O sol é para todos

O sol é para todos Harper Lee




Resenhas - O Sol é Para Todos


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Gabriela 04/11/2024

?Ninguém precisa mostrar tudo que sabe. Não é educado. Em segundo lugar, as pessoas não gostam de quem sabe mais que eles. Incomoda. A gente não muda os outros falando direito, eles precisam querer aprender. E se não querem, o jeito é ficar calada ou falar omo eles.?
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Erika 03/11/2024

A sabedoria e integridade de Atticus Finch, o pai dos protagonistas, são o cerne desta história. Seu compromisso com a justiça, igualdade e compaixão é um farol de esperança em um mundo marcado pelo preconceito e injustiça. Através de sua defesa de Tom Robinson, Atticus nos ensina que a verdadeira coragem é defender o que é certo, mesmo diante da adversidade.

Scout e Jem, com sua inocência e curiosidade, nos mostram o processo de aprendizado e crescimento. Através de suas experiências, eles aprendem sobre a complexidade do mundo adulto e a importância de questionar.


Em resumo, "O Sol é para Todos" é um livro perfeito, uma obra que nos inspira a ser melhores seres humanos. É um clássico que deve ser lido e relido, compartilhado com todos que buscam sabedoria, compaixão e inspiração. Atticus é um dos meus personagens preferidos da vida inteira!!!!
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Rosiane88 02/11/2024

Uma obra pra quebrar barreiras
Audiobook
Realmente essa história é impactante e atemporal. Um tema que é debatido e vivenciado pela sociedade há tanto tempo mas que ainda nos dias de hoje não se dissipou, o racismo. Não sei se dizer isso chega ser um spoiler, mas ao meu ver esse é basicamente o tema central do livro, que aborda não somente o racismo, mas também questões familiares, questões culturais, respeito, amizade, companheirismo, esperança e humanidade.
É uma história muito bonita que ensina que quando acreditamos, temos que ir até o fim, não importa quão difícil possa ser. Devemos seguir e não desistir.

Por dentro da história:

. O livro se passa nos anos 30, Estados Unidos. Uma época em que a cor da pele significava separação. Significava pré-julgamento e distinção entre pessoas, sejam elas boas, ruins, ricas ou pobres.
. A história é narrada por uma garotinha de oito anos que vivencia a luta do seu pai advogado pra defender um negro acusado injustamente.
. Ela mostra como é a vida na sociedade daquela época e podemos entender pela perspectiva de uma criança, como eram os costumes, as crenças e também o comportamento das pessoas de um jeito puro e inocente.
. A história nos ensina que mesmo quando perdemos alguém importante isso não significa que a vida parou. O pai deles os cria sem a mãe e sempre busca proporcionar segurança e acolhimento, ensinando-os da melhor forma possível a serem pessoas melhores
. Sua postura como advogado é um grande exemplo disso. Buscando sempre a verdade, independente dos julgamentos por defender um negro, ele não se importa, esta disposto a enfrentar o que for de cabeça erguida porque é o certo a se fazer.
. Vemos a admiração dela crescer por seu pai, que representa um herói e os ensina, a ela e seu irmão, que devemos lutar pelo que acreditamos ser o certo, que ainda que coisas ruins aconteçam, não devemos desistir. Devemos ser corajosos, fortes e firmes.
. É de fato uma história marcante e cativante. Mesmo que narrado por uma criança. Mas acho que de certa forma, ser narrado desse ponto de vista acabou deixando a história mais leve, por se tratar de um tema tão forte e triste.

