Lcardosi 21/07/2024
O Homem do Subsolo
O livro é estruturado em duas partes. A primeira delas discute uma série de ideias que fervilhavam na Rússia do século XIX (Dostoiévski discordava delas), as quais explicam porque o homem do subsolo surgiu e se desenvolveu. A segunda parte é uma narrativa em 1ª pessoa do protagonista do livro, que não é nominado, tratando da sua vida no "subsolo", que é uma metáfora para os homens que decidem se isolar e viver para dentro, no mundo dos sonhos. O livro é primoroso nas análises psicológicas do protagonista, que apesar dos seus defeitos de caráter, é verdadeiramente humano e complexo.
O contexto histórico da obra é a entrada de uma série de ideologias na Rússia, que foram importadas da Europa, mas que Dostoiévski opunha-se ferrenhamente, como o Utilitarismo, de Bentham, o Racionalismo Científico e o Ateísmo.
Na minha visão, o autor quer passar o que é o homem do subsolo e como este surge. Dessa forma, analisa como o isolamento, a fuga da realidade, a inveja, os maus hábitos e com relação ao transcendente podem gerar este tipo de homem, que para Dostoiévski é claramente algo podre.
O interessante é notar como essa obra ressoa com a figura de Nietzsche e o Niilismo e como a falta de sentido faz com que as pessoas ficam desnorteadas ao invés de ficarem mais fortes.