William354 09/10/2024
A filha de duas famílias e Deusa dos Obins.
Como grande admirador e fã de John Scalzi, é triste dizer que achei O Conto de Zoe uma decepção. Por toda a expectativa que naturalmente é criada levando em conta que este é “O Quarto Livro da Série da Guerra do Velho” (informação estampada na capa, inclusive, sendo uma justa ostentação), esse livro obviamente tem seu valor mas sem dúvida é menos empolgante que os demais.
Uma passagem narrada pela Zoe no primeiro ato do livro me chamou muito a atenção: "A maior parte desse tempo eu passei assistindo às partidas de queimada, ouvindo música, batendo papo com meus novos amigos, e gravando as boladas do Enzo. No entrando, no meio disso tudo, consegui sim tirar um tempo pra aprender sobre o mundo onde passaríamos o restante das nossas vidas."
Essa passagem resume bem a maior parte do livro, em especial o início e o meio dele. Ele perde muito, muito tempo mesmo com dramas adolescentes totalmente desinteressantes e de vez em quando, arruma algum tempo para falar sobre o que realmente importa, sobre o que aprendemos a gostar desse universo. Além da perda de tempo com temas adolescentes bobos, muito do que é revisitado é só repeteco, mesmo. As mesmas informações que já tínhamos com uma ou outra observação e/ou sentimento de Zoe.
Como já sabemos de antemão o que vai acontecer, quase não há impacto na história, e a participação de personagens secundários e terciários não empolga, o mesmo vale pra alguns pequenos plots aqui e ali. É compreensível que tenhamos que acompanhar esses pormenores para que possamos conhecer de fato Zoe e seu íntimo, afinal, em parte nós somos moldados pelo que nos cerca, mas fica aquela clara sensação de que para conhece-la, você precisa pagar um “pedágio” muito grande. É como se a maior parte do livro fosse composta por aquelas cenas deletadas de filmes que você entende o porquê de terem sido deletadas quando você as assiste.
Após o término da leitura, de saldo positivo fica o desenvolvimento de Zoe, conhecemos bem mais dela e da fauna de Roanoke que é um pouco mais explorada. Mas o que salva mesmo o livro são algumas sequências na reta final envolvendo os Obins, o Conclave e uma 3° raça alienígena. Se tem uma coisa que dá pra afirmar sobre essa saga é que os finais do Scalzi nunca decepcionam. São trechos novos da história, que não havíamos visto, quase como informações de “bastidores”, e que culminam no crescimento e amadurecimento de Zoe que mostra ser uma personagem muito forte, talhada pela representatividade e responsabilidade que teve desde pequena.