Uma leitura (ou áudio) muito interessante.
Vale a pena com certeza.
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Giovanna.Traficant 01/11/2024

Através de um doce olhar...
Esse livro no começo não me cativou, mas como ele é indicação do clube de livro de uma amiga que tanto amo dei mais uma chance...
E valeu muito a pena...
Porque vivenciar através do olhar da Scout um Alabama tão preconceituoso em relação ao racismo e como seu pai Atticus um advogado tão talentoso, perpicas e esclarecido lutar contra tudo isso é fantástico.
O sol é para todos...vamos olhar com mais empatia e gentileza o outro...porque cada um trava uma batalha invisível...?
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Gabriel Abib 01/11/2024

Acho que eu tenho um novo livro favorito!
Nossa senhora, que jornada, tudo isso em pouquissimos anos dessas infâncias, imagina a quantidade de eventos e conteúdo infinitos que esses personagens seriam capazes de narrar. A scout é uma BAITA narradora, consegui me sentir o tempo todo lá com eles na rua, e no final quando tem a cena no escuro, senti que eram os meus filhos/irmãos que estavam ali naquela cena, fiquei com o coração no mal, a angústia era tanta que nem me importo do clichê do Boo ter chegado. Cada um dos personagens, muito bem elaborados, cada qual com suas peculiaridades, principalmente os morades dessa sociedade decadente e hipócrita.

O carinho entre os irmãos é muito bonito, bonito também é a forma como a história permeia os temas raciais, e mesmo não colocando isso em foco, não se esquiva, marca posição. Não tem salvador branco, até porque Tom não foi salvo. A forma como isso indigna as crianças, a ponto delas chorarem e se emudecerem. E coisa boa ver o Ewell se lascando, nojo desse personagem. Impressionante como ninguém passou batido pelos olhos das crianças, e da Scout, até a tia Alexandra no fim estava "do lado certo". Muito interessante observar a figura do Aticcus como pai, já havia lido livros que aprofundavam a visão da mãe sobre os filhos, mas não dos filhos sobre o pai.

Ainda temos canetadas muito boas como:
...Sometimes the Bible in the hand of one man is worse than a whisky bottle in the hand of (another)...
...one maniac and millions of German folks. Looked to me like they'd shut Hitler in a pen instead of letting him shut them up...

Eu não tenho palavras para descrever o quanto amei esse livro, o quanto devorei essa leitura. Portanto, só me resta dizer, obrigado Harper Lee, e aos que estiverem lendo essa mensagem, LEIAM esse livro e passem adiante essa história.
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Giuliana 31/10/2024

Será que o sol é para todos?
Trazendo a visão de uma criança sobre a sociedade em que vive, sobre o racismo à décadas atrás e o convívio com a vizinhança. É lindo ver a relação dela com o irmão e o pai.
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Ricardo 31/10/2024

O sol é para todos, Harper Lee
O livro é narrado por Jean Louise Finch, a Scout, uma menina que começa o livro com seis anos. Ela nos apresenta seu irmão, Jeremy Atticus Finch, o Jem; seu pai, Atticus Finch, um advogado e homem de valores; a empregada da casa, Calpúrnia, uma mulher negra; Dill, o amigo dos irmãos durante os verões; e outros personagens ao longo da história, que se passa no cenário do Alabama da década de 30, no segregacionista sul dos Estados Unidos. Durante a primeira parte do livro conhecemos a personalidade dessas figuras, as aventuras das crianças e, com sutileza devido à narração infantil de Scout, a detalhes importantes no comportamento e visão de mundo de Atticus, da vizinhança e da sociedade de Maycomb, localidade em que moram no Alabama, de forma geral.

Scout conta um episódio em que, no seu primeiro dia de aula, a professora logo se mostrou contrariada e antipática em relação a ela. O motivo? Scout era precoce para sua idade, já sabia ler e era muito esperta, o que, na opinião da professora, se tratava de um dano que tentaria reparar, além de prejudicar a aula, afinal os colegas não estavam no mesmo nível. A professora, inclusive, sugere que Scout pare de ler e estudar com seu pai, que é um leitor assíduo. Porém Scout não era ensinada por ele a ler, mas aprendia por osmose, como uma autodidata, apenas acompanhando as leituras em voz alta do pai, ou os cantos na igreja acompanhados do livro com as letras das canções.

