavemente apreciada em seus mínimos detalhes, como o autor mesmo aconselha em seu prefácio. O autor cria personagens e ambiente tão cativantes, dissecando a alma de cada um em descrições tão fabulosas e detalhadas que é impossível não reler o livro inúmeras vezes para ter contato com pessoas tão fantásticas. Não é atoa que o autor recebeu prêmio Nobel de 1929 por conta dessa obra de arte de primeira grandeza. Sei que ainda vou ler milhares (quem sabe milhões) de livros nessa vida, mas tenho certeza de uma coisa, esse é desde já o meu favorito em toda vida, é um execício pra alma, uma pintura em forma de palavras a ser apreciada e se maravilhar com cada detalhe dela a cada momento e descobrir novas facetas cada vez que bater o olho sobre.
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Flavia.Goncalves 31/01/2018

Resenha “A Montanha Mágica” – e a questão do tempo na narrativa
O livro é muito extenso e aborda muitos temas que valem a pena discutir. O livro, em virtude da estética do Thomas Mann, é um pouco lento, a rotina do sanatório pedia isso. Apesar disso ele é muito recompensador, temos diálogos incríveis entre os personagens. Com certeza foi um livro que marcou esse período do fim da primeira guerra, com suas incertezas pós-guerra. Mas que também encontramos temas atuais e universais, intrínsecos ao ser humano e a sociedade contemporânea.

A resenha completa esta disponível no Blog Inspira Livro, confiram lá!



site: https://wp.me/p9rIAn-53
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Lili 31/12/2017

A Montanha Mágica
O que dizer de um livro como esse? Faltam-me as palavras para descrever com que maestria Thomas Mann nos propõe as mais diversas e profundas reflexões.

Adorei ler este livro. Adorei a maneira como Mann escreve, nos fazendo entender o ?ritmo? da Montanha por meio da nossa própria velocidade de leitura. Um escritor é um escritor. =)

Hans Castorp é um personagem cativante, por ser bastante verossímil e ?gente da gente?. Ele não tem medo de admitir que não sabe algo, nem vergonha de aprender com quem sabe mais. E ele realmente aprende muito no decorrer do livro - e nos leva junto.

Mas o que este livro tem de melhor é difícil comentar. Cada pessoa fará sua leitura e suas próprias reflexões sobre o tempo, a vida, a morte, a guerra, a religião, a ciência, entre muitas outras. Mann propõe um pouco de tudo. E saímos dessa leitura com a impressão de termos crescido um pouco junto com Hans.

Recomendo muito a leitura e a releitura (que com certeza farei) desse maravilhoso clássico.
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Toni Nando 23/12/2017

Existem tempo sem movimento?
O livro é minucioso, detalhista; histórias que te levam a reflexão, sobre o tempo em
Nossas vidas, a cada história contada ou vivida, nos leva a fazer varias análises sobre nós mesmo é o ser humano.
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Lopes 17/11/2017

O mágico na montanha
Mann, em "a montanha mágica", expõe em diversas camadas, visíveis e invisíveis, a experiência humana como fonte do horror instalado pelas Grandes Guerras. Dificulta, através daquela fina camada sensorial da linguagem, nossas intenções, retira do leitor as ambições, não o deixando pronto para nada, apenas mostrando quais movimentos o romance apresenta. O homem como contrário de si, em seu ápice des-humanístico que deflagra um tédio e uma insana vontade de massacrar o outro para desflorar seus limites. É a partir da enfermidade e paixão - não só, mas isso aqui é apenas um comentário rasteiro -, que as dimensões carnais e espirituais são delineadas. Ao se contaminar de ambos, Hans Castorp vai aumentando suas experiências, aludindo sempre ao ritmo frenético daquilo que não se move. O ser e o nada aqui é totalmente distorcido ao nada do ser, pois ele deixa ser levado pelo ritmo de se ter algo para si. E por fim temos as dimensões tempo e espiritualidade, entrelaçadas de forma que alimentam e circundam o movimento central do romance. O tempo se torna o verdadeiro tratamento e terapia, enquanto à espiritualidade é reservada o cúmulo da vida, a razão de uma verdade da alma, a saudade de algo. As ações humanas como fonte de uma das mais verdadeiras vidas possíveis, a morte.
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Andrade 14/11/2017

Uma escalada inesquecível!
Mann, cria um microcosmo - onde um dia lá 'em cima', como o próprio escritor narra, é considerado um mês aqui no nosso mundo. Os personagens sempre ficam na vertical. Enfim, por isso o nome 'A montanha mágica.'

