Maira Giosa 23/09/2021O quarto livro da série sobre Anne Shirley não está na coleção original, tendo sido escrita em 1937, muito depois da série ter sido terminada. E isso faz toda a diferença, porque este é, visivelmente, o livro mais distante dos sonhos e intimidades de Anne, e o que menos exploramos sua evolução como pessoa. Tendo resolvido sua vida amorosa no último volume, não há nenhum tipo de confidência de sua parte a uma amiga, nem mesmo a Diana.
Escrito em grande parte como cartas endereçadas ao noivo, sabemos da professora aquilo que ela nos conta diretamente. Temos poucos vislumbres de seus sentimentos mais profundos. O hiato de três anos para se casar é passado dando aulas em uma nova escola, morando com novas pessoas e - principalmente - ajudando todos a seu redor.
Não que isso faça de Anne menos extraordinária - muito pelo contrário. Ela continua sendo a pessoa cujo sorriso derrete até os mais durões e cujas ações altruístas buscam a alegria de todos que a rodeiam. Mas falta um pouco de... alma. O nome do noivo só é mencionado nas cartas que ela escreve para ele e não temos nenhum vislumbre sobre a relação dos dois, ou sobre como ele se sente. O que o rapaz faz ou pensa é deixado de lado.
Por isso, de certa forma, fiquei um pouco decepcionada, especialmente depois da maneira como o romance foi conduzido no último livro. Por outro lado, a autora coloca nossa progagonista como a heroína que ela sempre quis ser - e alguns dos personagens que ela conhece (e salva) são diversos. Desde a pequena e doce Elizabeth, até a amargurada Katherine, a medrosa Dovie e a louca Hazel.
É interessante ver esse outro lado de Anne: sendo a amiga exemplar, que toma as atitudes quando os outros não conseguem e resolve problemas que de outra maneira não seriam resolvidos.
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