O cenário, além de um país segregado, era de um país devastado e em lenta recuperação após a grande depressão. Sendo uma sociedade baseada na agricultura e com os homens do campo em más condições financeiras, o efeito cascata alcançava todas as demais profissões, como médicos, dentistas e advogados, que tinham como clientes os homens do campo.

Atticus é um pai que passa muitos ensinamentos a seus filhos, muitos por meio dos exemplos e outros por meio de palavras. Quando Scout implorava ao pai que lhe deixasse abandonar a escola, porque a professora não admitia que ela lesse com ele e a relação entre elas se iniciou e continuou problemática, Atticus proferiu as seguintes palavras:

"Se aprender um truque simples, vai se relacionar melhor com todo o tipo de gente. Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas do ponto de vista dela".

Essa frase irá acompanhar as reações e atitudes de Atticus ao longo de todo o livro. Ele é um homem à frente de seu tempo, com a mente mais aberta, firme a suas convicções e independente das convenções sociais da época. Porém, ele é um homem tolerante e empático, que consegue compreender o comportamento dos demais e que busca a transformação social por meio do convencimento pelo exemplo, de forma gradual porém sólida. Uma das vizinhas era a srta. Maudie, uma mulher um tanto excêntrica, porém de bom coração. Cuidava muito bem de seu jardim e tinha uma boa relação com as crianças e com Atticus.

Em uma conversa de Scout com a srta. Maudie sobre Arthur Radley, o famoso e temido vizinho Boo Radley, a vizinha ensina mais uma lição a Scout: a de que a bíblia na mão de um homem pode ser pior do que uma garrafa de uísque na mão de um bom homem, isso porque homens maus podem usar da bíblia para maus propósitos, ou mesmo homens ignorantes ou influenciados podem fazer o mal despretensiosamente. Boo era objeto de uma verdadeira obsessão dos amigos Scout, Jem e Dill, que fantasiavam sobre a aparência e hábitos dele, e planejavam tirá-lo de casa a qualquer custo, porém com muito medo.

Começou-se a falar no julgamento de Tom Robinson, o homem negro acusado de estuprar uma mulher branca. Atticus era seu advogado, então Scout começou a sofrer bullying na escola, afinal, seu pai estava defendendo um negro; mas não apenas isso, ele defendia um negro estuprador, pois a sociedade de Maycomb já havia prejulgado o homem com base na palavra da suposta vítima.

No processo de "coming of age", fortemente abordado nesta obra, de amadurecimento infantil e juvenil, são naturais algumas excentricidades, as crianças desafiam a autoridade, querem chamar a atenção, fingem entender coisas que não entendem e imitam comportamentos adultos mesmo sem entendê-los. Presenciamos alguns desses momentos na obra e destaco um momento cômico (entre vários) de Scout:

- Que bosta nojenta! - Exclamei.
- O que você disse? - perguntou tio Jack.
Atticus então avisou:
- Não dê atenção, Jack. Ela está testando você. Cal disse que ela está falando essas palavras de baixo calão há uma semana.
(...)
Mas naquela noite, no jantar, quando pedi para tio Jack, por favor, me passar a droga do presunto, ele apontou o dedo pra mim e disse:
- Depois do jantar vamos ter uma conversa, mocinha.

Em uma conversa com Jack, seu irmão, conhecemos um pouco mais da personalidade e dos ideais de Atticus como pai. Ele repreende o irmão por ter se esquivado e dado uma resposta confusa quando Scout o questionou sobre o que era uma prostituta. Segundo ele, "quando uma criança pergunta alguma coisa, você precisa responder, pelo amor de Deus. Mas sem exagerar. Crianças são crianças, mas elas percebem uma evasiva mais rápido que os adultos e ficam confusas". Ele comenta também que nunca bateu em Scout, o que podemos deduzir que se estende a Jem, que tinha um gênio menos difícil do que a irmã. Scout ouvia essa conversa escondida, mas Atticus sabia disso e queria que ela ouvisse sua resposta para a pergunta "Você preferia não ter que fazer isso (defender Tom Robinson), não é?":

- É. Mas depois não teria coragem de encarar os meus filhos. Você sabe o que vai acontecer tanto quanto eu [a condenação], e espero que Jem e Scout passem por isso sem sofrimento e principalmente sem pegar essa doença [racismo] tão comum em Maycomb".

