Resenhas - Na Própria Carne

@lucashensou 03/07/2020

Gillian Flynn sabe o que faz
Cheguei até o livro um tempo depois de assistir a série adaptada. Lembro-me de ter sido uma das minhas séries favoritas que vi em 2019 (mesmo que tenha sido de 2018).

Tenho esse apresso singelo de recorrer ao livro depois de uma adaptação. E com Objetos Cortantes pude me surpreender com a escrita de Gillian Flynn.

A autora já é bem conhecida por ter suas obras adaptadas depois do sucesso de Garota Exemplar - que por incrível que pareça não me causou grande impacto.

Há pouco menos de um mês me inseri novamente em um cotidiano literário. E o livro acabou parando em minha TBR pela interessante história que vivi na série. Precisava passar pela experiência do livro.

Objetos Cortantes trata de assuntos singulares e temas delicados considerados tabus pela sociedade. Mas contado de forma bem detalhada a ponto de em todo momento olharmos a si mesmo ao ler sobre Camille e Adora.

Apesar de não ter sido meu primeiro contato com a história. Ainda sim me surpreendi e vibrei com os detalhes do livro. Flynn é realmente boa. Nos leva para uma trágica e infame história que vejo facilmente fazer parte de uma série como Dark, por exemplo.

A vibe cidade pequena, dramas infames familiares de uma sociedade tóxica faz jus nessa obra.

bluesargent 28/07/2020

Herança de família
Minha experiência com esse livro foi uma decepção total. Eu tinha expectativas altíssimas, por conta da autora e da série aclamadíssima (que ainda não assisti, mas acredito que seja melhor).

A premissa era ótima, mas ao meu ver, foi muito mal desenvolvida. A narrativa é extremamente cansativa, e a autora gastou mais de metade do livro com questões irrelevantes que não agregaram em NADA no desfecho da trama.

Os pensamentos da Camille, personagem principal, eram extremamente confusos, mas relevei esse fato, por se tratar de um "thriller" e pelo próprio decorrer da narrativa, conforme íamos conhecendo mais a vida da personagem.

Algumas pontas soltas também foram deixadas de lado, coisas que nunca foram muito bem exploradas no livro, como por exemplo, a falta de memória da Camille, principalmente sobre sua infância. Um mecanismo de defesa de sua mente para "processar" seus traumas, talvez?

O desfecho é bom, minha nota final aumentou justamente por conta disso mas não deixa de ser corrido, além de previsível. O que eu mais ansiava eram respostas de COMO os crimes foram cometidos. Por fim, acabei ganhando respostas rasas mais previsíveis ainda.

Gabriela Gonçalves 05/08/2020

Bom, mas esperava mais
Esse livro foi "vendido" para mim como se fosse um thriller de investigação. Na verdade, o crime é apenas o background. O foco do livro é nas relações familiares e todas as suas problemáticas. A leitura em si não foi ruim. O livro é bem escrito, mas senti que algumas partes apresentavam um corte muito brusco do que era narrado, tipo, sem apresentar um espaço maior entre parágrafos com informações diferentes. Li na versão digital, não sei se isso influenciou ou se o livro é assim mesmo.

Os personagens são extremamente complexos e loucos da cabeça. Não tem uma pessoa normal nesse livro! Não acho que a autora trabalhou bem o tema da mutilação. Para mim, foi como se fosse uma informação extra que não afetaria a história se não tivesse sido colocado. A Camille utiliza a mutilação como uma forma de tentar superar seus traumas (a falta de amor da mãe e a irmã morta), mas a maneira como isso é colocado no livro não me agradou tanto.

A construção do personagem da Adora é feita de uma maneira que não é possível você gostar dela. Já Amma é construída para você ter momentos de compaixão e de raiva. Jogada esperta da autora tendo em vista a revelação final. Você se sente mais impactada por aquele personagem que você amou e odiou durante a leitura ao invés daquele que você passou o livro inteiro odiando. Falando sobre o final, achei bem corrido. Apesar de não ter em si um final aberto, o livro deixa muitas perguntas sem respostas. Alan sabia das coisas que Adora fazia? E a cidade, como recebeu a notícia? Quais foram as reações? Qual o fim de Richard? E as amigas de Amma? Como se deu essa relação entre elas a ponto de assassinarem juntas? Gostaria que a autora tivesse entrado nesses detalhes.

Amma é uma pequena psicopata que ficou ainda mais transtornada depois dos anos vivendo com Adora. Queria ter, pelo menos, um vislumbre de sua mente insana. O que passa na cabeça dela e da Adora para fazer coisas tão atrozes? De certa forma o final é previsível visto que o foco é entre os personagens da Camille, Adora e Amma. Puxar um assassino de outro canto não funcionaria.

