filipetv 14/10/2024
Um livro infanto-juvenil publicado no fim do século 19 que conta a história de um pré-adolescente que se aventura em uma viagem de navio em busca de um tesouro enterrado em uma ilha remota definitivamente não foi escrito pra um adulto do primeiro quarto do século 21. Por isso, pra ser honesta, minha análise de "A Ilha do Tesouro", de Robert Louis Stevenson, precisaria de muito malabarismo, já que, por muitos motivos, não sou o público-alvo da obra.
Ainda assim, quando comparo, por exemplo, com "O Hobbit", de Tolkien, que foi escrito pra um público de faixa etária semelhante, fico pensando se realmente estou sendo tão injusto ao dizer que o romance se Stevenson é um livro ruim.
Após a morte do capitão Flint na estalagem da sua família, o menino Jim Hawkins acha um mapa do tesouro. Ao contar o acontecido para o médico do lugar, é convidado por ele para, junto a uma tripulação que conta inclusive com Long John Silver, um antigo marujo de Flint, navegar em busca do tesouro (deixando sua mãe adoentada e recém-viúva na Inglaterra. Porque sim). No meio da viagem, Jim descobre o plano de Silver para tomar o navio e daí se desenrola a aventura.
Com recursos narrativos duvidosos, como o clássico "escutar atrás da porta", e repetitivos, a história vai se desenrolando sem muito apelo, havendo até uma mudança de narrador que só se explica pela conveniência, porque nada na obra nos prepara para isso, e desemboca em um final apressado e meio óbvio.
Ratifico: entendo o contexto da publicação e a quem ela se destina, mas eu já li outros livros escritos há centenas de anos e destinados a leitores de faixas etárias diferentes da minha e concluí que, quando há qualidade, esses aspectos não importam muito. E nem de longe é o que acontece aqui.