Importante: Atticus comenta que o juiz John Taylor delegou o caso a ele; o juiz apontou o dedo ao advogado e disse: "Você vai fazer a defesa".

Quando Jem e Scout ganham rifles de pressão de presente, o pai menciona o título original do livro quando diz que é um pecado matar um mockingbird. O mockingbird, traduzido nessa edição como rouxinol, simboliza a pureza e inocência de uma criatura que não faz mal a ninguém. Na trama, temos alguns personagens que representam o mockingbird, como Tim Robinson, um inocente que será condenado apenas por ser negro, e Boo Radley, o lendário vizinho que é trancafiado pelos próprios pais dentro de casa.

Percebemos que a srta. Maudie conhece e tem admiração por alguns talentos de Atticus quando ela os defende em conversa com Scout, que dizia que seu pai não sabia fazer nada, respondendo que ele era bom em sua profissão, no xadrez, em tocar harpa de boca e, um pouco mais tarde, vemos que também é bom em atirar. Finch-tiro-certeiro era seu apelido quando mais jovem; Atticus apenas optava por não ostentar seus talentos, mas utilizá-los apenas para os fins nobres ou, ao menos, úteis. Apenas quando descobre que seu pai era um exímio atirador que Scout se rende aos seus talentos e percebe que não conhece todas as habilidades que ele possui e, mais do que isso, percebe que ela não conhece porque ele não faz questão de mostrar.

Jem embarca em uma nova experiência. Ao ouvir a Sra. Dubose dizer que sei pai é tão sujo quanto os pretos que defende, ele destrói todo o jardim da velha vizinha. Como punição, seu pai o obriga a atender a vontade da vizinha: a de que ele leia para ela todos os dias, por duas horas, durante 30 dias. A contragosto, porém obedecendo ao pai, é o que Jem faz, acompanhado de Scout; ele cumpre a punição por mais do que 30 dias, a pedido da velha e de seu pai. O motivo era uma doença terminal da Sra. Dubose, que nem sequer ouvia as histórias pois estava enfrentando a abstinência de morfina e os usava para distraí-la, pois ela queria morrer sem recorrer à droga. Nesse episódio vemos mais um exemplo, que se repete algumas vezes durante o livro, do comportamento de Atticus frente àqueles que têm uma opinião diferente. Ele se coloca no lugar de qualquer um, compreende ou busca compreender os motivos das pessoas; sobretudo, entende os comportamentos que são adquiridos pela osmose social e que para mudá-los não é necessário confronto direto, belicoso, e sim convencimento gradual, argumentação, postura e exemplo.

Sobre o caso Tom Robinson, Atticus explica à filha que ele "é algo que concerne ao âmago da consciência humana", que "não poderia ir à igreja e louvar a Deus se não tentasse ajudar esse homem". Sobre a opinião do resto da cidade, ele afirma que essas pessoas têm o direito a suas opiniões, mas que ele precisa conviver consigo mesmo antes de ser obrigado a viver com os outros: "a única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa".

Em um domingo em que estavam sozinhos em casa com Calpúrnia, sem o pai, a empregada os convida para ir à igreja dela naquele domingo - e assim eles fazem. Na igreja da comunidade negra de Maycomb, eles são bem recebidos pela maioria, com palavras gentis em relação a Atticus: "o pai de vocês é o melhor amigo dessa igreja", eles ouviram do reverendo. Na celebração, conhecemos a união da comunidade, que arrecada 10 dólares para destinar à mulher de Tom Robinson, que está passando por dificuldades enquanto seu marido está preso e ela precisa ficar em casa cuidando dos filhos. O reverendo só encerra o momento da oferenda quando a meta é atingida, constrangendo e chamando pelo nome aqueles que não haviam contribuído.

