Ramiro.ag 01/12/2022
"Quem sabe o homem ame não apenas o bem-estar? Quem sabe ele ame igualmente o sofrimento?"
Esse é o meu livro favorito, já reli diversas vezes, e toda vez que leio me identifico mais (e não me orgulho kkk).
O narrador é uma pessoa amargurada, viciado em seu próprio sofrimento. A primeira parte é um conjunto de notas ácidas e sarcásticas acerca do ser humano, suas ações e sua consciência, inclusive, deixando a entender que se sente superior a tudo e todos, embora sua condição - física e psicológica - miserável.
"Asseguro-lhes que ter uma consciência exagerada é uma doença, uma verdadeira e completa doença"
Extremamente rancoroso, não consegue perdoar e esquecer nada, e se martiriza pelas coisas mais mínimas (mesmo que não passe de fantasias que ele mesmo criou), no entanto, não possui nenhum poder de ação, se destruindo cada vez mais, e de propósito.
O narrador fica completamente imerso em seu subsolo, e passa a maior parte do tempo fantasiando e vivendo em suas ideias, e quando se vê no "real" acaba não sabendo como lidar, e nem como colocar suas ideias para fora. E mesmo em constante sofrimento e angústia, se recusa a se "rebaixar", ceder ou relevar qualquer coisa que ache que não é digna de si, e ora culpa os elementos exteriores por sua atual situação, ora se vê consciente de sua própria hostilidade.
Ao meu ver, é um indivíduo que propositalmente cultiva a própria angústia, e não se vê vivendo sem ela.
"É melhor uma felicidade barata ou um sofrimento elevado? Então, o que é melhor?