Em uma parte da história Camille decide visitar uma ex amiga da mãe para tentar descobrir algo. Chega na amiga e apenas pergunta se a mãe é boa ou má. A amiga responde de forma evasiva e a cena acaba. Achei totalmente desnecessária essa parte, pois não acrescenta nada a história e nem provoca uma ação efetiva da Camille.

Camille é uma personagem que quase não entrega nada, sua personalidade é um mistério como se tivesse uma névoa cobrindo ela. Por causa disso, demorei e até agora estou tentando me afeiçoar a ela.

O livro é relativamente curto, mas algumas partes são muito arrastadas. Não é um livro ruim, mas o final poderia ser melhor trabalhado e ter oferecido maiores explicações. Fiquei decepcionada com isso e esperava mais. Acredito que o livro não funcionou muito bem comigo. Tenho sentimentos mistos em relação a história que ainda estou tentando entender.

beatriz 09/01/2023

objetos cortantes
bom, queria ter gostado desse livro porque achei MESMO que a história ia me conquistar. mas, o efeito foi contrário. a personagem principal não me cativou o suficiente. claro, entendi toda dor e os traumas dela mas não sei, não teve nada além. senti que a parte do mistério e a reportagem dele ficou totalmente em segundo plano durante TODO o livro e no final as coisas do nada aconteceram. senti que a história toda foi mais um grande devaneio da pp do que a investigação em si, e a parte do mistério e dos assassinatos foi o que mais tinha me instigado a ler. fui com uma expectativa e recebi outra coisa. tudo bem, as vezes acontece. mesmo assim a escrita da gillian não deixa de ser viciante.

Cocotinha 11/12/2022

Obrigado por existir Gillian Flynn
A raiva feminina é realmente uma delicia, os personagens da Gillian Flynn são psicopatas deliciosamente escritas, sua letra é como uma sobremesa não muito doce, assim você consome mais.
Esse livro é muito bom, mas não é ótimo, no final tudo é tão divertido de ler, uma vontade de devorar tudo muito rápido, mas esse falha no início, já que ela faz com que a Camille seja meio burra no começo da história, mas também não desconsidero o fato de que ela está doente, muito doente, sempre precisando de aprovação e aceitando tudo, mesmo que ela encontre certa força nisso.
A resolução é uma delicia, eu já tinha imaginado a resolução, mas não desse jeito, mas sabia quem era o culpado, o livro não deixa isso muito escondido.
Família perturbada e todo mundo muito perturbado.

cintia 20/08/2023

"É impossível competir com os mortos."
Mesmo que o livro seja comercializado como um suspense criminal, acho que ler essa história buscando um grande mistério que deve ser resolvido não é uma boa escolha e pode decepcionar alguns, até porque ele pode ser um pouquinho previsível. Por isso, eu diria que o livro é uma narrativa profunda e crua sobre traumas geracionais e a natureza da violência.

e não tem modo melhor de explorar esses temas do que fazendo exatamente o que gillian flynn fez: usar uma pequena cidade conservadora do interior como um mini-cosmos que representa os piores aspectos da sociedade: narcisismo, elitismo, machismo, negligência e abusos. tudo isso é muito bem explorado por meio dos pensamentos de camille, uma personagem feminina muito complexa, com emocional abalado e uma família muito disfuncional.

foi uma leitura que me fez pensar na complexidade dos relacionamentos entre mães e filhas, que normalmente são idealizados como puros e sem defeitos, mas são muito conturbados por fatores externos. me fez pensar sobre como o sexismo não é apenas um problema superficial presente na sociedade, mas como ele afeta tanto o estilo de vida quanto o emocional das pessoas, tanto homens como mulheres. me fez pensar sobre como a violência está presente no dia a dia até nos menores atos das pessoas, mas é ignorada até que algo catastrófico aconteça.

é um livro muito explícito, em que todos os personagens são moralmente corruptos e cabe ao leitor refletir o porquê disse e em quem cai a culpa. também é um livro nojento e pesado, principalmente quando aborda temas de problemas mentais, então é preciso tomar cuidado com os gatilhos.

tem alguns defeitos e perguntas que não foram respondidas claramente, além de uma prolongação desnecessária em algumas partes da narrativa, mas foi uma leitura muito envolvente, ainda mais por ser o primeiro livro da gillian, e que me marcou muito.