Logo de cara nos é apresentado Hans Castorp que vai 'visitar' seu primo Joachim em um sanatório para tuberculosos. O que seria uma visita se torna de cara uma longa jornada. O livro é cheio de nuances e conversas filosóficas. Hans, é um personagem que está em formação, logo ele vai para aprender com os outros pacientes que lá estão. Ao longo da narrativa nos é apresentado o Settembrini, um 'literato' como assim é chamado. Um senhor personagem - com várias passagens filosóficas e que cria uma atmosfera ao leitor de sempre querer ler mais.

No final do livro - Mann, narra com maestria um dos maiores momentos em que todo o mundo viveu sobre tensão que foi a primeira guerra mundial.

Ps: Thomans Mann realmente foi para um sanatório para cuidar da esposa
que sofria de turberulose. Quantos personagens do livro realmente não existiram?

Citações:

'Será que também desta festa mundial da morte, e também da perniciosa febre que inflama o céu da noite chuvosa, ainda surgirá o amor?'

'Para a natureza sensível do humanista, o fim cruento de Naphta, aquela façanha terrorista do disputante sagaz e desesperado, tinha sido um choque violento demais, do qual não conseguia refazer-se.'
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Leila de Carvalho e Gonçalves 26/10/2017

O Sentido Da Vida
No início do século, acreditava-se que o ar frio e seco consorciado ao descanso e boa alimentação eram os melhores aliados para a cura da tuberculose. Esse tratamento era oferecido nos sanatórios, construídos em regiões montanhosas, e os doentes eram encorajados a recorrerem a internação. No entanto, esse isolamento, conveniente para uma doença infecciosa, escondia uma triste estatística: 75% dos tuberculosos morriam num prazo de 5 anos.

Esse é o cenário escolhido por Thomas Mann para "A Montanha Mágica", um dos mais importantes romances do realismo alemão. Localizado em Davos, na Suíça, o Sanatório Berghof pode ser comparado a um microcosmo formado por pessoas de distintas nacionalidades e ideologias, capaz de reproduzir uma Europa decadente e à beira da Primeira Guerra Mundial.

Com resquícios autobiográficos (a mulher do escritor esteve num local semelhante, vítima de uma leve afecção pulmonar), o livro começou a ser escrito em 1912, mas só foi publicado doze anos depois, por conta de uma uma série de contratempos. Em linhas gerais, trata-se de um Bildungsroman cujo protagonista é um promissor engenheiro recém-formado. Durante uma breve estadia para visitar um parente internado, Hans Castorp também é diagnosticado com tuberculose e decide permanecer no lugar. A partir daí, ele descobre o sexo com a enigmática Clawdia Chauchat, sua grande paixão, e completa sua formação intelecto-moral por meio de duas extraordinárias personagens: o simpático italiano Lodovico Settembrini (humanista e enciclopedista) e o judeu Leo Naphta (jesuíta totalitário).

No entanto, a viga mestra do livro é o tempo que surge não linear e impreciso, para retratar o ocado de uma época. São sete anos que parecem dissolver-se na montanha, distante do atribulado dia a dia na planície, daí, o título escolhido para o romance. Observe o seguinte trecho que aparece na abertura: "Não será, portanto, num abrir e fechar de olhos que o narrador terminará a história de Hans. Não lhe bastarão para isso os sete dias de uma semana, tampouco serão sete meses, apenas. Melhor será que ele desista de computar o tempo que decorrerá sobre a Terra enquanto essa tarefa o mantiver enredado."

Exibindo um desfecho em aberto, a leitura de "A Montanha Mágica" prima pela erudição e complexidade. Indubitavelmente, ultrapassar suas inúmeras passagens dissertativas é um desafio intelectual, contudo, sua leitura também exibe momentos agradáveis e até cômicos. Outro aspecto extremamente oportuno é sua atualidade diante de uma Europa em crise além da possibilidade de desfrutar de uma narrativa que consegue alcançar diversas camadas interpretativas.