Dill, o amigo que viam apenas durante as férias de verão, aparece de surpresa, fugido de casa. Ele havia sido adotado por um casal que lhe dava tudo aquilo que ele precisava, em termos materiais, e o tratavam com dignidade, porém sem interesse. Essa falta de interesse e de vontade em conversar com ele o fizeram fugir. Em uma conversa dos três amigos envolvendo Boo Radley, ao ouvir o comentário dos irmãos sobre não entender porque ele não fugia da opressão de seus pais, Dill sugeriu: "vai ver que ele não tem para onde fugir...".

Um episódio tenso e significante aconteceu em uma noite em que Atticus saiu de casa para ir à cidade e as crianças, estranhando a saída e já imersas em toda a polêmica envolvendo o julgamento, decidem ir atrás dele. Descobrem que Atticus estava na prisão, sentado em uma cadeira na entrada, aparentemente sem fazer nada. Depois de um tempo, chega um carro com alguns homens intimidadores, que tinham o objetivo de dar algum tipo de lição em Tom Robinson, que estava preso lá. Atticus, portanto, estava servindo de guarda de seu cliente na prisão, temendo um ataque contra ele.

Atticus tinha reforço fora de vista, o que as crianças não sabiam, e quando os homens passaram a intimidar e ameaçar seu pai, Scout revelou sua presença, bem como a de Jem e Dill. Ela havia reconhecido um dos homens, o Sr. Cunningham, pai de um colega da escola. Assim que Atticus vê as crianças, manda-os para casa, mas Jem se recusa, ele bate o pé e diz que vai ficar; ele percebe o perigo pelo qual o pai está passando. No meio dessa discussão, Scout, sem saber bem o que fazer ou dizer, cumprimenta o Sr. Cunningham, diz que é colega do filho dele na escola, faz um elogio ao colega, manda um oi pra ele e passa a falar sobre o problema que é o morgadio. Os homens ficam boquiabertos, incluindo seu pai, e, depois de um silêncio, o Sr. Cunningham se agachou na frente dela, a segurou pelos ombros e falou: "Direi a ele que você mandou lembrança, mocinha" e foi embora com os outros homens.

Na manhã seguinte, Scout diz ao pai que pensou que o Sr. Cunningham era um amigo da família; Atticus responde que ele ainda é, mesmo que na noite anterior tenha ameaçado agredi-lo. Jem foi além: ele estava disposto a matar Atticus. O pai responde:

"Uma multidão, qualquer que seja ela, é sempre formada por pessoas. Na noite passada, o Sr. Cunningham fazia parte de um grupo, mas continuava sendo uma pessoa. (...) Foi preciso uma menina de oito anos para fazer eles recobrarem o bom senso (...) Isso prova que um bando de homens ensandecidos pode ser contido, simplesmente porque eles continuam sendo humanos."

Ou seja, Atticus reconhece e transmite aos filhos a característica humana de se comportar de forma selvagem, irracional e agressiva quando se está em grupo - ou bando -, embora na individualidade de cada um ainda esteja preservada a civilidade, racionalidade e pacificidade. Sempre há esperança; a abordagem correta, as palavras corretas ou a pessoa correta podem ser a porta de escape que ative a individualidade no ser humano e faça ele abandonar um comportamento bárbaro.

Chega o momento do julgamento. A cidade toda está presente no tribunal - ao menos a parte que coube lá dentro, incluindo Scout, Jem e Dill. A suposta vítima era uma jovem mulher branca, Mayella Ewell, pertencente a uma família marginalizada naquela sociedade devido à pobreza e outros fatores, tinha sete irmãos mais novos e era vizinha do lixão. O réu era Tom Robinson, um homem negro, casado e pai de três filhos, que trabalhava nas terras do Sr. Link Deas.