Ana Flávia 08/08/2023

WTF?????
O livro é muito bom

mas eu odiei pq me traumatizou de UM JEITO ABSURDO (ódio é uma palavra mto forte né digamos que eu só fiquei meio abublé)

Li essa história chamando Freud o TEMPO TODO pra vir dar uma analisada rapidinho

sério WTF alguém me explica eu to zureta das ideia

Livrendo 26/07/2023

LEIAM POR FAVOR!!!
Somos sugados para o mundo da jornalista Camille Preaker que, recém saída de um hospítal psiquiátrico, precisa voltar a sua odiada cidade natal para investigar o assassinato de uma meninas o desaparecimento de outra. E durante sua investigação, precisa retomar contato com sua misteriosa mãe, seu padrasto e uma meia-irmã que ela desconhece.

Diferente de 'Garota Exemplar' em que o suspense e mistério nos permeiam durante toda a leitura, 'Objetos Cortantes' nos leva para um mundo muito mais cruel e violento. A autora nos coloca em contato com detalhes macabros (em determinados momentos) e nos deixa com aquela dúvida de até que ponto a crueldade humana pode chegar.

Camille Preaker é uma jovem que tinha de tudo mas ao mesmo tempo não tinha nada. Lida com a perda prematura de uma irmã durante a infância, e vê sua vida virar de cabeça pra baixo e surta. Tudo extremamente bem disfarçado. Vamos acompanhando que a volta dela para a casa da mãe e a investigação dos crimes, podem leva-la a enfrentar seus piores medos.

Gillian utilizou de todos os conhecimentos, durante seu tempo como jornalista, para nos apresentar uma história com mais baixos que altos e aterrorizante mas ao mesmo tempo viciante. Todos os personagens te abraçam e te assustam, e você encontra motivos para desconfiar de todos!! Não acredite em ninguém e não pense que já vai saber o resultados dos mistérios logo no início porque garanto que não vai! Quando o livro acaba, e os crimes são solucionados, você fica com aquela sensação de que a verdade estava o tempo todo a nossa frente mas, ao mesmo tempo, cruel demais para acreditarmos.

''Objetos Cortantes'' é um daqueles livros que a gente guarda no fundo de uma caixa, tamanho o terror que o envolve mas em contrapartida, temos coragem de recomendar para que todos leiam!

site: https://www.instagram.com/livrendo.tudo/

Priscila.Franca 19/02/2023

Caroline
Ao meu ver, o mundo invertido do filme Caroline descreve perfeitamente o ambiente que a trama se passa. Um local onde todos de acham perfeitos, principalmente a familia da Camille, mas no final são todos seres humanos terrivelmente podres. Primeiro livro que li da Gillian e não tenho o que reclamar, foi uma leitura fácil e sem dificuldades. É "fácil" você descobrir o suspeito ao descorrer da leitura, mas mesmo assim você nunca tem 100% de certeza. Apesar de ficção, sofri pela maneira brutal que todas aquelas meninas foram mortas e por suas familias devastadas.

leiturandressa 15/08/2020

Decepcionante...
A leitura foi bem arrastada, apesar do livro não ser tão grande. Ficava na expectativa de que algo ia acontecer e... nada. Daí chegou o final e piorou tudo, sério, por que colocar um plot TÃO óbvio faltando umas 2 ou 3 páginas pra acabar? O que gostei e me fez dar 2 estrelas foi a construção da personagem da principal (embora não tenha simpatizado com ela, gostei da construção) e da mãe dela. Inclusive, acho que essa autora constrói até demais os personagens, faz uns 2 parágrafos falando de gente e parente dessa gente que sequer aparecem ou têm qualquer importância.

duny 14/09/2021

Podia ter sido mas não foi
"Objetos Cortantes" é dark e feio e faz mal. É pesadíssimo. Uma história nada agradável e cheia de gatilhos. É sobre mulheres que não são vítimas, mas assassinas, atacantes, controladoras do próprio destino. Lutadoras perigosas, até aquelas que estão mortas. É uma história incrível... mas muito mal contada.

Este livro foi o debut da autora e... dá pra ver. Infelizmente, foi o último livro que eu li de Gillian Flynn, então já estava mal acostumada. Esse livro não é lá muito bem escrito, pra ser honesta, é confuso, muito carregado de informação inútil e cheio de cortes inesperados. Nas horas das "revelações" o livro se torna bem conveniente, o que me irritou um pouco.

É triste dizer que a série é melhor, mas é mesmo, assista a série, vale muito mais a pena. Até porque é um livro muito visual, é sobre palavras vistas na pele.

Evy 05/09/2020

Eu sou fã da narrativa dessa autora. Ela consegue me prender demais na leitura e acho que o ponto chave pra que isso ocorra é que ela sempre aborda assuntos da vida como ela é e traz personagens super reais e profundos, com suas fraquezas, medos, tendências e inseguranças.