Quanto a tradução de Herbert Karo, ela é bastante elogiada pela crítica pela proximidade que mantém com língua alemã, mas apresenta dificuldade para os leitores que não dominam o francês. Um bom exemplo é o diálogo entre Hans e Madame Chauchat, no capítulo "Noite de Walpurgis". A Companhia das Letras resolveu o problema, inserindo as traduções nesse idioma nas notas.

A presente edição vem acompanhada de um extra, o "Posfácio A Várias Mãos", do revisor Paulo Astor Soethe que também atualizou o texto, contudo, tomo a liberdade de indicar a crítica, de Harold Bloom, que faz pate da obra "Como e Porque Ler" e está disponível na internet.

Para um calhamaço de 912 páginas e mais de 20 horas de leitura, escolhi o ebook. Com índice ativo, ele atendeu minhas expectativas e, sem dúvida, reduziu o tempo que levaria, pois é muito mais leve e de fácil manuseio, quando comparado ao livro.

Finalmente, em 1982, "A Montanha Mágica" foi adaptada para o cinema e a televisão. Dirigida por Hans W. Geissendörfer, originou um filme e uma série com 2 capítulos, disponível no YouTube. Nenhuma das duas atinge a complexidade do livro, mas recomendo como curiosidade para quem já o leu.
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Sarah 22/11/2017minha estante
Adoro resenhas sinceras!


Fabiana.Amorim 06/05/2018minha estante
Hahahahaha Achei o máximo essa opinião! Nota-se que vc gostou do livro mas foi sincero quanto aos diálogos filosóficos de Settembrini. Eu me senti estúpida ali. Bem... Tua rrsenha até me deu vontade de ler A Montanha de novo. Eu adoro Vater H Mãe. Haha Vai que gosto de ser recompensada. Obrigada! Bjs




Oz 17/08/2017

Um clássico chato
Sim, eu sei que a Montanha Mágica é considerado uma das grandes obras da literatura mundial. Tem pontos positivos? Certamente. Dentre eles, pode-se destacar alguns diálogos mais filosóficos, que abordam a relatividade do tempo ou o conflito entre a as questões materiais e as questões religiosas. E são muito bem fundamentados e escritos. Thomas Mann com certeza tinha uma erudição acima da média. Mas, para o meu gosto, o positivo se resume a esses diálogos (e ainda com ressalvas, porque ainda assim é uma leitura pesada e travada).

O que temos ao longo da obra é a história de Hans Castorp, um jovem engenheiro naval alemão que decide passar um período visitando seu primo doente em um sanatório (um lugar onde se tratam pessoas com tuberculose) nos alpes suíços. Chegando lá, ele vai descobrindo que ele mesmo precisa/quer ficar ali em cima, se acostumando com os hábitos e a rotina dali. A história, então, gira em torno de diálogos travados entre os diversos personagens do sanatório, dentre os quais se destaca o humanista Settembrini, que vira uma espécie de tutor para Hans.

Só que são mil páginas de relatos e conversas. Mil páginas. E se fossem mil páginas leves, vá lá, mas longe disso. E vão dizer: aaaa, mas falam sobre amor, morte, doença, conflitos sociais, reflete a sociedade européia do pré Guerra, e isso e aquilo outro... Legal, mas tudo isso é entregado da forma mais acadêmica e rebuscada possível. Talvez fosse mais gostoso ler um tratado de filosofia ou uma tese de doutorado sobre a I Guerra. Temos desde um relato de diversas páginas de Hans estudando ou discutindo medicina e compostos biológicos - o que, na minha visão, é chato pra cacetada - até descrições massantes sobre a mudança de clima. Não bastando isso, é digno dizer que Hans se apaixona por uma hóspede e, quando finalmente decide conversar com ela, advinha só? Eles dialogam em francês! Ao menos nesta edição não há notas com a tradução. Ou seja, são basicamente umas 15 páginas em francês de um momento teoricamente aguardado e ansiado pelo leitor. Realmente, é de uma erudição e barroquismo que se tornam maçantes.

