gabe 02/10/2024
É um clássico da literatura mundial que aborda questões profundas de racismo, injustiça e moralidade pela perspectiva da infância. Um aspecto que me chama especialmente a atenção nos livros é o título. O título original da obra, "To Kill a Mockingbird", que traduzido seria "Matar um rouxinol" remete a um dos temas centrais da narrativa: a proteção da inocência e a injustiça enfrentada por aqueles que são inocentes, como as crianças e pessoas que não fazem mal a ninguém. O rouxinol simboliza pureza e bondade, representando figuras da trama que são injustamente prejudicadas pela sociedade. Essa metáfora enriquece ainda mais a mensagem da obra, ressaltando a importância de proteger o que é inocente e belo em um mundo muitas vezes cruel.
O livro começa como quem não quer nada, uma vibe meio a casa monstro. Acompanhamos Scout inicialmente com sete anos, e narrado sob seu ponto de vista inocente, somos apresentados às mais variadas aventuras, seja na escola e seus problemas por lá ou por tentar fazer seu vizinho misterioso Boo Radley sair de casa. Scout é irmã de Jem, seu companheiro de aventuras ao lado de seu amigo de verão Dill, e filha de Atticus, um advogado que terá uma missão muito difícil no decorrer do livro: defender um homem negro acusado de estupro contra uma mulher branca, em pleno anos 1930 no condado de Maycomb.
Atticus tem uma construção incrivelmente sólida. Possui uma visão muito diferente do resto da cidade e é capaz de tratar todo mundo igualmente, o que aparentemente é um atrevimento. É confrontado com o maior caso de sua carreira e a questão que ficará não é apenas sobre defender um negro em um período racista, mas sim o que passará aos seus filhos em meio a essa turbulência e o que sentirão quando os olhares de revolta forem direcionados a eles também.
A protagonista guia a narrativa de modo brilhante, com seu olhar puro, mas inteligente. O livro só melhora a cada capítulo, a cena do julgamento é uma das melhores coisas que eu já li. Você vê o crescimento daquelas crianças na sua frente. Você vê a injustiça e o preconceito em sua forma mais pura. O livro te revolta, mas também te ensina.
O julgamento decorreu em um procedimento bem simples, mas certeiro em todos os pontos. A maior surpresa dele é o resultado, mas que só percebemos muitas páginas depois. E o final é cheio de tensão é muito impactante, sendo tão dinâmico quanto o que a obra apresentou até então. Fecha o arco dos personagens muito bem e tudo faz sentido, até mesmo as primeiras páginas que pareciam não ter a ver com o conflito principal.