Confesso que no começo, a narrativa de Objetos Cortantes estava me incomodando um pouco. O olhar da personagem para tudo a sua volta era muito depreciativo e as vezes até nojento, mas ao longo da leitura fui entendendo o porquê desse olhar. A história gira em torno de uma jornalista de Chicago que é enviada a sua cidade natal, Wind Gap no Missouri, para cobrir uma reportagem de assassinato e desaparecimento de duas garotas. Como a investigação vai durar algumas semanas, ela fica hospedada na casa de sua família, com quem não tem contato há muito tempo por não terem um bom relacionamento.

Camille, nossa protagonista, é obrigada novamente a encarar seus problemas do passado e toda a perturbação que isso gera e que ela vem tentando controlar em anos de afastamento. Ao longo da narrativa você percebe que ela não estava preparada pra lidar com toda essa situação e a proximidade com a família desestruturada vai desestabilizando-a e você acompanha sua luta em manter-se sã e descobrir o que realmente aconteceu com as garotas da cidade para sua reportagem.

A história é tensa e pesada desde o início até o fim e apesar do que li em algumas resenhas, pra mim não foi tão fácil descobrir quem matou as garotas e foi até um certo choque, mas isso nem de longe é o mais relevante da história. A abordagem de transtornos psicológicos, de relacionamentos parentais abusivos, de traumas de infância que podem mudar totalmente a vida de uma pessoa, foi o que realmente trouxe a importância dessa experiência literária pra mim.

Super recomendo a leitura!

Alexia Araldi 08/10/2020

Razoável... não gostei, mas também não odiei
Meu primeiro romance da autora e que acabei lendo em dois dias, mas, infelizmente, pelos motivos errados. Por mais que seja uma obra curta, li o mais rápido que pude, pois queria acabar logo e começar uma nova história. Não foi um livro que me prendeu, me deu arrepios, me deixou sem dormir tentando desvendar os mistérios ou me instigou de alguma maneira, e, talvez por ter algum conhecimento sobre certos detalhes que compõem o enredo, achei achando este presumível e previsível. Também não me conectei com a trama central (às vezes porque não tenho uma relação disfuncional com a minha mãe), tornando a história “dispensável” na minha estante. Não é um livro ruim, mas também não achei incrível ou solidamente bom. Espero ter mais sorte com Garota Exemplar e Lugares Escuros.

site: @thebhsisters

Sheip7 27/08/2023

Tu jura, amada?!
Vou explicar o motivo de eu ter dado só 2 estrelas...

Ok, a leitura me prendeu devido a escrita da Gillian e só.
Vamos lá...

Achei que faltou mais detalhes sobre os crimes, um bom desenvolvimento mesmo.

A autora jogou a síndrome de munchausen por procuração aqui e fim. Se você quiser saber que dê um Google por conta própria. kkkkkkkkk

Eu acredito que é papel da autora desenvolver o assunto que ela mesmo resolveu abordar, não?!
Assim como os problemas da Camille e da Amma.

Meter um: "olá, eu me corto toda e tenho problemas com álcool, sexo e drogas desde criança."

"Tudo bem? É que eu gosto de muita atenção e de machucar pessoas. haha"

É meio (totalmente) irresponsável, acredito eu.

Explicar como o problema da mãe (e da avó) ferrou com a vida das filhas, e das vítimas dos assassinatos, seria parte de todo esse desenvolvimento.

Poderia ter economizado as páginas sobre sexo para desenvolver tudo de forma legal.

Fiquei com dó da Camille sim, mas em certos momentos senti foi ranço e nojo de pensamentos e ações dela.

Ela é uma vítima, isso é indiscutível, mas certas coisas foram... nojentas, no mínimo.

Por exemplo: "E algumas vezes mulheres bêbadas não são estupradas; elas simplesmente fazem escolhas idiotas."

Essa fala sendo dita após a Camille falar que "transou" com 4 caras quando tinha 13 anos e estava bêbada.

"Mulher" kkkkkk com 13 anos kkkkkkkkkkkk
cada k uma tremida no meu olho

Outro exemplo:

A Camille ter transado com um garoto com, recém completos, 18 anos, podre de bêbado, de luto pela irmã e aterrorizado com a possibilidade de ser preso pela morte dela.

Tu jura, amada?!

Nem todos os problemas psicológicos do mundo vai me fazer engolir isso de forma suave.

Achei podre de nojento e sem serventia nenhuma na história.
Queria que alguém entendesse e acolhesse a Camille de forma mais íntima?

