Marcelo 29/11/2012
Esta resenha fiz para um trabalho acadêmico, por isso é um pouco grande. Espero que lhes seja útil.
O livro “Política: Quem manda, por que manda, como manda” foi escrito por João Ubaldo Ribeiro e impresso pela Editora Objetiva. Lançado em 2010, possui 192 páginas e sem usar jargões nem impor qualquer visão particular, João Ubaldo procura destrinchar alguns enigmas da Política. Tem a ver com quem manda, por que manda, como manda. E João vai comendo pelas beiradas, explicando que coisa é essa, a Política, e por que ela interessa a todos e a cada um, e aos poucos desvendando conceitos considerados fundamentais da sociedade e do Estado.
João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro, nascido em Itaparica no dia 23 de janeiro de 1942, é escritor, jornalista, roteirista e professor. Já escreveu mais de 15 livros traduzidos em 16 países, é membro da Academia Brasileira de Letras e ganhador do Prêmio Camões de 2008, maior premiação para autores de língua portuguesa.
Ubaldo em seu primeiro capítulo define política desta forma: “é o estudo e a prática da canalização de interesses com a finalidade de conseguir decisões.” Segundo o autor, é impossível que fujamos da Política, porque tudo pode e deve ser visto sob um ponto de vista político. A Política se preocupa com encaminhamento de interesses para formulação e tomada de decisões.
Uma forma de exemplificar o exercício do poder é quando mantemos preconceitos contra nosso semelhante. A existência de preconceitos não é natural. O homem não nasce com preconceitos. Ele os aprende socialmente e ao aprendê-los, seu comportamento está sendo influenciado, desta forma, está sendo submetido a uma forma de poder.
Outra concepção errônea que é esclarecida no livro, é o fato de algumas pessoas se julgarem “apolíticas”. Quando estamos pensando em cuidar de nossa vida apenas, sendo “apolíticos”, na verdade estamos somente com a vista curta ou então somos comodistas, não achando que as coisas estão ruins assim, para que procuremos fazer algo para mudá-las. O fato de uma pessoa não se interessar por assuntos políticos é visto como um ato político. Uma vez que ela opta por manter as coisas como estão, ela está concordando e aceitando o governo vigente.
João define “Estado” como um conjunto de instituições, como por exemplo a Presidência da República, o Congresso Nacional, as Forças Armadas e a Constituição. Esse conjunto de instituições, deve vir juntamente do estabelecimento da diferença entre governantes e governados e a institucionalização dessa diferença.
O autor também pormenorizou os conceitos de Estado, Nação e Soberania, desvinculando-os dos conceitos populares.
Outra temática abordada é a questão da violência praticada pelo Estado. Este que representa o interesse público, detém o monopólio da violência para a manutenção do interesse coletivo. Para tanto, o Estado desempenha, basicamente, três tipos de funções: elabora as leis (atividade legislativa), aplica a lei aos casos particulares (atividade judicial), administra os negócios públicos e executa a lei (atividade administrativa e executiva).
Ubaldo classifica a relação Estado-indivíduo desta forma: o Estado existe para servir ao indivíduo e à sociedade, e a sociedade e o indivíduo existem para servir ao Estado. Classificando o Estado como uma forma de tirania, aproveita o gancho e explicita o que é democracia, o que são governos ditatoriais e fala sobre Governo e Constituição.
Quanto à escolha de governantes, menciona o fato da hereditariedade, da seleção através da qualificação religiosa, da força (golpe) e das eleições.
Discorre sobre os sistemas eleitorais, os partidos políticos, as ideologias e suas respectivas funções no cenário político.
João Ubaldo encerra o livro respondendo às questões anteriormente colocadas. Quem manda é quem está levando vantagem (pode ser tanto o governante quanto os governados), o Estado tem o poder do monopólio da coerção e por isso faz de tudo para não perdê-lo.
De forma séria e clara, o livro traz explicações fáceis e esclarecedoras sobre termos técnicos e bastante ambíguos para a maioria da população. João busca, no final, despertar o senso crítico do leitor e faz com que perceba a verdade que o rodeia, muitas vezes disfarçada.
Conclui-se através da explanação de João Ubaldo que o âmbito político é movido por um grande jogo de interesses, uma vez que o Estado existe para representar o interesse público, que é substituído, muitas vezes, pelo interesse privado.
Contudo, graças aos ignorantes-políticos, vulgos “apolíticos”, elegemos e legitimamos governos corruptos que cada vez menos se importam pelo bem comum, mas pensam e trabalham visando o benefício individual.