Brenno.Garcia 18/09/2022sobre o tempo.às vezes você lê um clássico qualquer de quase novescentas páginas, considera superestimado, dá uma nota três e segue em frente.
o problema é quando essa história qualquer te acompanha por muito mais tempo do que o planejado.
minha história com "a montanha mágica" foi exatamente assim. de início, senti que iria odiar, na metade tive certeza e no final fiquei contente por ter acabado. mas de alguma forma, Hans Castorp continuou comigo mesmo depois da última página.
o ritmo lento (a história efetivamente começou para mim a partir da página 400) dá uma sensação de marasmo e tédio. porém, isso não é novidade ao leitor visto que desde o prefácio o autor já dita o tom dessa história. e quer uma dica? acredite no prefácio. essa não é uma história para ser consumida em sete horas, sete dias e talvez nem mesmo em sete meses.
mas é uma história que vale a pena ser lida.
as discussões filosóficas pertinentes e bem fundamentadas, o eterno debate sobre o que é o tempo e como ele passa diferente para cada pessoa, o conformismo, a inércia, o olhar crítico sobre tudo que é considerado normal e aceitável, os dias na neve, as noites de febre, as secretas convicções, os passeios pela praia, a cura, o ser humano e o ser doente. tudo isso abordado de forma isolada e ao mesmo tempo.
desde que finalizei a leitura já corrigi minha avaliação duas vezes, e talvez isso continue acontecendo com o tempo. sem dúvidas, uma obra que vale a pena ser encarada e desafiada - sem pressa e com mente aberta.
"Desde o primeiro dia você se preocupou com o 'tempo'. Mas me parece que estamos aqui para ficar mais sadios e não mais sábios; mais sadios e completamente sãos, até que enfim nos devolvam a liberdade e nos enviem à planície como curados. A liberdade vive nas montanhas!"