Ok, quem melhor que o homem ADULTO, que ela já estava envolvida, e polícial, Richard que é acostumado a lidar com coisas horríveis?

Mas colocar um pirralho traumatizado? Não tem lógica, não tem explicação, não tem nada!

Todas as entrevistas com famíliares e amigos das vítimas serviram pra nada, sabe.
Hora as vítimas eram crianças ruins, hora eram inteligentes, brilhantes e perseguidas. Achei que não ficou nada claro sobre elas e os assassinatos.
Tudo contado na carreira e de forma desleixada.

Enfim, achei que tem mais enrolação do que desenvolvimento, mas dá pra se distrair... e se revoltar bastante.

Ley 09/08/2020

Extremamente chocante
Gillian Flynn é uma autora bastante conhecida pela obra Garota Exemplar, que também ganhou uma adaptação. Assim como a obra, Objetos Cortantes possui uma tensão enorme dentro da trama. A autora me deixou desconfortável em alguns momentos, assim como me surpreendeu com sua escrita crua. Fui pega de surpresa por adentrar em uma trama densa, porém curta. As poucas páginas não impediram a obra de transmitir as sensações descritas no livro.

Objetos Cortantes é uma leitura contendo violência, gatilhos e conteúdo sexual explícito. Portanto, não recomendo para menores de 18 anos. Se preferir realizar a leitura, esteja com a mente tranquila, pois há algumas situações em que o leitor pode ficar desconfortável pela linguagem e acontecimentos.

O livro é protagonizado por Camille, que é uma jornalista. Ela trabalha em um jornal pequeno, e, para cobrir uma reportagem que pode alavancar sua carreira, seu chefe a designa para apurar alguns assassinatos em busca de informações. O lugar onde aconteceram os crimes, foi na cidade natal de Camille, que não a visita há oito anos. Esse tempo fora de sua terra natal lhe deu um choque de reconhecimento ao chegar lá, e, assim como para o leitor, é uma descoberta visitar o lugar.

Para Camille, também há a sensação de familiaridade onde cresceu, portanto, ela reconhece seus anos na cidade natal durante a visita. Este reconhecimento pode ser interpretado como algo bom, mas há um motivo para Camille ter saído da cidade onde cresceu e não voltar por oito anos.

Um dos motivos é sua mãe, que, por Camille já não gostar tanto dela, o leitor também cria antipatia pela personagem. Além disso, Camille tem segredos que não pode ser classificado como algo bom. Ao partir para arrumar material para a matéria, Camille descobre que os assassinatos podem ser algo mais sombrio e perverso do que aparentam.

A cidade Wind Gap é um lugar pequeno, onde tudo e todos se conhecem, e todas as informações podem ser passadas distorcidamente. Posso dizer que Wind Gap é o lugar mais tóxico que vamos conhecer. É fácil prever que Camille ficará totalmente envolvida no caso e isso pode resultar em consequências difíceis para ela.

Um dos pontos que mais me intrigou desde o início, foi a relação da protagonista com sua mãe. É algo desgastante, mas pouco entendemos o motivo. Passamos o livro todo em busca de um culpado, como é natural em um livro de suspense. Entretanto, temos que entender que todos na cidade de Wind Gap são pessoas corrompidas. Parece algo grandioso incluir "todos" na minha frase, mas é exatamente isso.

É difícil digerir o comportamento apresentado pelas pessoas ali diante tantas informações que recebemos. O livro aborda temas importantíssimos colocados dentro do contexto da história. Dentre eles está o feminismo, que é muito bem representado em cenas que podemos ver nitidamente na nossa sociedade.

Gostei imensamente das críticas contra o machismo. Gillian Flynn também soube incluir o empoderamento feminino na protagonista ao criar uma personagem independente. A leitura é extremamente impactante, e contém cenas que podem incomodar o leitor. A resolução de tudo foi surpreendente por revelar algo que não cogitamos imediatamente.

Objetos Cortantes aborda uma questão que vi apenas em poucos livros, a precocidade infantil. A maneira do assunto ter sido abordado tem um conteúdo sexual enorme, portanto, reforço que não recomendo a leitura para menores.

A leitura cumpriu seu objetivo ao me deixar tensa, e me fez refletir diante de todos os assuntos importantes que mencionei. Meu primeiro contato com a escrita da autora com este livro, foi uma experiência boa, apesar do desconforto durante a leitura. O livro também foi adaptado em uma minissérie original da HBO, que já estou pensando seriamente em assistir.

site: https://www.imersaoliteraria.com.br/2020/06/resenha-objetos-cortantes.html