Antônia Caroline 26/06/2020
Dá pra passar o tempo
Já perceberam como as personagens da atualidade literária são fracas e perturbadas? Numa década de empoderamento feminino, essa premissa me cansa um pouco, confesso.
O livro nos apresenta Camille, uma jovem jornalista recém saída de um hospital psiquiátrico e enviada a sua cidade natal para investigar sumiço e morte de duas meninas locais. Depois de muito postergar e reclamar, Camille chega na casa da mãe, uma mulher rica e cheia de manias, que não se relaciona bem com a filha.
Ao longo da história descobrimos que Camille tinha uma irmã mais nova doente, que morreu bem jovem, o que deixou tanto ela quanto a mãe "transtornadas". A mãe casou de novo e teve outra filha, que Camille só conhecia por fotos. Logo se percebe que a menina, mimada demais pela mãe, também é transtornada. Nesse meio tempo, depois de sempre beber muito, reclamar muito, chorar muito, fazer muito drama, Camille investiga as mortes.
A reviravolta do final "salva" o livro, porque o assassino real não é nem de longe quem a gente imagina.
Quanto a escrita, é precária, francamente. Descrições excessivas de coisas, lugares, questões irrelevantes. Tenho a sensação que fica acrescentando um monte de detalhes para tornar a história mais interessante, mas o efeito é totalmente oposto. Dá pra se entreter com a histórinha, mas não espere nada de genial.