Toda a acusação do julgamento se baseava na palavra da suposta vítima e de seu pai, Bob Ewell, e dos hematomas de Mayella. Os argumentos de Atticus consistiam em alguns pontos: a) não foi chamado médico para acudir Mayella depois do suposto estupro e das agressões; b) os ferimentos eram do lado direito do rosto, sugerindo socos com a mão esquerda, porém a mão esquerda de Tom era inútil pois havia sido retalhada em uma máquina quando era mais jovem, enquanto Bob Ewell era canhoto e demonstrou isso ao escrever o nome em um papel dentro do tribunal; c) Bob Ewell era um homem violento, que bebia e não tratava os filhos decentemente, por isso poderia muito bem ter sido ele o agressor da filha; d) nenhuma das sete crianças que viviam na mesma casa viu ou ouviu o suposto estupro e os gritos que Ayella alegou ter soltado no momento; e e) Tom Robinson não tinha histórico de crimes violentos, tinha uma família, um emprego e era bem quisto pelo empregador. O argumento de Atticus era de que Mayella tentou seduzir um homem negro (versão relatada no depoimento do réu), ele tentou se esquivar e fugir, quando foram flagrados pelo Sr. Ewell; o pai jurou acabar com a filha, envergonhado. Ela resolve, então, se dizer violentada por Tom para se livrar da vergonha.

As crianças ficaram muito esperançosas, afinal não havia nenhuma prova contra o cliente de Atticus e as evidências circunstanciais levavam a outra explicação mais plausível para o acontecido. Estava claro para todos que Tom não era culpado das aquisições quando os jurados saíram para deliberar. Levaram algumas horas, mas quando voltaram, o veredicto era de condenação com pena máxima (capital), o que perturbou muito Scout, Jem e Dill. Como dito anteriormente no livro, a condenação já estava dada quando um branco acusou um negro; apenas a palavra era suficiente. Atticus, otimista que era, ressaltou o lado positivo: dessa vez, o júri levou horas para decidir o que antes levaria minutos; havia, portanto, ao menos um jurado que demorou a ser convencido e votar pela condenação.

A Srta. Maudie tentava confortar Jem e Scout quando disse a eles que "ficaria surpreso se soubesse quantos de nós pensam assim [contra o racismo]". Quando Jem questionou quem na cidade fez alguma coisa para ajudar Tom Robinson, ela respondeu que foram pessoas como os amigos negros dele, "pessoas como nós" (se incluindo), Heck Tate (o xerife, que testemunhou honestamente no julgamento), o juiz Taylor, que designou Atticus por saber dos valores dele e, é claro, o próprio Atticus. Ou seja, já havia uma parte significativa da sociedade mudando; mas, como os jurados ainda pendiam para o lado da maioria racista e representavam essa maioria no tribunal, o veredicto ignorou todas as evidências e considerou apenas o preconceito.

Bob Ewell, desmascarado por Atticus no tribunal como agressor da filha e pai de uma moça que tentou seduzir um negro, o encontrou na rua e cuspiu em seu rosto, jurando acabar com ele, mesmo que leve a vida toda para isso.

Atticus defende em conversa com Jem que uma condenação à morte, de acordo a legislação, não deve ser a pena imposta quando houver "dúvida razoável", mas ele defende que a pena deve ser descartada sempre que houver "a sombra de uma dúvida": "há sempre a possibilidade, por mais improvável que seja, de ele ser inocente". A conversa era sobre a justiça de um tribunal do júri, no qual pessoas comuns podem condenar, inclusive à morte, um inocente, desprezando as provas e o bom senso em detrimento de preconceitos e de influências de terceiros.

Tom tenta fugir da prisão, à plena luz do dia e na frente dos olhares dos guardas e é baleado 17 vezes enquanto escalava a grade. Atticus estava trabalhando no recurso e tinha confiança de que teria sucesso, disse ao cliente que ele tinha uma boa chance, mas "acho que Tom estava cansado da sorte dos brancos e preferiu tentar a própria sorte".

Scout recorda, não sem arrependimento, de quando atormentavam Boo Radley, pensando nos presentes que apareciam no buraco da árvore em frente à casa dele. Sim, era Boo Radley que deixava presentes para eles, antes do Sr. Radley cimentar o buraco da árvore para que o filho parasse e perdesse qualquer vínculo com pessoas do mundo exterior àquela casa.