E assim prossegue o livro, com muita sisudez. Esse me parece ser uma obra que envelheceu mal, por isso não consigo defini-la melhor do que um clássico pra lá de chato. Infelizmente, não posso recomendá-lo.

site: www.26letrasresenhas.wordpress.com
Fabíola 03/09/2017minha estante
Por enquanto estou lendo a edição feita pela companhia das letras e tenho gostado bastante. Veremos no decorrer ...


Oz 03/09/2017minha estante
Espero que sua edição esteja um pouco melhor. Mesmo assim, pra mim o livro não foi muito agradável. Tomara que funcione melhor pra você. Boa leitura.


Vinicius.Freitas 20/05/2018minha estante
Eu tbm achei um dos livros mais chatos que li, curiosamente junto com outro clássico alemão, O lobo da estepe... demorei 2 meses pra ler q pareceram 2 anos hahahahaha


Sidnei 10/09/2018minha estante
O livro é chato e excessivamente longo, dava pra cortar muita coisa que não faria a menor falta. Tipo um capítulo gigante em que ele fala sobre as músicas que estavam disponíveis no acervo do sanatório, uma descrição extremamente cansativa que não vai a lugar nenhum.


Erika Neves.1 26/12/2018minha estante
Nossa, até que enfim encontrei alguém com a mesma opinião que a minha. Esse livro é chato pra caramba, já tentei ler 3x e sempre desisto.Simplesmente nada acontece além de um falatório inútil!
E o pior é ler tantas resenhas falando o quanto esse livro é maravilhoso, eu já estava até me achando a mais burra das criaturas pq não conseguia entender nada do que estava lendo. Fico feliz em ter encontrado seu comentário, pq agora sei que não estou sozinha.




Lucas 12/08/2017

Manifesto do Nada que descreve o Tudo
Estupefato. Esse é o adjetivo que melhor descreve o leitor de A Montanha Mágica, seja durante a empreitada (pois ela é, sim) da leitura ou após o seu término, que satisfaz e ao mesmo tempo deixa quem lê triste; não pela história ou narrativa em si, algo impossível, mas sim pela falta que personagens tão queridos farão ao cotidiano de quem se debruçou sobre a obra-prima do alemão Thomas Mann (1875-1955).

A Montanha Mágica narra a trajetória do jovem alemão Hans Castorp. Recém formado, ele parte em uma viagem rumo aos Alpes Suíços para uma "visita de médico" ao seu primo, Joachim Ziemmsen, que lá estava internado em um sanatório para tuberculosos, o Berghof. A tal visita rápida vai se alongando repetida e indefinidamente, como o leitor irá perceber. Se há um enredo narrativo, é apenas este: uma visita sem dia marcado para acabar, em um local cheio de doentes. Mas a hipótese de um romance sem enredo passa longe desse raciocínio; a narrativa parte desse Nada para detalhar o Tudo.

Se o romance se restringisse a apenas isso, já seria de ótimo tamanho e relevância. Mas Thomas Mann faz (muito) mais: em um contexto cercado de males e doenças, porque não discorrer sobre medicina? Em um lugar tão lindo, porque não mencionar a sua flora e o seu clima? E como se está em um ambiente coletivo, com pessoas compartilhando anseios e dores, não seria possível a existência do amor entre duas delas? E já que se está falando de um sanatório, porque não incutir no leitor valores como a bondade, a esperança e o reconforto a quem está sendo vencido pela dor? Ler A Montanha Mágica é, antes de tudo, estar sujeito a um bombardeamento de aprendizagem e reflexão. Cada capítulo, ou praticamente cada página, trás uma ou outra coisa, quando não as duas.

Nesse ponto mais prático, ainda sem se ater às questões filosóficas, sociais e a outras temáticas (cujo espaço nessa resenha está reservado mais adiante), Mann constrói a sua ficção de uma forma ímpar. Antes dos detalhes físicos externos (que são descritos, mas de uma forma secundária) de médicos, pacientes, familiares e outros personagens, o leitor conhece a alma deles. Tampouco interessa se um indivíduo é baixo, alto, russo ou eslavo: o relevante é que o leitor seja capaz de imaginar o seu respectivo sofrimento, a sua origem, as suas dores e o desamparo que as doenças graves causam. Em A Montanha Mágica, a alma não é meramente um conceito abstrato ou secundário: é a identidade que define e difere um elemento narrativo do outro. O autor, por meio de vários personagens, ensina que o interior sempre será mais importante que o exterior.