Scout comenta com Jem sobre sua professora que odeia Hitler e abomina a maldade contra o povo judeu, mas não consegue entender porque ela, no tribunal, disse a uma amiga que era hora de "alguém dar uma lição neles [negros], que estavam indo longe demais, daqui a pouco iam querer casar com brancos".

Voltando a pé da escola para casa, à noite, depois de uma festa de Halloween, Jem e Scout são perseguidos e agredidos. Era um breu, não conseguiam ver nada, apenas a fantasia que Scout estava vestindo podia ser vista por ser reluzente. Jem foi atacado, teve o braço quebrado e ficou inconsciente. Scout estava sendo atacada, quando o agressor foi neutralizado por alguém, que mais tarde descobrimos que era Boo Radley. O vizinho recluso levou Jem em seus braços até a casa, com Scout correndo atrás. Foi lá que Scout descobriu que o rapaz que os salvou era Boo Radley, e pode conversar com ele pela primeira vez, sendo gentil e sutil com ele, que tinha profunda timidez e problemas de sociabilidade - afinal, era mantido a vida inteira dentro de casa.

O xerife compreendeu o que aconteceu: Boo Radley esfaqueou Bob Ewell para salvar a vida das crianças; e sugeriu a versão oficial dos fatos: Bob Ewell, em meio ao ataque, caiu em cima da própria faca de cozinha que utilizava como arma e morreu. Atticus não aceitava, pois acreditava que tivesse sido Jem quem matou o agressor, pois era o que Scout relatou, sem certeza alguma. Apenas depois que percebeu que o xerife tinha um canivete em mãos é que compreendeu tudo: é claro, o canivete é que era a arma que Bob Ewell portava, e não uma faca de cozinha. A faca de cozinha era de Boo Radley, que a usou - era o que tinha ao alcance no momento de necessidade - para matar Ewell e salvar Jem e Scout.

Ambos concordaram que não abafar o heroísmo de Boo seria como matar um rouxinol - aquele jovem não suportaria toda a bajulação, os agradecimentos e presentes que a sociedade de Maycomb iria lhe prestar, bem como a reação do pai, que certamente desaprovaria e puniria o filho. Boo Radley não merecia nem desejava toda a perturbação que viria com a publicidade do ato heróico.

Atticus, o otimista, encerra o livro com mais uma reflexão para Scout e todos nós: "a maioria das pessoas é [muito boa], Scout, quando enfim as conhecemos".

O sol é para todos é um livro sensacional, simples e ao mesmo tempo profundo. Ensina lições com os exemplos e palavras de Atticus, um homem justo, forte, convicto, consciente, que não negocia seus valores. Ensina pela perspectiva de Scout, que questiona tudo, pelo comportamento de Jem, uma criança que quer se tornar um adulto à imagem de seu pai.

Uma obra fascinante.
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mahhnsc 31/10/2024

Então.
Amo livros narrados por crianças, a inocência em conflito com a crueldade do mundo é algo encantador de ler. E com essa protagonista então, uma fofa adorei ela. Eu gostei muito do livro mas não foi algo que eu ameiiii, senti que faltou algo sabe, parece que a história não teve um fim certo, e isso me incomodou. Mas um enredo maravilhoso com uma escrita impecável.
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Daniel432 30/10/2024

Inocência e Preconceito
Ambientado em uma pequena cidade no Alabama, estado sulista dos EUA e de tradição escravocrata, nos anos de 1930 após a quebra da bolsa em 1929, o romance premiado apresenta-nos a vida pacata da família de Atticus, advogado, branco, viúvo, que com sua empregada negra, Calpúrnia, cria de forma livre, pelo menos para os padrões da época, Jem e Scout.