O romance foi escrito em duas etapas. Mann o iniciou em 1912 e parou de escrevê-lo em 1915. Veio a Grande Guerra e o autor só voltou a trabalhar na obra em 1919, terminando-a apenas em 1924, no ano em que foi lançada. Estes detalhes não servem apenas para "encher linguiça": não se sabe em que ponto da narrativa o autor interrompeu seu trabalho, mas é nítido ao leitor a influência que a Primeira Guerra Mundial e suas resultantes ideologias trazem ao livro, que é carregado de uma imensidade de contemplações da sociedade (especialmente a alemã) naquele pós-guerra. Isso é claramente visível especialmente a partir da metade da obra, quando o autor insere um personagem misterioso que protagoniza dezenas de debates com Lodovico Settembrini, também paciente do sanatório e principal coadjuvante da história.

É Settembrini, aliás, quem inunda as páginas de A Montanha Mágica com as grandes e variadas reflexões que são a marca registrada da obra. Humanista, antibelicista, mas contraditório em várias ocasiões, ele desenvolve com os protagonistas diversas questões filosóficas, que assumem caráter de digressão, em relação à narrativa em si, mas que são capazes de engrandecer a mente de quem está lendo. Estes momentos são tão frequentes que o leitor acaba desistindo de marcá-los ou até mesmo tomar nota deles: todo o livro, do seu princípio ao fim, acaba narrando um processo de evolução moral e intelectual dos personagens e, principalmente, do leitor. E a gama de aspectos que conduzem a essa evolução é tão diversa que torna-se impossível detalha-la em sua plenitude.

A primeira temática que se desenvolve nesse contexto de aprimoramento interior é a do tempo. Em toda análise ou sinopse mais detalhada que se vê d'A Montanha Mágica, há uma associação especial entre essa unidade que mede o curso da vida e a narrativa. Mann não pretende estabelecer uma opinião definitiva, tampouco um conceito objetivo para algo tão subjetivo: sua técnica (neste e em todos os outros temas que vão surgindo) consiste em expor frontalmente duas opiniões, ambas com embasamento e sentido, e desse choque argumentativo, surgem infinitas formas do leitor entender e assimilar a questão. Voltando ao tempo, a história discorre sobre as diferentes percepções que ele possui para um mesmo indivíduo. Porque o tempo passa tão rápido e tão devagar, dependendo da atividade que está sendo desenvolvida no presente? O que faz o tempo, por exemplo, passar tão devagar quando se é criança, onde, num sentido mais prático e "brasileiro", o Natal parece não chegar nunca? Partindo para o próprio sentido da obra, porque o tempo passa em um ritmo muito diferente "lá em cima", no sanatório? O que é melhor, que o tempo passe rápido ou não? Todas essas questões são desenvolvidas com tamanha minúcia argumentativa que o leitor, certamente, terá uma profunda mudança na sua percepção de tempo após a leitura.

O humanismo, a corrente de pensamento que mais aparece na obra, é visto em todos os seus pormenores. É a partir de sua exposição que Mann desenvolve boa parte da carga filosófica que o livro trás. Partindo de uma definição simples para o tema (o homem como centro do mundo), o autor discorre sobre temas de ordem prática e muito atual até hoje, quase um século após o lançamento d'A Montanha Mágica. A pena de morte, os castigos a presidiários, a utilidade ou não da fé, a maçonaria e sua função humana, as enfermidades, cremação x sepultamento tradicional, doutrinas religiosas, a mediunidade... Uma resenha não seria capaz de comportar todas as nuances expostas pela obra. O mais relevante, contudo, é a forma bilateral com que esses temas são desenvolvidos, com várias argumentações diferentes. A pena de morte, por exemplo, é defendida com teses nas quais, possivelmente, quem é a favor jamais havia pensado; o mesmo ocorre com quem não é um entusiasta dessa prática. Estas exposições, na verdade, refletem bem o caráter da narrativa: um relato minucioso de como todas as coisas são, sob diferentes pontos de vista.