Aos poucos vamos conhecendo os demais moradores do bairro e da cidade. A autora nos dá a conhecer a enigmática família Radley através das aventuras infantis de Jem, Scout e Dill, que se junta à turma nas férias escolares. Em torno dos personagens principais surgem as professoras de Scout, as senhoritas Raquel, Stephanie e Maudie, a senhora Dubose, os Cunningham, os Ewell e os Robinson.

Em todos esses personagens é possível identificar algumas características marcantes, como a inocência, a retidão, a fofoca, o elitismo, a amizade, a pobreza orgulhosa, a pobreza acomodada e os pretos.

Sim, pretos mesmo, não negros. A intenção da autora, imagino eu, ao usar o termo preto é demonstrar como a sociedade branca e sulista os enxergava com olhos totalmente preconceituosos e assim os qualificava.

Ao longo do livro, a inocência das crianças, principalmente de Scout, é colocada à prova pelos conflitos sociais que enfrenta em seu dia-a-dia, culminando com a injustiça deliberada praticada pela Justiça branca.

O final do livro é surpreendente ao mostrar que os conflitos sociais são resolvidos de forma distinta quando as partes envolvidas são brancas e também pelo fato de Scout, somente Scout, ter conseguido realizar o grande desejo que compartilhava com Jem e Dill desde o início da história, que era…

Leia o livro e descubra!!
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lalale 30/10/2024

Muito bom! O final foi muito cativante. Tenho minhas ressalvas, principalmente em como é abordado o racismo. Acho que o que mais gostei foi ver a relação dos irmãos, entre si e com os vizinhos, mas principalmente com o pai.
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Nêssa 30/10/2024

Scout??
Amei o livro, uma narrativa na visão de crianças sobre assuntos sérios da realidade. Encontramos assuntos como o racismo, machismo, desigualdade social e regimes governamentais.
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estela.lavinia 30/10/2024

Lindo, bem escrito, fluido.
Eu sempre ouvi falarem muito bem desse livro, mas nunca me aprofundei. Até que um dia entrei numa loja e o vi, simplesmente tive que comprar. E que compra bem feita.

Eu comecei a lê-lo sem saber sobre o que ele falava, e fui envolvida instantaneamente. Mesmo na loucura de um final de semestre na faculdade, pra mim, nunca foi difícil fazer essa leitura. Mesmo no início, quando nada realmente acontece, foi extremamente fácil. Mas principalmente no meio, quando as coisas realmente aconteceram, é extremamente difícil parar de ler.
Em muitos momentos eu simplesmente esquecia que a Scout tinha oito anos.
Adorei o Atticus, sua sabedoria e tranquilidade ao encarar as coisas da vida, e a forma com que ele passava e ensinava aos seus filhos.
Muitos temas importantes são tratados e discutidos. Virou um dos meus livros favoritos. Acho que deveria ser leitura obrigatória.
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Gabzzz 29/10/2024

Livro muito bem escrito.
Uma leitura muito fluida e de fácil interpretação. Com uma narrativa marcante e um desenvolvimento coeso.
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Bruna 28/10/2024

A coragem de fazer o que deve ser feito
"Atticus tinha razão. Uma vez ele disse que a gente só conhece uma pessoa de verdade quando se coloca no lugar dela e fica lá um tempo. Ficar parada na varanda dos Radley foi o suficiente."

Mais um livro que tocou o coração. Sempre que isso acontece eu agradeço a Deus pelo livro certo aparecer no momento certo, com as palavras certas. Recomendo essa leitura.
Aqui, vemos a infância de Scout, a narradora, e Jem, seu irmão. Eles vão crescendo e aprendendo a lidar com novas alegrias, tristezas e injustiças que acontecem.
Esse é um livro simples, mas que consegue trazer lindas lições de vida sobre o cotidiano, o racismo, o preconceito e a coragem de fazer o que deve ser feito.
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Mohara0 28/10/2024

Ótimo!!!
Esse livro é ótimo! Gosto bastante de livros narrados por crianças e a protagonista desse é uma graça. A história tem um conceito denso mas ela aborda de forma simples e c a pureza de uma criança!
Vale MT a pena ler
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