Tais complexidades tornam o livro bem exaustivo em vários pontos. Associado a isso, há o tamanho vultuoso de muitos capítulos, especialmente na segunda metade da história. Estas características tornam a leitura engessada em diversas ocasiões, mas o leitor não deve se preocupar. Segundo o próprio autor, em seu prefácio, o tempo deve ser a última preocupação de quem se aventura pelas entranhas de sua narrativa. Certo ou errado, útil ou inútil, as emoções despertadas em A Montanha Mágica farão com que o leitor, no mínimo, reflita sobre questões místicas aparentemente incompreensíveis. E se uma obra tem o poder de gerar a reflexão, deve ser valorizada como tal, já que um dos grandes sentidos da literatura é justamente este: um contínuo processo de conhecimento de si mesmo ou do ambiente em que o indivíduo se insere.

Nesse emaranhado de emoções, o leitor se espelha e, inconscientemente, acompanha a evolução moral de Hans Castorp, que aos poucos vai alterando a sua percepção a respeito da "planície". Todos precisam de um refúgio, um desligamento, mesmo que breve, do cotidiano e sua rotina, ocasião perfeita para reflexões íntimas que engrandecem, sob todos os aspectos. Como o protagonista na narrativa, somos todos enganados pela atmosfera lúdica e de outra realidade que é a vida em Berghof: tudo o que se acredita, em termos de tempo, doenças, religiões e mais uma imensidade de temas sofre enormes mutações, que a atmosfera do sanatório (que só pode ser sentida, e não descrita por quem lê a obra) provoca no íntimo de quem acompanha essa saga. A Montanha Mágica assume assim o viés de uma grande marreta, capaz de quebrar paradigmas e interiorizar abstrações: uma viagem em espiral pelo ato de refletir.
Nat 26/08/2017minha estante
Mais uma vez suas resenhas me fazendo sentir uma enorme vontade de ler o livro. Preciso começar a ler já! Resenha muito bem feita. Parabéns, Lucas.


Nat 26/08/2017minha estante
Imagino que você deve ter tido uma baita ressaca literária após ter lido está grande obra.


Nat 26/08/2017minha estante
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Lucas 26/08/2017minha estante
Nobre Nathália! Pois é, já tive ressacas maiores, mas foi inevitável ficar um tempinho sem chão, digamos, estupefato, como mencionei ali Kkkk. Muito obrigado por ter lido-a. :)


Geison 02/10/2017minha estante
Puxa, incrível! Estava com receio de ler o livro, mas agora com essa resenha perfeita vou começar hoje mesmo ! Parabéns !




Jak 30/07/2017

Depois de algum tempo...
Tenho receio em avaliar um livro assim que o termino, pois sempre é a mesma história de imediato posso não dar muita relevância ao livro, mas depois de um tempo começo a perceber que o livro de alguma maneira muito louca se integrou a sua vida... não isso não é uma conspiração, ou talvez seja...
Essa foi minha experiência com a montanha mágica. Sinto-me localizada na bendita (será?) montanha e acredite isso é terrível. Vez e outra visito o livro na biblioteca, se tornou um encontro pessoal, e não raras vez ele me salta no meu dia a dia.
Provoca-me estranheza o meu reconhecimento com os livros do Mann, sendo que diferimos em vários aspectos, mas essa deve ser a famosa mágica literária. Não vou mentir não entendi completamente todos os extensos diálogos entre Settembrini e Naphta. Estou tão perdida como o Hans, estou entre descer a montanha ou esperar se atirada montanha mágica ( a pior das opções) e meu amigo a montanha pode ser mágica, mas um dia a realidade te puxa...
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Robert 24/07/2017

Hans Lorenz Castorp, uma personalidade que dificilmente se deixava abater, e se arraigava com grande tenacidade na vida.

É preciso chamar as coisas pelos seus nomes verdadeiros, e fazê-lo energicamente. Isto fortifica e eleva a vida.

O tempo absolutamente não tem natureza própria. Quando nos parece longo, é longo e quando nos parece curto, é curto, mas ninguém sabe em realidade sua verdadeira extensão.
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